A forte conexão dos pequenos negócios com o nosso Brasil
Carlos Melles
Presidente do Sebrae
O Sebrae completa 50 anos na plenitude da sua maturidade. Desde a infância, demonstrou uma vocação formidável para servir ao Brasil e aos brasileiros. Nasceu para ajudar uma fatia ainda pouco assistida da economia: as empresas de pequeno porte. Além de cumprir essa missão pioneira, a instituição acabou por apontar um caminho promissor e de alcance histórico, pavimentado pela crença de que a prosperidade da nação virá cada vez mais da força do empreendedorismo
Assim, além de ter contribuído para o sucesso de seguidas gerações de empreendedores, o Sebrae inclui em seu legado de cinco décadas a formulação de uma alternativa de desenvolvimento socioeconômico alicerçada nos pequenos negócios, capaz de auxiliar a combater de forma efetiva as desigualdades sociais e regionais.
Se alguém tem dúvida da relevância do setor, basta ver o que ocorreu – e ainda está acontecendo – na pandemia da Covid-19. As micro e pequenas empresas (MPE) tiveram papel preponderante na geração de empregos. Em 2021, nada menos de 78% dos postos de trabalho de carteira assinada vieram daí. A tragédia da pandemia na produção, no comércio e nos serviços teria sido ainda maior não fosse a garra e a resiliência dos empreendedores.
Outros números reforçam esse protagonismo. As MPE e os microempreendedores individuais (MEI) ajudam a colocar comida na mesa de 86 milhões de brasileiros ou 40% de toda a população do Brasil. Esse conjunto é formado por eles próprios, pelas pessoas que empregam e pelas famílias de todos. Esse contingente é maior do que o de habitantes de países como a Alemanha, a França, o Reino Unido ou a Tailândia. Cerca de 30% de toda a riqueza produzida no Brasil vem dos pequenos negócios. Em matéria de carteira assinada, vale ressaltar que essa também constitui a fonte de 54% dos empregos e 44% do total de salários pagos.
Essas estatísticas comprovam de maneira cristalina a robusta conexão entre os pequenos negócios e o Brasil. Por extensão, o Sebrae compartilha dessa profunda afinidade com o país, na medida em que possui comprovada identidade com o setor. Esse papel tem nítido reconhecimento nacional. Recentemente, uma pesquisa especializada apontou que a marca Sebrae está entre as dez mais fortes do país, entre 1.700 avaliadas, em ranking que avalia atributos como relevância, responsabilidade social, originalidade, progresso, dinamismo, confiança, utilidade e valor agregado. Nesse caminho, queremos ser cada vez mais o Sebrae que o Brasil precisa.
Gostaria de registrar que presidir o Sebrae no ano do seu cinquentenário é, para mim, um orgulho monumental, pois representa o coroamento de uma vida pública dedicada em grande parte à causa dos pequenos negócios.
Comecei a militar em defesa do segmento em meados dos anos 1990, quando iniciei minha vida pública como parlamentar. Tive a honra de ter participado intensamente da criação das duas mais importantes legislações que conformaram à área. Presidi uma comissão especial da Câmara dos Deputados, cujos trabalhos levaram à aprovação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, em 2006. Pouco depois, em 2009, fui o relator do projeto que criou da figura do MEI. Mais recentemente, tive a oportunidade de relatar o Projeto de Lei Complementar Crescer sem Medo e o da criação da Empresa Simples de Crédito (ESC).
Há muito, portanto, fui sedimentando a convicção de que o fortalecimento dos setor é muito mais do que a soma de esforços isolados pela proteção do segmento. Significa a valorização do espírito empreendedor e da livre iniciativa, voltados para o bem-estar da população – uma estratégia para que o país avance com justiça social e um projeto para a nação. Juntos, os pequenos negócios e o Sebrae são imprescindíveis para o Brasil.
Neste momento em que começamos a trilhar o itinerário de mais cinco décadas, estendemos essa celebração a todos os colaboradores do Sistema Sebrae, que se entregaram à missão de fortalecer a instituição, lado a lado com os parceiros, com os aliados do Congresso Nacional e da administração pública – um arco amplo, cimentado pela dedicação aos pequenos negócios. É dessa maneira que criamos o futuro para fazer história.
Artigo publicado no livro "Sebrae 50 Anos: Criar o Futuro é Fazer História"
Foto/crédito - Charles Damasceno/Sebrae
Sobre o Sebrae 50+50
As atividades que marcam a celebração dos 50 anos do Sebrae giram em torno do tema “Criar o futuro é fazer história” e procuram mostrar a conexão da instituição com o Brasil. Denominada Projeto Sebrae 50+50, a iniciativa enfatiza as ações atuais nos três pilares da instituição: aprimorar a gestão empresarial, desenvolver um ambiente de negócios saudável e inovador para os pequenos negócios e promover a cultura empreendedora. Mostra também a evolução desde a fundação em 1972 até os dias de hoje, com um olhar para o futuro, ao mesmo tempo, voltado para os novos desafios do empreendedorismo no país.
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Abrir uma startup dá trabalho e muitos empreendedores não veem a hora de conquistar um aporte para poder expandir seus negócios. Mas, investimentos são baseados em critérios como confiança, retorno sobre o capital e o encaixe entre as estratégias do fundo e da empresa investida. Por isso, um investimento em early-stage (fase inicial) pode demorar mais do que você pensa. Cada investidor tem um timing próprio e um processo de avaliação diferente. No Brasil, existem quatro tipos mais comuns de investidores:1. Angels que atuam individualmente Também conhecidos como “investidores-anjo”, se tiverem boas referências do empreendedor e do projeto, podem levar de 2 a 8 semanas para investirem uma média de R$ 100 mil (ou até mais que isso, em alguns casos).2. Grupos de Angels Grupos de angels atuando em conjunto costumam avaliar projetos em fóruns semestrais. Aproveitando a janela de oportunidade e sendo aprovado para os fóruns na hora certa, você pode conseguir de R$ 200 mil a R$ 500 mil em até 3 meses.3. Fundos de capital semente com recursos privados (como a Astella ou Monashees): Os fundos com recursos privados geralmente definem suas próprias regras porque tem mais flexibilidade para negociar acordos junto aos seus diversos investidores. Alguns deles podem avaliar sua empresa, sumir por um tempo e reaparecer com uma proposta. Outros podem ajudá-lo a melhorar a empresa informalmente e, ao final de vários meses de interação constante, fazerem uma proposta formal de investimento para fechá-la em poucos dias. Fundos como esses tendem a fazer um primeiro aporte de R$ 200 mil a R$ 1 milhão em um período entre 3 a 6 meses para projetos realmente atrativos.4. Fundos de capital semente com capital público em sua composição (como a Confrapar e alguns fundos da FIR Capital) Nesse caso, os fundos têm regras específicas e investidores institucionais, aumentando a formalidade do processo de avaliação. Por isso, podem levar de 3 a 6 meses somente para avaliar se a empresa está apta a receber um investimento de entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões. Na média, projetos maduros recebem R$ 2 milhões em até 6 meses, contando 3 meses para avaliação e 3 meses migrando a empresa para a nova estrutura de capital. Como organizar seu contato com investidores Interagir com o tipo certo de investidor é importante porque traz conselhos relevantes e ajuda a medir a atratividade do seu projeto. Mesmo assim, essa prática deve ser muito bem gerenciada: o empreendedor não pode ficar muito tempo sem obter feedback, mas também não pode gastar tempo demais atendendo às demandas dos investidores. Também é importante ressaltar que a pior hora para conseguir investimentos é quando o dinheiro acaba, a ponto do projeto congelar ou mesmo morrer. Planeje-se para engrenar sua startup antes dessa hora chegar ou gerencie seu contato com os investidores certos para acioná-los na hora certa. Autor convidado: Yuri Gitahy, fundador da Aceleradora.