Maria Soares é artesã e MEI desde o ano de 2012, sua história começou cedo quando aos 12 anos auxiliava as irmãs costureiras na cidade de Icó.
Maria Soares é artesã e empreendedora individual desde o ano de 2012, sua história começou cedo. Aos 12 anos auxiliava as irmãs costureiras na cidade de Icó, no interior do Ceará, no acabamento das peças (chuleando vestidos, blusas, calças, etc), trabalho que hoje é feito com a máquina zig-zag, mas na época suas irmãs não tinham condição de comprar. Maria aprendeu o ofício de costureira e cinco anos depois decidiu aprimorar seu trabalho e conquistar suas próprias clientes trabalhando dia e noite, mas como não possuía uma máquina procurava os ateliês para trabalhar, fazia vestido em tecido de algodão e pintava para ser vendido nas boutiques, até que em 1983 comprou sua primeira máquina de costura, conquistando reconhecimento aos poucos. Casou e constituiu sua família, sempre costurando muito, quando colaborou para a construção da sua casa própria e formação de nossos filhos. Os valores familiares de trabalho, dedicação e disciplina seguiram conduzindo - a.
Maria afirma que não imaginava que desses primeiros passos, uma nova oportunidade iria surgir. Através de um curso de identidade cultural ministrado pela CEART, ela teve a orientação de voltar ao artesanato para retratar o patrimônio histórico de Icó, foi quando a identificação com o artesanato a levou, junto ao trabalho de muitos, a divulgar o patrimônio histórico da cidade de Icó-Ceará por todo o país e até no exterior. De ideia em ideia, como em uma decoupage (cobrir superfícies com vários pedaços de jornal), a criatividade a levou ao resgate da história do seu patrimônio histórico, através do bordado rococó, do ponto cruz e da memória local do couro, costurando uma nova fase da sua vida e da história de seu município.
Ela conheceu o trabalho em decoupage em 2003, através de um programa de TV, a arte de cobrir objetos com recortes. A identificação com a técnica de composição com retalhos, acendeu nela, já nas primeiras tentativas, a vontade de fazer algo além da costura, e começou então a aprimorar a técnica, trabalhando peças diferentes como bolsas, caixas, espelhos e até móveis. O trabalho foi reconhecido desde a participação em uma feira de artesanato no município, e a partir de então começou a se envolver cada vez mais e buscar mais conhecimentos e parcerias, sentindo a paixão pelo artesanato fluir nela.
Com a participação na Associação dos Produtores de Artesanato, Gestores Culturais e Artistas de Icó (APROARTI) o artesanato passou a ganhar cada vez mais atenção em sua vida. Maria faz parte dessa associação desde 2005 quando ajudou a fundá-la e onde é presidente até hoje. Junto com a associação passaram a retratar em almofadas, jogos americanos e toalhas a arquitetura colonial das fachadas dos prédios e sobrados históricos de seu município. A busca pelo aperfeiçoamento do bordado e por conhecimentos sobre empreendedorismo e gestão trouxeram como resultado o reconhecimento crescente do bordado. Em 2008 consolidou-se o grupo e o produto responsável por mudar completamente a vida de Maria. Com tanta identificação, envolvimento e reconhecimento, após 30 anos como costureira de moda, ela renunciou aos moldes, cortes e montagens das roupas femininas para se entregar com toda energia ao novo projeto. Começou a trabalhar uma coleção composta por jogos americanos, passadeiras, almofadas, aventais e nécessaires, todas feitas no ponto de bordado rococó.
Tendo os bordados como espelho de seu patrimônio, a história de seu município tornou-se cada vez mais importante em seu trabalho, envolvendo outras bordadeiras e marcando presença em feiras de artesanato por todo o Brasil, estando entre os artesanatos mais reconhecidos no país, em eventos, catálogos regionais e nacionais, e seleção de produtos para a copa do mundo de 2014 (projeto realizado através do Sebrae com o título louros da copa). As dificuldades iniciais quanto à estrutura e materiais para produção, aos poucos foram sendo superadas com o apoio de parceiros locais e nacionais (como prefeitura municipal de Icó, Caixa Cultural e Brazil Soundation, e com a profissionalização do grupo. Hoje, é resgatado também o trabalho em couro, como memória de sua história, onde a mesma arquitetura dos sobrados históricos é retratada em bolsas e outros acessórios. As sacadas dos sobrados também foram parar nas mãos de muitas bordadeiras de ponto cruz, motivando e mudando outras histórias de vida.
O ponto rococó, o ponto cruz e o trabalho em couro resgatam e divulgam a história de Icó para todo o Brasil, mas sua grande importância está em gerar para muitas mulheres e para os demais cidadãos icoenses a identidade com sua história e consolidação de sua memória, através do artesanato. Maria afirma que “para mim, o artesanato significa arte, cultura, identidade e realização, proporcionando a cada dia novos conhecimentos e valores. Hoje tenho a certeza de que fiz a melhor escolha, acreditando no artesanato, na história de nosso município e no trabalho conjunto, tendo ainda muito a realizar, pois a cada dia surgem novas ideias e inspirações.” Ela diz que contudo tem a satisfação de estar cumprindo com um importante passo, consolidando suas raízes, através da valorização de sua cultura e do trabalho de todos que fazem parte dessa história.
Foi um prazer te ajudar :)