No último dia do evento, especialistas debateram caminhos para que pequenos negócios da área de inovação tenham mais acesso às compras feitas por órgãos governamentais
O gerente Paulo Renato Macedo Cabral: avanços significativos com o Marco Legal das Startups (Foto/crédito - Felipe Costa/Sebrae)
A contratação de soluções tecnológicas e startups pelo poder público foi tema de destaque no último dia do Transformar Juntos 2022, iniciativa do Sebrae que reúne governo e instituições do setor público e privado para o debate sobre simplificação e acesso dos micro e pequenos negócios às compras públicas, na quinta-feira (28/7).
Realizado em Brasília, o evento reuniu duas iniciativas do Sebrae: o Fomenta, integrante do calendário oficial do cinquentenário do Sebrae, e o Brasil Mais Simples. O gerente da Unidade de Inovação do Sebrae, Paulo Renato Macedo Cabral, ressaltou os últimos avanços na legislação que facilitam a contratação de empresas de tecnologia e inovação.
“Antigamente, contratar tecnologia era basicamente impossível, o regramento de licitações não favorece a contratação. Para completar, os estados e municípios têm demandas que as empresas tradicionais muitas vezes não conseguem atender, os problemas são cada vez mais complexos. Então as startups, empresas inovadoras, com soluções extraordinárias precisam entrar em cena. Tivemos avanços significativos com o Marco Legal das Startups, por exemplo, que facilitam essa entrada”, destacou.
O secretário de inovação do Ministério da Economia, Bruno Portela, informou que está sendo criada uma ferramenta que vai ajudar as startups a entrarem nas compras públicas. Segundo ele, os maiores custos das empresas de tecnologia estão atrelados a capital humano, infraestrutura e acesso ao crédito, e, por isso, o Ministério tem direcionado os esforços nesse sentido. “Nessa ferramenta queremos trabalhar com capacitação e informações privilegiadas, no sentido de preparar os empreendedores a entrarem nesse mercado. Até o fim do ano deve entrar no ar”, comentou.
Portela enalteceu a importância do Marco Legal das Startups, que melhorou o relacionamento entre Estado, academia e empreendedores que oferecem soluções tecnológicas. “É um elo facilitador para a melhoria do ambiente de negócios, traz possibilidades de alianças estratégicas entre instituições públicas e privadas. Agora, seguramente, podemos afirmar que comprar inovação no Brasil é possível e seguro juridicamente”, destacou.
Petrobras e The Venture City
A Petrobras esteve no painel apresentando seu projeto de contratação de startups, que está com inscrições abertas, o Conexão para Inovação. De acordo com o gerente de inovação em ecossistemas empreendedores da estatal, Alex Dal Pont, neste primeiro ciclo serão aportados R$ 21 milhões em empresas de base tecnológica que ofertem alguma solução inovadora para as diversas áreas da Petrobras. “Lançamos em outubro, com 12 desafios, e tivemos 65 propostas, inclusive com duas empresas estrangeiras. Ainda há editais abertos para participação pública, com abrangência no mundo inteiro”, afirmou.
Para o diretor de investimentos da The Venture City e mentor de negócios, Edson Mackeenzy, ainda há uma mentalidade entre os empreendedores de que as compras públicas e as licitações são burocráticas e assustadoras. “As startups ainda têm muitas dificuldades de entender como entrar em compras públicas. Tudo que é desconhecido e precisa ser conhecido é inovação. Então, é necessário mudar a mentalidade para se encorajar e entrar nesse mercado”, disse. “É comum ouvir que startup precisa de investimento, mas antes disso ela também precisa de cliente e o Estado é um dos maiores, quem sabe o maior, cliente do país”, incentivou.
Para saber mais sobre o Conexão para a Inovação, acesse:
https://tecnologia.petrobras.com.br/modulo-startups.html
Sobre o Sebrae 50+50
As atividades que marcam a celebração dos 50 anos do Sebrae giram em torno do tema “Criar o futuro é fazer história” e procuram mostrar a conexão da instituição com o Brasil. Denominada Projeto Sebrae 50+50, a iniciativa enfatiza as ações atuais nos três pilares da instituição: aprimorar a gestão empresarial, desenvolver um ambiente de negócios saudável e inovador para os pequenos negócios e promover a cultura empreendedora. Mostra também a evolução desde a fundação em 1972 até os dias de hoje, com um olhar para o futuro, ao mesmo tempo, voltado para os novos desafios do empreendedorismo no país.
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Abrir uma startup dá trabalho e muitos empreendedores não veem a hora de conquistar um aporte para poder expandir seus negócios. Mas, investimentos são baseados em critérios como confiança, retorno sobre o capital e o encaixe entre as estratégias do fundo e da empresa investida. Por isso, um investimento em early-stage (fase inicial) pode demorar mais do que você pensa. Cada investidor tem um timing próprio e um processo de avaliação diferente. No Brasil, existem quatro tipos mais comuns de investidores:1. Angels que atuam individualmente Também conhecidos como “investidores-anjo”, se tiverem boas referências do empreendedor e do projeto, podem levar de 2 a 8 semanas para investirem uma média de R$ 100 mil (ou até mais que isso, em alguns casos).2. Grupos de Angels Grupos de angels atuando em conjunto costumam avaliar projetos em fóruns semestrais. Aproveitando a janela de oportunidade e sendo aprovado para os fóruns na hora certa, você pode conseguir de R$ 200 mil a R$ 500 mil em até 3 meses.3. Fundos de capital semente com recursos privados (como a Astella ou Monashees): Os fundos com recursos privados geralmente definem suas próprias regras porque tem mais flexibilidade para negociar acordos junto aos seus diversos investidores. Alguns deles podem avaliar sua empresa, sumir por um tempo e reaparecer com uma proposta. Outros podem ajudá-lo a melhorar a empresa informalmente e, ao final de vários meses de interação constante, fazerem uma proposta formal de investimento para fechá-la em poucos dias. Fundos como esses tendem a fazer um primeiro aporte de R$ 200 mil a R$ 1 milhão em um período entre 3 a 6 meses para projetos realmente atrativos.4. Fundos de capital semente com capital público em sua composição (como a Confrapar e alguns fundos da FIR Capital) Nesse caso, os fundos têm regras específicas e investidores institucionais, aumentando a formalidade do processo de avaliação. Por isso, podem levar de 3 a 6 meses somente para avaliar se a empresa está apta a receber um investimento de entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões. Na média, projetos maduros recebem R$ 2 milhões em até 6 meses, contando 3 meses para avaliação e 3 meses migrando a empresa para a nova estrutura de capital. Como organizar seu contato com investidores Interagir com o tipo certo de investidor é importante porque traz conselhos relevantes e ajuda a medir a atratividade do seu projeto. Mesmo assim, essa prática deve ser muito bem gerenciada: o empreendedor não pode ficar muito tempo sem obter feedback, mas também não pode gastar tempo demais atendendo às demandas dos investidores. Também é importante ressaltar que a pior hora para conseguir investimentos é quando o dinheiro acaba, a ponto do projeto congelar ou mesmo morrer. Planeje-se para engrenar sua startup antes dessa hora chegar ou gerencie seu contato com os investidores certos para acioná-los na hora certa. Autor convidado: Yuri Gitahy, fundador da Aceleradora.