Em um país com quase 25% da população com algum tipo de deficiência, investir em acessibilidade na web é uma prioridade e um diferencial competitivo.

Em 2021, a população do Brasil alcançava cerca de 213 milhões de habitantes, dos quais cerca de 48 milhões tinham algum tipo de deficiência. Esse número expressivo (quase 1/4 da população) evidencia a importância da acessibilidade, inclusive no universo digital. Infelizmente, neste campo estamos ainda muito atrasados: de acordo com uma pesquisa da TV CNN Brasil, apenas 1% dos sites brasileiros têm algum tipo de acessibilidade web.
A acessibilidade é prevista em lei, mas antes de tudo, é uma questão ética: garantir a todos, sem distinção, o direito e as condições de navegar e desfrutar do conteúdo de sites. O ideal, portanto, é conectar essas duas dimensões – a ética e a legal – o que, inclusive, ajudará a incrementar o tráfego no seu site e a aumentar o faturamento da sua empresa.
Acessibilidade significa tornar coisas ou lugares acessíveis para qualquer pessoa e envolve diversas áreas diversas, como arquitetura, urbanismo, design e também os sites da internet.
Já a Acessibilidade web é o desenvolvimento de conteúdo digital que possa ser acessado por qualquer pessoa, inclusive deficientes.
Tipos de deficiência que dificultam o acesso às páginas da web:
Visual: perda total ou parcial da capacidade de enxergar;
Neurológica: algumas doenças como Alzheimer ou AVC;
Fala: dificuldade ou impedimento em comunicar-se por meio da voz;
Auditiva: perda total ou parcial da capacidade de ouvir sons;
Cognitiva: transtornos ou déficits de atenção;
Física: perda total ou parcial de algum membro do corpo.
Conheça algumas das ferramentas criadas para aumentar a inclusão:
Hand Talk – plugin que traduz todo o conteúdo de um site para libras;
Essential Accessibility – ferramenta para auxiliar a navegação de usuários com dificuldade em utilizar o mouse e o teclado. Tem conteúdos em áudio e vídeo com legendas, transcrições e audiodescrições;
BrowseAloud – Adiciona fala, leitura e tradução para websites. Oferece um plugin para WordPress que permite uma série de configurações, incluindo a velocidade com a qual os textos são lidos.
DYNO Mapper – varre websites e apresenta um diagnóstico completo de acessibilidade na web, incluindo elementos de design e usabilidade para pessoas com os mais diversos tipos de deficiência.
Regulamentação da acessibilidade na web
O World Wide Web Consortium (WC3) é um consórcio internacional de 450 integrantes (empresas, órgãos governamentais e organizações independentes) cujo objetivo é estabelecer padrões para a criação e a interpretação de conteúdos para a web.
Esse órgão cria e mantém algumas diretrizes para a web, como o Web Content Accessibility Guidelines (WCAG).
Classificação da acessibilidade pelo WCAG (os níveis definem o quanto um site web é acessível, o quanto ele é perceptível, operável, compreensível e robusto):
A: Nível básico
AA: Nível intermediário
AAA: Nível avançado
Para medir o nível de acessibilidade de um site, use o WCAG Report tool: https://validator.w3.org/.
Dicas para que você torne o seu site mais acessível:
- Sempre utilize “alt” em imagens; isso facilitará a leitura pelos leitores de telas;
- Sempre utilize “descriptions” nos seus “form buttons”;
- Sempre coloque “labels” nos seus inputs;
- Preencha sempre os “captions” e “titles”;
- Utilize e respeite a semântica correta na programação do seu site;
- Sempre coloque um conteúdo alternativo nos seus conteúdos de mídia;
- Preocupe-se com o contraste das cores no seu site;
- Considere sempre o tamanho e a visibilidade dos textos no seu site;
- Nunca utilize sons de fundo no seu site.
Dicas operacionais para auxiliar o usuário na navegação do seu site:
- Para quem não tem um mouse, a hierarquia dos itens vai ajudar muito a navegação pelo teclado;
- Para melhor orientação do usuário, deixe bem claro o foco e a ordem dos componentes da navegação;
- Para que o usuário consiga saber de onde ele veio, mantenha um histórico bem claro e visual (breadcrumbs, ou caminho de pão).
Dicas para evidenciar mensagens e deixar os textos mais claros:
- Mantenha sempre uma linguagem clara e de fácil leitura nos seus textos;
- Evite usar abreviações, pois o usuários podem não saber seus significados;
- Mantenha uma consistência na navegação pelo seu site;
- Deixe sempre visíveis mensagens de erro e sugestões.
Dicas de robustez para o seu site:
- Fique atento à nomenclatura e aos textos dos componentes das páginas;
- Assegure a compatibilidade com navegadores, dispositivos e tamanho de telas.
Leitores de telas
Programas ou aplicativos que convertem textos em sons. Atualmente, a maioria dos sistemas operacionais utilizados já têm leitor de tela integrado, bastando ativar esse recurso no seu dispositivo utilizado.
Abaixo, alguns dos principais utilizados no Brasil:
DOSVOX – sistema de código aberto mais utilizado no Brasil, disponível para Windows ou para Linux;
Orca – tecnologia assistiva livre, de código aberto, flexível e extensível, utilizada nas distribuições do GNU/Linux que se baseiam no ambiente gráfico GNOME;
Nitrous Voice Flux – controle de computador por voz gratuito;
IBM Via Voice – controle de computador por voz;
NVDA – software livre de leitura de tela para Microsoft Windows com suporte para vários idiomas.
YeoSoft Text to MP3 Speaker – leitor de tela em inglês e português;
JAWS para Microsoft Windows – leitor de tela com suporte para vários idiomas;
Virtual Vision – leitor de telas em português do Brasil.
Um site que é construído com acessibilidade máxima beneficia todos os usuários e não apenas àqueles que têm alguma deficiência.
A acessibilidade é derivada da usabilidade; uma página de internet não é utilizável a não ser que seja acessível; sem esta última, não se pode falar em usabilidade. O objetivo da acessibilidade, portanto, é aumentar a inclusão no mundo digital de pessoas com deficiência.
Para saber mais sobre o tema, leia o texto do Sebrae: Acessibilidade digital: coloque a inclusão em prática na sua empresa.
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