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Mon Nov 14 20:01:09 BRT 2022
Empreendedorismo | EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA
Conheça a metodologia Aprendizagem Invertida

Com essa abordagem, o aluno tem autonomia para gerir o seu tempo de estudo e desenvolver o seu processo de aprendizagem.

· Atualizado em 14/11/2022
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Flipped Learning ou Aprendizagem Invertida é uma metodologia ativa e híbrida que desafia a atual lógica dos processos de ensino-aprendizagem. Nela, o que tradicionalmente acontece em sala de aula (exposição de conteúdos, demonstrações etc.) passa a ser feito em casa. E o contrário também é verdadeiro: o que os estudantes tradicionalmente fazem em casa (exercícios, atividades, projetos, pesquisas, experimentos etc.) acontece em sala de aula, no momento da aula.

Nessa perspectiva, o estudante é provocado a fazer a gestão do seu tempo de estudo e refletir sobre os conteúdos fora de sala de aula, por meio da leitura de livros, artigos, vídeos, filmes, podcasts etc. O universo de objetos de aprendizagem é imenso e deve ser explorado pelo professor, que, nessa metodologia, assume o papel de facilitador/tutor da aprendizagem.

A intenção é que o estudante não seja passivo nesse processo e que a sala de aula presencial se transforme em um espaço para testes, discussões e aplicações práticas do que foi estudado fora do ambiente escolar, em uma dinâmica de aprendizagem ativa. Nesse sentido, o aluno poderá contar com a presença do professor/tutor para esclarecer as dúvidas que surgirem nos momentos dessas atividades práticas.

De forma resumida, a Aprendizagem Invertida se estrutura em três momentos principais:

  • Antes da aula: o professor planeja, elabora o conteúdo e compartilha com os estudantes o que deve ser acessado para que, individualmente, realizem o que foi proposto dentro do cronograma pactuado. Esse é o momento de protagonismo na aprendizagem do estudante, em que ele, sozinho, busca compreender os conteúdos propostos, dentro do seu ritmo.
  • Durante a aula: os estudantes colocam “a mão na massa” e praticam o que estudaram. Nesse espaço coletivo, mediado pelo professor/tutor, os alunos realizam atividades práticas para analisar, avaliar, criar etc. a partir do que foi estudado. O principal diferencial da metodologia é a presença qualificada e o olhar atento do professor/tutor para a aprendizagem dos seus estudantes.
  • Depois da aula: o professor/tutor avalia o momento presencial para seguir com o planejamento, podendo continuar com o que foi estudado (caso perceba que ainda existam muitas dúvidas) ou partir para um novo tópico. Por outro lado, os estudantes podem, de modo independente, realizar as revisões necessárias ou fazer o ciclo girar novamente, para o momento antes da aula.

Essa metodologia desenvolve diversas competências empreendedoras, como resiliência, autonomia e perseverança.

Para aprofundar um pouco mais o conteúdo, o Sebrae fez uma entrevista com o educador Wilson Azevedo, diretor da Aquifolium Educacional e master teacher da Flipped Learning Global Initiative, organização que se dedica a apoiar e disseminar a Sala de Aula Invertida pelo mundo.

Desde 2012, quando ofereceu o primeiro curso on-line no Brasil sobre o tema com o pioneiro Jon Bergmann, autor de Flip Your Classroom, ele atua na sensibilização e capacitação continuada de professores, equipes pedagógicas e gestores educacionais para a aplicação dessa metodologia ativa e híbrida.

Junto com o Grupo de Educadores Google (GEG), Azevedo ofereceu seminários sobre a Sala de Aula Invertida em Belo Horizonte e Natal. Com formação em Filosofia, Antropologia Social e Educação a Distância, ele trabalha desde meados dos anos 1990 com inovação educacional e educação on-line.

Onde surgiu a metodologia Flipped Classroom e como ela chegou ao Brasil?

Atualmente, como resultado do acúmulo de experiência e reflexão em torno do tema, a expressão Flipped Classroom começa a dar lugar à expressão Flipped Learning (Aprendizagem Invertida). A metodologia ganhou força a partir de 2006, quando os professores Jonathan Bergmann e Aaron Sams começaram a pensar que, se os estudantes estudassem os conteúdos em casa, os professores teriam mais tempo em sala para ajudá-los com conceitos/ideias que porventura não tivessem compreendido.

Porém, nos anos seguintes, eles e outros educadores foram percebendo a possibilidade de uma segunda inversão. Nela, fixa-se a performance desejada (por exemplo, 100% do que precisa ser aprendido) enquanto se deixa variar o tempo necessário para aprender.

O alvo passa a ser 100% de aprendizagem. Em quanto tempo? Depende: enquanto um aluno pode precisar de seis horas para aprender algo, outros podem fazê-lo em mais ou menos tempo. Embora haja essa variação, no final do processo, todos terão aprendido 100% o que precisavam aprender. 

No Brasil, as primeiras experiências com Sala de Aula Invertida começaram a ser implementadas no início da década de 2010. Hoje, um bom número de educadores já aplica essa abordagem.

Quais são as vantagens e as desvantagens da Aprendizagem Invertida e os principais resultados observados?

É possível que o aluno dedique sua atenção aos conteúdos quando estiver mais atento e disponível para aprender. Essa metodologia ainda permite pausar, retroceder e rever a mesma exposição quantas vezes forem necessárias.

Em sala de aula, ela oferece ao aluno a possibilidade de uma interação maior com o professor, já que ele pode ter questões esclarecidas e ser orientado imediatamente, no momento em que a dificuldade ou a dúvida aparecer.

Para o professor, essa abordagem representa a possibilidade de uma maior proximidade com o aluno e o acompanhamento de sua aprendizagem de forma mais direta, focada e objetivamente dirigida para a superação da dificuldade no momento em que ela surge.

Para o gestor, a metodologia oferece chances reais de elevar a qualidade do ensino em sua instituição, com melhoria na performance escolar e acadêmica de seu corpo de alunos, traduzindo-se em resultados efetivos em exames nacionais e em outros indicadores de avaliação institucional.

Mesmo sendo algo relativamente recente, com um pouco mais de dez anos desde sua primeira aplicação, pesquisas sobre a metodologia têm sido conduzidas e evidenciam outros efeitos benéficos.

Em uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, mais de 90% dos professores que adotam a metodologia dizem não ter intenção de voltar à forma antiga de trabalho. Esse é um forte indicador de que um dos principais atores do processo de ensino-aprendizagem vê resultados em seu trabalho diário com seus alunos. 

Os chamados “bons alunos” aprendem um pouco mais e melhor, mas é especialmente com os alunos que encontram dificuldades que a Aprendizagem Invertida tem provocado mais impacto.

Você acredita que essa é uma metodologia de educação empreendedora?

Num certo sentido, o objetivo final da educação é levar cada um a ser um empreendedor da sua própria aprendizagem, assumindo as rédeas dos seus próprios processos. Por isso, fala-se em “empreendizagem”, que se expressa no conceito de “autonomia”.

Com a educação, deseja-se promover, de forma crescente ao longo dos anos de escolarização, o amadurecimento da autonomia do estudante. Nesse sentido, a Aprendizagem Invertida oferece um excelente campo para o estudante experimentar e desenvolver a sua autonomia, assumindo cada vez mais a responsabilidade de ser um empreendedor de sua aprendizagem.

O espírito empreendedor aplicado à aprendizagem pode ser o fundamento de uma educação empreendedora em um sentido mais amplo do que a pura e simples orientação para os negócios.

O Programa Nacional de Educação Empreendedora do Sebrae tem uma disciplina de Empreendedorismo e Inovação que utiliza essa metodologia e que pode ser oferecida por instituições de ensino superior de todo o país. Para saber mais, clique aqui.

Algumas vantagens da Sala de Aula Invertida:

1. Maior participação da turma

O benefício da Sala de Aula Invertida é coletivo, pois todos os alunos da turma têm a chance de participar das aulas e ajudar na formação dos colegas. Isso se dá pela forma de avaliação e de interação com o conteúdo, que, em detrimento das provas de papel, prioriza a produção de conhecimento em conjunto, por meio de ferramentas digitais que evidenciam o que aprenderam. 

2. Melhor aproveitamento do tempo de aula

A Sala de Aula Invertida também ajuda o professor a aproveitar melhor o tempo das aulas presenciais, uma vez que os alunos já têm a base sobre os conceitos do tópico que está sendo estudado.

3. Ensino personalizado para cada aluno

Como indivíduos, cada um tem as suas particularidades, o que também se expressa na hora do aprendizado. Nessa abordagem, o aluno pode usar os canais onde melhor consegue se concentrar para aprender. 

4. Otimização do tempo

Partindo do pressuposto de que o professor chega em sala falando de algo novo para os alunos, muitas dúvidas surgirão. Porém, se eles tiverem estudado as referências enviadas, o tempo de duração da aula será reduzido drasticamente. Essa responsabilidade e esse cuidado na hora do planejamento resultarão na otimização no tempo do professor e na geração de mais oportunidades para tratar de outros conteúdos em classe. 

5. Aprimoramento de didática

É muito comum que, nas aulas tradicionais, o engajamento dos alunos seja aquém das expectativas dos professores - e isso ocorre porque os estudantes não se sentem participantes. Assim, adotar uma didática adaptada à realidade deles é algo que melhora a participação e o aprendizado.

Saiba mais

Centro Sebrae de Referência em Educação Empreendedora

Autora: Flávia Azevedo Fernandes é mestre em educação pela Universidade de Brasília e analista do Sebrae Nacional.


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