Em ano de crise e de desemprego, o São João surge como mais uma oportunidade para os empreendedores faturarem um pouco mais ou aumentarem a renda com os folguedos em homenagens aos santos católicos que regem o mês – Santo Antônio, São João, São Pedro e São, Maçal.
Nas cidades nordestinas, onde a tradição dos festejos juninos é mais forte, o aumento do número de turistas reflete-se no aquecimento da economia e o empreendedor atento sempre encontra um jeito de faturar e melhorar a lucratividade dos negócios, mesmo em tempos de dinheiro parco e de consumidores mais reservados.
Além dos agentes culturais que tradicionalmente ganham com os festejos juninos, serviços customizados, comércio de produtos típicos, barzinhos, restaurantes, rede hoteleira, serviços de receptivo e centenas de empreendedores de plantão – dentre formais e informais – aproveitam os arraiais para aumentar a sua renda.
O pipoqueiro, o vendedor de churrasquinho, de lanches, comidas típicas e bebidas, assim como os que comercializam fogos de artifícios, souvenirs e artesanato estão entre os Microempreendedores Individuais, Micro e Peqenos empresários que ganham com a chegada das festas juninas no Maranhão e no resto do Brasil.
O Bumba Meu Boi é um das folguedos mais conhecidos do MA. Na foto, um caboclo de fita toca matracas, um dos instrumentos musicais típicos do perído
Sebrae no Maranhão
“Essa é uma época que a economia da região Nordeste é aquecida por causa dos festejos juninos. Em cidades com forte apelo cultural, como São Luís, João Pessoa, Caruaru e Aracaju, por exemplo, a dica para os empreendedores é aproveitar o período e diversificar sua produção, customizar alguns serviços, mas sempre de maneira planejada, sem esquecer questões básicas envolvendo custos, benefícios e uma precificação justa”, coloca o diretor superintendente do Sebrae no Maranhão, João Martins.
O executivo ressalta que pesquisas do Ministério do Turismo indicam que o Nordeste é uma das regiões mais procuradas pelos brasileiros que planejam viajar, tendo 42,7% da preferência.
“Além dois clientes internos, a cidade recebe muitos turistas esse período de junho e julho. Embora estejamos em um ano atípico, é bom lembrar que quem se prepara e é proativo, sempre tem melhores resultados, mesmo em circunstâncias adversas”, lembra Martins.
O Cacuriá é outra brincadeira junina caracteristica do Maranhão. Na foto, dançarinas do Cacuriá de Dona Teté um dos mais tradicionais do estado
Empreendedores
O comerciante José Luís Oliveira, proprietário de um minimercado no bairro do Bequimão, seguiu à risca a dica e já montou uma barraquinha junina na porta do seu estabelecimento.
“Vamos vender mingau de milho, canjica, pamonha, cocadas e outros doces do período junino, além das comidas típicas, como vatapá, arroz de cuxá, Maria Isabel e torta de camarão. Esperamos incrementar as vendas em até 30%”, revela o empresário, comentando que além dos produtos típicos, a intensão é atrair mais consumidores para dentro do minimercado.
“A gente tem que usar de várias estratégias para burlar a crise”, completou Oliveira.
Aproveitar o momento e ser proativo também é o que motiva os empresários Williams e Daiane Vasconcelos, da Lovely Brigaderia – localizada no Rio Anil Shopping e Shopping da Ilha. No período junino, eles acrescentaram mais um sabor aos 60 já existentes em suas duas lojas: o brigadeiro de milho.
“A novidade já é um sucesso entre os clientes, com o inusitado sabor: eles dizem que nunca imaginaram que a mistura do chocolate com o milho poderia ficar tão gostosa”, contou Daiane que apresenta o novo integrante do cardápio em uma bandeja especial, juntamente com os brigadeiros de paçoquinha, castanha e amendoim.
“Esses sabores têm tudo a ver com o São João e, assim, nós entramos no clima dessa tradicional festa no nosso estado”, comentou a empresária, atendida desde o ano passado pelo Sebrae por meio do Programa Negócio a Negócio.
Além da capital, que recebe historicamente mais turistas de outros estados e países, algumas cidades maranhenses também têm uma forte vocação cultural no período junino e atraem visitantes das cidades vizinhas.
Sabendo disso, a artesã de Chapadinha, Gracioneth Reinaldo Costa, se preparou para a festa. Participou de várias capacitações do Sebrae, como Mulher Empreendedora, Aprender a Empreender e Juntos Somos Fortes, começou a se organizar melhor e aprendeu a precificar e diversificar a sua produção.
“Como o artesanato tem muita afinidade com as festas religiosas, confeccionei produtos como para o São João utilizando chitas e estampas dos santos do mês. A expectativa é que as peças entrem no gosto popular e as vendas aumentem bastante”, espera a artesã.
A artesã Gracioneth Reinaldo Costa espera vender mais com a produção de artigos de inspiradas em Santo Antônio (esq), São Pedro (dir) e outros santos homenageado em junho