O café é a segunda cultura de maior expressão econômica do estado, o quinto maior produtor de café do Brasil e o segundo maior produtor de robusta. Porém a área de parque cafeeiro vem sofrendo redução, cedendo espaços, principalmente para as pastagens. Atualmente conta com participação de 22 mil produtores, a maioria de base familiar. A produção estimada em de 1.709,9 mil sacas de café do grupo Conillon é 15,7% acima da obtida em 2014 (1.477,3 mil sacas), representa um incremento de 232,6 mil sacas. Nesse mesmo período a produtividade passou de 17,18 para 19,51 sc/ha, este aumento está relacionado à retomada de investimentos, maiores empregabilidades de tecnologia, insumos, tratos culturais, mudas clonais e assistência técnica. As novas áreas com o café clonal estão diretamente relacionadas ao aumento de produtividade, esses novos índices são devido à alta produtividade do café clonal quando comparadas às áreas com o café convencional. As potencialidades que a cultura do café apresenta vêm promovendo ações que buscam sustentabilidade frente aos mercados nacionais e internacionais, de forma que a retomada do aumento médio da produtividade contribui com a redução do custo de produção e melhora a competitividade de mercado. Para Samuel Oliveira, pesquisador da Embrapa, ao analisar uma perspectiva de impacto da inserção da BRS Ouro Preto no mercado, calculando uma produtividade média chegando a 35 sacas por hectare (metade do potencial da cultivar) nos 90 mil hectares do grão cultivados em Rondônia, pode-se chegar a mais de 3 milhões de sacas de café –aumento considerável, já que a produção atual é de 1,9 milhão de sacas. Isto é possível considerando o menor custo de produção em relação a outras regiões grandes produtoras, como o Espírito Santo. A cada 10 mil sacas de aumento de produção, são gerados 9 empregos nas torrefadoras, 8 nos demais segmentos da cadeia produtiva do café e mais 70 devido ao efeito renda em outros setores da economia (VEGRO et al.,2005). Os principais desafios da maioria das empresas de torrefação estão vinculados a questões internas, de gestão, mais do que a questões externas, de mercado. A falta de profissionalismo na administração torna difícil pensar em qualquer ação antes de se resolver esta situação. (MDIC, 2015). Como as torrefadoras são na maioria empresas de micro e pequeno porte, poucas se aventuram na exportação (MORICOCHI et al., 2003). O menor porte empresarial dessas torrefadoras pode acentuar tendência de descontinuidade da atividade exportadora, sendo esse um elemento que deve ser relevante na definição de políticas públicas (VEGRO et al., 2005). Na verdade, a grande maioria das pequenas e médias torrefadoras brasileiras, antes de exportar, precisam se tornar capazes de competir de forma rentável no mercado interno brasileiro. As pequenas e médias empresas também têm pouco capital disponível para manutenção de estoque, assim suas aquisições de café verde são sujeitas à volatilidade dos preços. Tampouco estas empresas costumam se utilizar de hedge como mecanismo de proteção à variação do custo da matéria-prima; Há dificuldade em pequenas e médias empresas estabelecerem e manterem a qualidade do blend oferecido ao mercado; A gestão interna da quase totalidade das pequenas empresas é deficiente, necessitando de capacitação continuada; Uma quantidade considerável de pequenas torrefadoras de café no Brasil costuma agir à margem das melhores práticas comerciais; Há necessidade de atuação cooperativa das pequenas e médias torrefadoras, especialmente no formato de arranjos produtivos coordenados.
A produção piscícola de Rondônia vive uma fase de contínuo crescimento, fomentada pelo empreendedorismo rural característico dos produtores da região, bem como pelo apoio de organizações que visam o desenvolvimento sustentável da atividade. Este cenário conduz a percepção de oportunidades comerciais que se estendem às fronteiras rondonienses, possibilitando a busca por mercados diferenciados e exigentes. Em 2014, a piscicultura em Rondônia produziu 75 mil toneladas de pescado, das quais 63 mil foram de Tambaqui (84%), 11 mil foram de Pirarucu (14,6%) e o restante de outras espécies de peixe. Os municípios de Ariquemes (13,1%), Urupá (7,5%), Mirante da Serra (7%), Cujubim (6,9%), Porto velho (6,6%), Cacaulândia (5%) e Vale do paraíso (4,6%) foram os principais produtores de pescado da piscicultura (IBGE, 2015). O crescimento em torno de 750% na produção de pescado entre 2010 e 2014, sem a ampliação do mercado na mesma proporção, resultou em uma situação em que a demanda nos mercados atuais ficou menor que a oferta de produto, gerando queda no preço de venda e insatisfação dos piscicultores. Nesse sentido, o monitoramento da produção e da comercialização do pescado é fundamental para se buscar maior aproximação entre oferta e demanda de produtos. O cenário econômico atual de aumento no desemprego, redução no poder de compra das famílias e aumento do dólar frente à moeda brasileira, que impacta diretamente o aumento do custo da ração animal, tem gerado um clima de descontentamento dos piscicultores com os resultados financeiros da atividade. Por isso, para garantir a sustentabilidade dos negócios da piscicultura em Rondônia é necessário que ações mercadológicas sejam realizadas pelo setor público e privado, para que eles ampliem os horizontes de comercialização do pescado oriundo do estado para outros estados do país e, até mesmo, outros países. Atualmente, o estado comercializa para outros 14 estados brasileiros, podendo crescer ainda mais em grandes mercados como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. O aumento do consumo de pescado dentro do estado também deve ser estimulado. Um estudo da Foccus Consultoria (2011), sob encomenda do Sebrae, estimou o consumo per capta de pescado em 2011 em 6,8 Kg/ano no estado, enquanto que o Ministério da Pesca e Aquicultura (2015) estimou o consumo nacional de pescado em 17,3 Kg de pescado per capita/ano, demonstrando que o mercado interno pode crescer muito mais. É preciso desenvolver mais ações mercadológicas geradoras de resultados, ou seja, aquelas que garantirão a sustentabilidade das empresas. Não se trata de deixar de lado as ações de gestão, pois elas também contribuem para a melhoria da eficiência e eficácia empresarial. Assim, é necessário evidenciar as ações de mercado, dando-lhes maior peso e maior prioridade nos projetos e programas implantados pelo setor público e pela iniciativa privada. Outro aspecto importante nas ações de médio e longo prazo é a diversificação de produtos com maior valor agregado, como estratégia mercadológica baseada na diferenciação, buscando-se o aproveitamento racional do pescado, inclusive de resíduos (vísceras, escamas) e partes menos nobres (cabeça, espinhaço). Vale ressaltar que o SEBRAE/RO, desde o ano de 2010, realiza estudos e pesquisas sobre a piscicultura para subsidiar suas ações internas e fomentar as demais instituições com informações relevantes do segmento. Com o intuito de ter uma gestão cada vez mais orientada para resultados, esses estudos se fizeram necessários para o conhecimento do macro ambiente da Cadeia Piscícola Rondoniense com a análise de suas forças e fraquezas, oportunidades e desafios, sendo de fundamental importância a assimilação e disseminação dos conhecimentos de tais estudos para entender a realidade atual e traçar os caminhos para o futuro. São eles: a) Sondagem Preliminar de Mercados Potencialmente Adequados ao Pescado Rondoniense – SEBRAE, 2010; b) Estudo Mercadológico da Cadeia Piscícola Rondoniense – SEBRAE, 2011; c) Desenvolvimento de Estratégias de Acesso a Mercado do Tambaqui Rondoniense às praças de Manaus-AM, Sorriso/Cuiabá-MT e São Paulo-SP – SEBRAE, 2012. d) Desenvolvimento Sustentável da Piscicultura Rondoniense – foco no pescado tambaqui de cativeiro, de 2013 a 2015. Em face desses estudos e da necessidade de se organizar a cadeia produtiva da piscicultura, em Fevereiro de 2013 foi realizado pelo Sebrae o evento intitulado “Oficina de Elaboração Conjunta do Plano Estratégico de Ações para a Piscicultura” em Rondônia, do qual participaram diversas instituições do segmento a fim de construir uma ferramenta para a gestão das atividades pretendidas, de modo que cada entidade, dentro de suas atribuições e competências, pôde contribuir com suas propostas de atuação e busca de soluções de forma conjunta e compartilhada (SEBRAE, 2015). O evento realizado teve como resultado o Plano Estratégico de Ações, dividido em temas e ações estratégicas, as quais as mais importantes estão listas abaixo: ORGANIZAÇÃO SOCIAL o Fortalecimento das associações e cooperativas de piscicultores; o Apoio à organização dos produtores em redes de comercialização para busca de mercados estratégicos (foco nos pequenos produtores); MERCADO o Formação de banco de dados atualizado da cadeia produtiva; o Promoção do aumento do consumo interno; o Realização de rodadas de negócios e matchmaking de apoio à comercialização; o Acesso a novos mercados com produtores organizados; LOGÍSTICA o Criação de modelo logístico de distribuição no mercado nacional; CAPACITAÇÃO o Aperfeiçoamento da gestão empresarial; o Formação e qualificação de assistência técnica especializada; PRODUÇÃO o Planejamento/escalonamento da produção com padronização do produto; o Ampliação do processamento do pescado no estado; POLÍTICAS PÚBLICAS o Aproximação das instituições de ensino e pesquisa dos piscicultores; o Implantação da Câmara Setorial da Piscicultura; o Apoio à ampliação da infraestrutura de transporte e fabricação de gelo; o Ampliação do acesso a crédito; o Apoio ao melhoramento genético do plantel, da rastreabilidade e da certificação de origem; o Elaboração de um manual de qualidade para o produtor/piscicultor focado em produção sustentável; LEGISLAÇÃO o Fortalecimento do SIE / SIM / SIF; o Adesão do Estado e prefeituras ao SUASA e SISBI – POA; o Elaboração do plano diretor da piscicultura do estado. Por fim, como resultado natural da não observância dos riscos apontados nas pesquisas anteriores, Rondônia hoje se encontra mais uma vez diante de problemas para o escoamento da sua produção, especialmente da produção de Pirarucu de cativeiro. O que se pode observar é a descontinuidade das ações de estímulo ao segmento, com muitas ações desconexas e esporádicas que não convergem para que se alcance o resultado esperado para a cadeia piscícola como um todo. Do outro lado há um descontentamento dos piscicultores locais que não enxergam com bons olhos os incentivos oferecidos pelo Estado diante da falta de retorno dos investimentos realizados. A implementação dessas estratégias de fato é o grande desafio para garantir a sustentabilidade da piscicultura no estado de Rondônia.
A pecuária leiteira está presente em quase todos os municípios brasileiros. Dos 5.570 municípios existentes no País, apenas 67 não produzem leite (IBGE, 2012). De 1980 a 2013, a produção brasileira de leite quase triplicou. O crescimento não foi homogêneo em todo o País, e as razões foram variadas. Entre a década de 80 e o ano 2000, Rondônia aumentou a produção de leite, principalmente por conta do maior número de propriedades leiteiras e de animais, sendo um dos destaques em nível regional e nacional. O setor agropecuário é um dos mais importantes da economia do Estado de Rondônia, e a pecuária rondoniense representa, em termos da atividade econômica, a 9° maior do país e a 3° maior da Região Norte. A pecuária leiteira, por sua vez, é um dos segmentos com grande importância, principalmente por ser exercida no âmbito da agricultura familiar, e "é praticada em 1/3 das propriedades rurais" (Embrapa, 2013). A produção de leite em Rondônia, ainda quando território do Brasil, foi iniciada de forma comercial no final da década de 70. Em 1983, por iniciativa do governo estadual, foi instalada uma usina de leite denominada Ouro Branco, em Porto Velho. Na época, os produtores rurais com fazendas próximas da capital forneciam leite diariamente para a indústria. Poucos anos depois, a indústria foi transferida para Ouro Preto do Oeste, região com maior produção. Pouco a pouco foram sendo instaladas novas indústrias, e os produtores de leite hoje são mais de 38 mil em todo o Estado. No estado de Rondônia, no período de 2002 a 2013, a fonte de crescimento da produção foi o aumento do número de vacas ordenhadas, visto que a produtividade não cresceu no período. Esse resultado difere do que aconteceu no país no mesmo período, cuja principal fonte de crescimento da produção foi a produtividade. Em 2014, segundo o levantamento do IBGE, o parque industrial lácteo rondoniense era composto por: 37 laticínios ativos cadastrados no SIF que processavam 99,32% do leite inspecionado; 17 laticínios cadastrados no SIE que processavam 0,6% do volume de leite industrializado e 18 laticínios com o SIM, que processavam 0,08%, aproximadamente, do volume de leite industrializado. Nos últimos anos, o parque industrial de Rondônia diversificou em variedade de produtos lácteos. A muçarela, principal produto, outros queijos, iogurte e manteiga são alguns dos produtos fabricados há vários anos. Atualmente, existem mais três fábricas que processam leite em pó e soro em pó, uma de soro em pó, duas de leite condensado, entre outros produtos. A capacidade industrial instalada em Rondônia é suficiente para receber o leite produzido e, inclusive, atender satisfatoriamente aos picos de produção. Atualmente, os laticínios recebem diariamente a média de 1,9 a 2,3 milhões de litros de leite, conforme o período do ano. Entre as empresas com SIF, duas possuem 10 indústrias de laticínios e processam 60% do leite, aproximadamente. O restante do leite é dividido entre as 27 demais empresas. No quesito sanidade animal, a partir do ano 2000, com o início da estruturação da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastorial do Estado de Rondônia (IDARON), contando com o apoio de várias entidades parceiras (SEAGRI-RO, EMATER, CEPLAC, FEFA-RO, EMBRAPA), Rondônia iniciou campanhas sistemáticas de vacina contra aftosa do rebanho bovino, que culminou, em Maio de 2003, na Declaração Internacional pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como zona livre de aftosa com vacinação. O acompanhamento da cobertura vacinal para febre aftosa e brucelose é realizado pela Agência IDARON através de suas coordenações de programas, além de ser monitorada pelo MAPA. Este, por sua vez, tem também acompanhado os índices de vacinação contra brucelose dos estados brasileiros, no qual Rondônia se destaca por ter índice médio de 85,68%. É inegável que a nova situação de zona livre de febre aftosa com vacinação estimulou a crescente produção do rebanho bovino estadual, pois os produtos rondonienses assumiram um novo patamar de competitividade nacional e internacional. A IDARON e os proprietários de bovinos têm a grande responsabilidade de manter o status livre da aftosa para Rondônia. A Agência faz a vigilância, a orientação e a fiscalização, e o proprietário deve cumprir com seus deveres, destacando-se, dentre outros, vacinar o rebanho, transitar animais apenas com a Guia de Trânsito Animal (GTA), bem como notificar a existência de animais doentes. Entre os anos de 2011 e 2012, uma investigação foi realizada por pesquisadores da EMBRAPA em 236 rebanhos bovinos de Rondônia para aferir a qualidade do leite, de acordo com a Instrução Normativa nº 62/2011 do MAPA. Dos rebanhos avaliados, 107 rebanhos (45,1%) apresentaram resultados da CCS>200.000 CS/ml e 166 rebanhos (70,3%) apresentaram CTB>100.000 UFC/ml (EMBRAPA, 2013). O rebanho rondoniense apresenta maior dificuldade para se adequar aos índices da CBT, mas ainda precisa melhorar também o índice para CCS. Para atingir tais metas, boas práticas no manejo da ordenha e a granelização do leite são pontos essenciais. A maior mudança ocorrida para a melhoria da qualidade do leite em Rondônia foi a adoção do tanque de expansão para resfriamento do leite. Em 2002, apenas 5,25% utilizavam esse equipamento, passando a 82,50% em 2013. Atualmente, somente 17,50% dos produtores entrevistados não têm acesso ao resfriamento de leite. Esse resultado mostra uma evolução expressiva no sistema de coleta do leite, resultando em melhoria na qualidade do leite entregue nos laticínios.
O agronegócio tem grande importância econômica e social no estado de Rondônia. Do total de exportações estaduais em 2014, 87% foram oriundas da carne e lavouras permanentes, enquanto que 20% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 estava relacionado ao agronegócio, proveniente de 115,4 mil propriedades rurais (Governo do Estado de Rondônia, 2014; SEPOG, 2014; SEPOG, 2015). A agricultura familiar contribui significativamente para a geração de emprego e renda no Estado. Em 2014 havia mais de 75 mil agricultores familiares, e foram contratados mais de 715 milhões de reais em contratos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) em Rondônia (Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2015). Em uma pesquisa realizada pela Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Regularização Fundiária (SEAGRI) em 2015 junto com as agroindústrias familiares no estado de Rondônia, foram coletados dados de 505 estabelecimentos, dos quais 25,9% (136) elaboravam produtos derivados do leite, 15,6% (82) elaboravam polpas de frutas, 12,2% (64) produziam pães, biscoitos e massas, 10,9% (57) trabalhavam com derivados da mandioca (farinha, fécula), 8,6% (45) beneficiavam frangos de corte e 6,7% (35) produziram doces e compotas. Outras agroindústrias também produziram mel de abelha, derivados da cana de açúcar, embutidos e defumados, conservas e marinados, pescado, ovos, carne suína, legumes e verduras, café torrado e moído, condimentos, derivados de trigo, milho e babaçu, entre outros. A mesma pesquisa revelou ainda que 23,4% (123) estabelecimentos agroindustriais estavam instalados nos municípios do território Madeira Mamoré, 22,5% (118) estavam na região do Cone Sul, 20,7% (109) estavam nos municípios do Vale do Jamari, 9,5% (50) estavam no território do Rio Machado e 7,4% (39) estavam em municípios da Zona da Mata e Vale do Guaporé. Esses dados evidenciam que as agroindústrias estão bem distribuídas de norte a sul de Rondônia, especialmente ao longo dos municípios com acesso direto pela rodovia BR 364. As agroindústrias familiares compõem parte dos estabelecimentos pesquisados, porém não foi possível determinar o quanto elas representam do total. Segundo Mior (2005), a agroindústria familiar rural é uma forma de organização em que a família rural produz, processa e/ou transforma parte de sua produção agrícola e/ou pecuária, visando, sobretudo, à produção de valor de troca que se realiza na comercialização. Para Pelegrini e Gazolla (2008), entende-se a agroindústria familiar como uma atividade de produção de produtos agropecuários com consequente transformação destes em derivados alimentares de diversos tipos, ocorrendo, nesse processo, a agregação de valor ao produto final. Os autores ainda ressaltam que nesses empreendimentos há grande relevância do trabalho e da gestão por parte do próprio núcleo familiar, que empresta sentidos, significados e as estratégias que serão adotadas nessa atividade. Salienta-se que as agroindústrias familiares devem se formalizar enquadrando-se em uma das nas atividades econômicas pertencentes às seções ”Agricultura, Pecuária e Serviços Relacionados” e “Indústria de Transformação” da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). Quando a unidade de produção agropecuária processa matéria-prima própria, ou seja, quando for oriunda da propriedade rural do agricultor, ela é considerada como atividade agropecuária, enquadrando-se na seção ”Agricultura, Pecuária e Serviços Relacionados” da CNAE, e os produtos derivados dessa produção seguem regramento tributário igual ao dos produtos agropecuários. Portanto, o agricultor familiar (pessoa física) pode explorar a atividade de processamento agropecuário, desde que ele utilize matéria-prima própria. Nesse caso, deverá inscrever-se em cadastro próprio juntamente com a Secretaria de Finanças do Estado, obtendo o seu registro de Produtor Rural. Caso os estabelecimentos agroindustriais processem matéria-prima de terceiros, então o empreendimento deve ser formalizado enquadrando-se na seção “Indústria de Transformação” da CNAE. Sendo assim, há duas opções ao empreendedor: ou que se constitua em uma empresa, passando o empreendedor a ser Empresário e não mais agricultor; ou que, juntamente com outros agricultores, constitua uma cooperativa. Em ambos os casos será necessário que seja efetuado o registro do empreendimento na Junta Comercial do Estado e no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). Além disso, é necessário que a agroindústria realize seu registro em outros órgãos: Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Caixa Econômica Federal (CEF), Prefeitura Municipal e que obtenha autorizações de funcionamento e licenças emitidas por órgãos de controle sanitário e ambiental, tais como: em âmbito federal, no Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e na Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA); em âmbito estadual, na Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental do Estado de Rondônia (SEDAM) e na Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (IDARON); e em âmbito municipal, na Vigilância Sanitária Municipal e na Secretaria Municipal de Meio Ambiente ou órgão equivalente. Dependendo da atividade econômica e do porte do empreendimento, registros em outros órgãos de controle poderão ser exigidos. Ressalta-se a característica de heterogeneidade do setor agroindustrial, que além de possuir uma diversidade de produtos com diferentes finalidades (alimentar, energética, cosmética, fitoterápica, artesanal), também utiliza matérias-primas com diferentes origens (animal ou vegetal, de cultivo ou extrativismo, in natura ou processada, própria ou de terceiros), e possui variados graus de tecnificação, escalas de produção, utilização de mão de obra familiar, capacidade de armazenamento e estratégias de mercado. Os projetos de incentivo ao setor agroindustrial do Sebrae devem estar atentos às características explicitadas, de modo a fortalecer segmentos enfraquecidos e manter o crescimento de segmentos já consolidados. Alia-se a isso a necessidade de atentar-se aos programas e projetos de apoio a agroindustrialização implementados por instituições parceiras. Exemplo disso foram as doações de equipamentos para processamento e armazenamento de produtos para implantação ou ampliação de agroindústrias familiares organizadas em associações ou cooperativas, realizadas nos últimos três anos pela SEAGRI. Além disso, a criação do Programa de Verticalização da Pequena Produção Agropecuária do Estado de Rondônia (PROVE-RO), por meio da Lei nº 2.412 de 18 de Fevereiro de 2011, regulamentado por meio do Decreto nº 18.686 de 17 de Março de 2014, facilitou a implantação de pequenas agroindústrias familiares, desburocratizando a regularização sanitária desses estabelecimentos. Dessa forma, o apoio do Sebrae ao desenvolvimento das agroindústrias do estado de Rondônia através de projetos GEOR vai exigir uma gestão muito próxima do público alvo, devido à grande variedade das demandas específicas dos diferentes segmentos de agroindústrias. Pelo mesmo motivo, os resultados dos projetos precisam ser elaborados considerando as peculiaridades de cada segmento, sob pena de se tornarem de difícil mensuração. Por outro lado, esses resultados devem ser aplicáveis a qualquer perfil de agroindústria, independente do segmento em que esta atue, mas que exprima o alcance do objetivo do projeto. Por fim, a gestão também deve estar próxima e atenta às ações dos demais parceiros do projeto, especialmente àqueles que possam contribuir para elevar a competitividade dos pequenos negócios agroindustriais tais como as ações de melhoria de infraestrutura, de capacitação e de regularização sanitária e ambiental.
Diariamente o bombardeio tem sido enorme. É crise política, crise econômica, crise nas vendas e uma nova crise que será noticiada no jornal de amanhã. São tantas crises, que o empresário deve se armar para contra-atacar e reestabelecer seu espaço na trincheira do mercado e do bolso com estratégias com maior impacto. Desta forma, recomenda-se apelar para o marketing de guerrilha. Trata-se de uma estratégia surgida no final dos anos 70 por pequenos negócios objetivando se destacar das grandes empresas. O marketing de guerrilha deu tão certo que hoje as grandes empresas também tem usado este artifício para aprisionar os consumidores. E, se as grandes empresas já utilizam, é fundamental que o empresário de pequeno negócio saiba utilizar e buscar táticas para se destacar ainda mais. Algumas das táticas mais utilizadas são: Arte Urbana: são formas básicas de comunicação que capturam a atenção das pessoas nas ruas, tais como painéis ou pinturas tipo pichação nos muros; Ambush marketing/marketing de emboscada: misturam-se equipes para interagirem nos ambientes onde o público-alvo está; Evento/patrocínio: eventos e patrocínios focados no público-alvo são desenvolvidos ou localizados para a marca ter forte apelo; Marketing Invisível: As pessoas são expostas ou interagem com uma ideia, marca ou produto sem perceber que se trata de uma experiência de comunicação. Pode se dar: (a) on-line: monitoramento e interação em fóruns e comunidades on-line; e (b) off-line: interação casual e fluida com o público-alvo; Performance: por meio de ações de corpo-a-corpo, shows relâmpagos, teatro de rua, instalações e passeatas a mensagem é transmitida. Como exemplo uma ducha tipo uma máquina de refrigerante nas praias, uma projeção com animação em um prédio histórico; Propaganda de Guerrilha: utiliza-se a mídia tradicional de modo inovador ou, ainda, cria-se meios de comunicação novos, tais como moedas adesivadas no verso lançadas no chão de ruas próximas ao negócio com uma mensagem relacionada ao baixo preço; PR Stunt: ativa-se a assessoria de imprensa desde o início do processo potencializando o impacto das ações desenvolvidas;e Web/viral: são ações online fortes ao ponto do internauta passar adiante, tais como hotsites, blogs, podcasts e e-mails virais. Conhecendo agora algumas das técnicas de marketing de guerrilha, lembre-se de buscar utilizar estrategicamente, afinal de contas, você não sabe se o seu concorrente também acabou de ler este texto…
O Setor Agropecuário é um dos mais importantes da economia do Estado de Rondônia e a pecuária representa em termos de atividade econômica a 8º maior do país e a 3° maior da Região Norte. A pecuária leiteira por sua vez é um dos segmentos com grande importância principalmente por ser exercida no âmbito da agricultura familiar, “ é praticada em 1/3 das propriedades rurais” (Embrapa 2013). O Segmento lácteo de Rondônia é um dos únicos a contar com uma política pública de grande relevância para o seu desenvolvimento, materializada por meio do Conselho de Desenvolvimento do Agronegócio Leite de Rondônia – CONDALRON, sendo responsável pela deliberação dos investimentos dos recursos oriundos do Fundo Proleite gerados a partir da renúncia fiscal de percentual do ICMS do leite, o que demostra o compromisso do Governo de Rondônia com o desenvolvimento desse segmento. O presente estudo – Diagnóstico da Cadeia Produtiva do Leite, representa um instrumento referencial para investimentos em ações de melhoria visando o fortalecimento desse segmento, a partir do conhecimento de pontos fortes e pontos que apresentam fragilidades, possibilitando um foco mais preciso nas intervenções, além de oferecer maior embasamento aos empreendimentos atuais e novos, à disponibilização de créditos pelas instituições financeiras, permitindo também um maior direcionamento dos recursos públicos. A entrega deste estudo representa também um marco nas relações interinstitucionais entre o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Rondônia – Sebrae/RO e o Governo do Estado, não sendo este um produto estático, será necessário uma atualização periódica para o monitoramento dos progressos obtidos nessa cadeia produtiva, e o crescente investimento em melhorias com inovação e maior posicionamento de mercado. Clique no link abaixo e acesse o PDF do Diagnóstico do Leite e Derivados do Estado de Rondônia (55 megabites).
Produção, torrefação e comercialização de café no Brasil O país tem cerca de 287 mil cafeicultores, predominando micro e pequenos proprietários rurais, com um parque cafeeiro estimado em 2,3 milhões de hectares, espalhados por 1.900 municípios. O tamanho médio da área de lavoura é de 8,1 hectares por agricultor (MAPA, 2014b). A produção agrícola de café está concentrada em Minas Gerais, mas a industrialização do café torrado e moído está espalhada por todo o Brasil. São 1.428 indústrias, de todos os portes, que processam café no país (ABIC, 2015). Cerca de 64% deste total é de microempresas e outros 19% são pequenas empresas. A maior parte delas possui administração familiar e se caracteriza por baixo nível tecnológico e gerencial, associado à falta de recursos para investimentos e reduzidas margens de lucro. As empresas torrefadoras com gestão de perfil familiar não apresentam grande preocupação com planejamento, com a gestão ou com a tecnologia. Normalmente, são de atuação restrita ao município ou, no máximo, às cidades circunvizinhas à sua sede. (MORICOCHI et al., 2003). Em São Paulo existem mais ou menos 300 empresas torrefadoras, das quais cerca de 75% são microempresas e outros 21% são pequenas empresas (ABIC, 2014). A administração é familiar em 36% das torrefadoras de São Paulo (MORICOCHI, 2003). Em Minas Gerais, o setor é ainda mais pulverizado que a média nacional, com 375 indústrias formais que processam café em 183 municípios, destinando a produção essencialmente à sua microrregião. Dessas indústrias, 92% são microempresas e 7% são pequenas empresas. Entre elas há forte competição via preço, com pouco ou nenhum investimento em diferenciação (CHAIN, 2014). A abrangência regional das torrefadoras mineiras é ilustrada pelas vendas: 42% da produção é vendida no próprio município e outros 42% são vendidos dentro do estado de Minas Gerais (ABRANTES et al., 2006). No Espírito Santo, as empresas apresentam uma produção média mensal de 21.400 kg de café torrado e moído, caracterizando seu pequeno porte. As dificuldades principais enfrentadas pelas torrefadoras, na opinião dos proprietários, são: concorrência desleal (35%), tributação (25%). Os principais desafios da maioria das empresas de torrefação estão vinculados a questões internas, de gestão, mais do que a questões externas, de mercado. A falta de profissionalismo na administração torna difícil pensar em qualquer ação antes de se resolver esta situação. As principais demandas por atualização tecnológica dos torrefadores brasileiros são: acondicionamento, design de embalagens, rotulagem, substituição dos moinhos a martelo por sistemas mais avançados, torradores, sistema de arrefecimento, laboratórios de controle de qualidade e outros (VEGRO et al., 2005). Pode-se acrescentar a esta lista a necessidade de possuir na linha de produtos da indústria alguma apresentação que permita participar do promissor mercado das doses individuais de café. A saída para as pequenas e médias empresas é o investimento em segmentação e diferenciação, de forma que consigam escapar dessa armadilha da economia de escala provocada pelas grandes empresas. Diversos produtos derivados do café vêm sendo apresentados ao mercado, como: Drip coffee – kit completo e descartável, composto de copo, coador, café torrado e moído em sachê, açúcar e colher; Café em creme para comer – com proteína, café e cacau; Café com leite – pronto para beber, em embalagens grandes e pequenas; além de café em lata; balas de café e cosméticos (ORMOND; PAULA; FAVERET FILHO, 1999). Assim, o subsetor de torrefação se caracteriza por: grande concentração de mercado em poucas empresas; ausência de barreiras à entrada; baixo nível tecnológico e gerencial das micro e pequenas empresas; grande competição via preço; incidência significativa de sonegação fiscal e desrespeito à legislação trabalhista; utilização de material de baixa qualidade. De um universo de 1.428 torrefadoras, apenas 410 são associadas à ABIC e se submetem ao controle de padrão de pureza. Apesar disso, a ABIC analisa amostras de café de mais de 800 fabricantes para fins de monitoramento da pureza do café no mercado brasileiro. A cada 10 mil sacas de aumento de produção, são gerados 9 empregos nas torrefadoras, 8 nos demais segmentos da cadeia produtiva do café e mais 70 devido ao efeito renda em outros setores da economia (VEGRO et al.,2005).