As tecnologias digitais como recurso para marketing e vendas no Brasil deixaram de ser realidade restrita às grandes companhias. O uso dessas ferramentas por micro e pequenas empresas tem avançado nos últimos cinco anos.
No celular, o uso majoritário do WhatsApp e do Pix complementa a transição em curso. A constatação é da pesquisa inédita Transformação Digital nos Pequenos Negócios, realizada pelo Sebrae, com base em dados de 2022.
Conforme o levantamento obtido pelo Estadão, os telefones móveis já estão presentes em 100% dos pequenos negócios, 99% deles com acesso à internet - um aumento de 17 pontos porcentuais desde a sondagem anterior, em 2018. Os computadores perderam levemente o espaço, caindo para 70% de utilização ante os 74% registrados cinco anos antes.
Na pesquisa, foram ouvidos 6. 345 empreendedores entre os 25 de julho e 27 de setembro, em uma amostragem formada por microempreendedores individuais (MEL) e gestores de microempresas (ME) e de empresas de pequeno porte (EPP) de todas as regiões. Os participantes são dos setores de comércio, construção e serviços.
Segundo Marco Aurélio Bedê, analista de gestão estratégica do Sebrae, a digitalização nos pequenos negócios acompanha o movimento de universalização do celular como principal meio de acesso à rede. 'Identificamos o crescimento do uso da maior parte das ferramentas, com algumas exceções, como o tablet. Mas a base da economia digital, a internet e os equipamentos mais rápidos de uso dela --como é o caso do celular não só se popularizou como também se tornou universal', diz.
A microempreendedora Aline Santos, de 33 anos, que adaptou seu negócio para acesso digital, inclusive para quem possui só smartphone, faz parte da tendência. Professora de inglês há 13 anos, ela chegou a dar aulas presenciais, que resultavam em deslocamento entre longas distâncias e menos clientes. Coma pandemia, ela investiu na educação a distância e decidiu manter o formato remoto, que lhe permite ter até seis alunos por dia, de vários Estados, sem sair de sua casa em São Paulo.
Além das aulas, Aline administra um perfil no Instagram com postagens educativas em língua inglesa. 'Hoje em dia, eu não me vejo mais trabalhando presencialmente. Eu perderia alunos, se não fosse a aula online. Agora, eu posso ser uma nômade digital e trabalhar de qualquer lugar, desde que tenha um bom acesso à internet'.
Pix em alta
Os canais digitais também são utilizados pelos empreendedores para vendas. O destaque, segundo a pesquisa é o aplicativo Whatsapp, adotado por 74% dos entrevistados. As redes sociais aparecem em seguida, auxiliando 42% do público. Já o Pix, com apenas dois anos de operação, assumiu a liderança nas pequenas empresas, sendo incorporado por 84% delas. O dinheiro em espécie e o cartão aparecem nas segunda eterceira posições, respectivamente.
'O Pix tem características bem-vindas para o empreendedor de pequeno negócio: a burocracia e o custo são zero. O recurso entra automaticamente na conta, melhorando a liquidez. Para ele, o formato é uma grande revolução positiva', diz Bedê.
Antes adepta do recebimento em dinheiro das mensalidades, a professora Aline prefere hoje a praticidade do Pix. 'Eu tinha aluno que só me pagava em espécie, e eu ficava morrendo de medo de sair na rua. Hoje, é 100% Pix. Me deu muita vantagem. Os estudantes pagam na hora e o dinheiro entra na hora, é muito mais prático', diz.
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