Por Maria Clara Lima
O administrador de empresas Carlos Cayres, 28, que atuou como Agente Local de Inovação (ALI) nos anos de 2013 e 2014, tem o que comemorar. Pela primeira vez na Bahia um agente foi premiado nos Cadernos de Inovação em Pequenos Negócios. Com o artigo “Evolução de pequenas empresas automotivas atendidas pelo Programa ALI em Barreiras (BA): enfoque na dimensão Relacionamento”, ele conquistou a segunda posição no ranking da publicação em 2015.
Natural de Minas Gerais, Carlos mora na Bahia há 15 anos. Desde pequeno convive com o mundo do empreendedorismo, já que sua mãe teve alguns negócios, como uma soverteria e uma loja de cosméticos. Ele mesmo já trabalhou na parte administrativa de um supermercado em Guanambi durante seis anos. “Em Guanambi, também participei de cursos promovidos pelo Sebrae local”, conta.
Em 2012, já morando em Barreiras, teve o seu primeiro contato com o Programa Agentes Locais de Inovação, no lançamento do edital do segundo ciclo, que aconteceu nos anos de 2013 e 2014. No total, foram selecionados 30 agentes para atender cerca de 1,5 mil empresas baianas, nos segmentos de moda, automotivo, saúde e alimentos. Carlos atendeu a 50 empresas de Barreiras. “Dei o meu melhor para escrever o artigo. O trabalho no ALI também foi muito gratificante. Adquiri uma bagagem de conhecimento que não teria aprendido em outro serviço. Uma pena que são somente dois anos”, diz o agente, que concorreu com profissionais de outros 15 estados.
Os agentes devem escrever dois artigos ao longo de sua atuação no programa (um por ano), escolhendo um segmento e uma das 13 dimensões do Radar de Inovação. “Escolhi a dimensão relacionamento e o segmento automotivo. Percebi que os empresários podiam desenvolver mais essa dimensão com o cliente, então, implantamos nas empresas medidas de relacionamento e fidelização”. Entre elas estão a criação de sala de espera, ações de relacionamento com o cliente no pós-venda, como envio de cartões de aniversário, o uso de redes sociais e a criação de sites. “Muitas empresários acham que, para inovar, você tem que investir valores absurdos, e isso não é verdade”, afirma. Segundo Carlos, uma das empresas atendidas conseguiu mensurar (entre todas as ações desenvolvidas com o programa) um incremento de 15% a 20% no faturamento.
Todos os 30 agentes foram orientados pela professora da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) Marília Oliveira, doutora em Desenvolvimento Sustentável/Gestão Ambiental pela Universidade de Brasília (CDS/UnB). De acordo com Marília, a orientação abrangeu as dimensões teórica e prática. “Eles tinham uma bibliografia geral sobre inovação e outra mais particular, sobre o segmento e dimensão escolhidos para o artigo”, detalha. “Gostei muito de participar do programa. Além do artigo de Carlos, aprovamos mais textos no caderno, sendo um deles de minha autoria”.
Para o gestor do Programa ALI na Bahia, Eduardo Garrido, a publicação dos artigos fomenta o empreendedorismo no país. “O artigo traz consigo uma análise da localidade, compartilhando essa experiência para todo o Brasil. Outros agentes e empreendedores podem aprender mais com esse artigo, que representa a união da experiência prática do ALI com o universo acadêmico. O agente faz essa ponte”, explica.
Os cadernos
Os Cadernos de Inovação concentram as experiências e análises dos Agentes Locais de Inovação a partir da implementação do programa em diversos segmentos dos pequenos negócios. As publicações servem como um grande banco de dados de relatos e análises sobre a utilização da inovação por pequenas empresas em todo o Brasil.
No total, são escolhidas 50 experiências inovadoras (artigos) dos pequenos negócios acompanhados, além de até 30 textos elaborados pelos orientadores, que compõem mais um dos Cadernos de Inovação em Pequenos Negócios. A ideia é que essas publicações estimulem a inclusão da inovação como prática para a competitividade que possibilite a sustentabilidade dos pequenos negócios.