Bruno Quick
Diretor Técnico do Sebrae
No momento em que o Sebrae completa 50 anos de vida, estamos celebrando, antes de mais nada, o avanço e a consolidação no Brasil daquele que é o motivo da existência da instituição: o setor dos pequenos negócios.
No distante 1972, nem mesmo se usava a palavra microempresa. O segmento era tão desamparado que carecia de nome para identificá-lo com clareza. Quando o Cebrae nasceu, assim mesmo com “C”, sigla de Centro Brasileiro de Assistência Gerencial à Pequena e Média Empresa, era na verdade um apêndice das firmas de maior porte. E levaria quase duas décadas para que conquistasse autonomia, em 1990, e passasse a assinar Sebrae com “S”, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.
Desde aqueles anos pioneiros, a realidade do setor mudou muito – e para melhor. Atualmente, os pequenos negócios representam 30% de todas as riquezas produzidas no país, expressas pelo PIB nacional. Essa fatia era bem menor, de 21%, em 1985, conforme estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Embora não haja números disponíveis para comparação com um período mais remoto, é útil lançar o olhar para a evolução desde a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. Em 2007, o Brasil contava então com 2,5 milhões de firmas no setor. Agora, em 2022, elas somam 19,3 milhões, um salto expressivo de mais de 675%, em pouco mais de 15 anos, incluindo-se as Microempresas (ME), as Empresas de Pequeno Porte (EPP) e os Microempreendedores Individuais (MEI).
Caminhando passo a passo com a economia, também são significativos os benefícios sociais proporcionados pelo setor aos brasileiros. Vale observar que uma empresa é um ator fundamental em qualquer sociedade moderna e desenvolvida. Não por acaso, a maioria das firmas se inicia por meio de um contrato social.
Ele é mais do que um documento pró-forma destinado a cartórios e juntas comerciais – para além da relação entre os sócios, estabelece uma relação contratual das empresas com a sociedade à qual vão servir. Isso se dá, por exemplo, com aquelas inseridas em bairros, comunidades e municípios menores. A relação de servir é muito próxima, sobretudo quando se considera o exemplo da farmácia, da padaria, do mercadinho ou dos serviços de reparos, integrados ao cotidiano de tantas pessoas.
Portanto, é da natureza da empresa ter uma função social, característica que fica evidente também num cenário mais amplo, como na geração de emprego e renda, crucial para as famílias. Mais da metade dos postos de trabalho com carteira assinada estão nos pequenos negócios, sendo que 44% de todos os salários pagos no país também vêm daí. Em consequência, os pequenos negócios contribuem para o sustento de 86,5 milhões de brasileiros, o equivalente a 40% da população, segundo levantamento do DataSebrae. No caso dos MEI, registre-se o acesso a direitos de cidadania, como a aposentadoria.
O Sebrae tem imenso orgulho de ter ajudado o setor a chegar ao patamar que está agora. Num primeiro momento, a instituição tratou de contribuir para a melhoria da gestão empresarial, com capacitações, treinamentos e consultorias individualizadas. A esse caminho, incorporou o de trabalhar pela elevação do padrão dos coletivos de empresas em seus encadeamentos produtivos. Finalmente, o esforço ampliou-se para a criação de políticas públicas que pudessem facilitar a vida dos empreendedores e melhorar o ambiente de negócios. Esses três eixos continuam a rodar, em sincronia, para que os empreendedores possam ter sucesso em suas iniciativas.
Os progressos aqui resumidos não trazem uma visão apologética do que se passou nas cinco décadas. Os que participaram dessa obra monumental sabem que a jornada foi, é e continuará sendo árdua, na construção permanente do Sebrae que o Brasil precisa. Os problemas colocados diante dos pequenos negócios, hoje, certamente são tão desafiadores como aqueles dos anos 1970. Pelos próximos 50 anos, o Sebrae continuará, ombro a ombro, com os micro e pequenos empresários e com os microempreendedores, na busca sempre por dias melhores.
Artigo publicado no livro "Sebrae 50 Anos: Criar o Futuro é Fazer História"
Foto: Erivelton Viana/Sebrae
Sobre o Sebrae 50+50
As atividades que marcam os 50 anos de existência giram em torno do tema “Criar o futuro é fazer história”. Denominada Projeto Sebrae 50+50, a iniciativa enfatiza os três pilares de atuação da instituição: promover a cultura empreendedora, aprimorar a gestão empresarial e desenvolver um ambiente de negócios saudável e inovador para os pequenos negócios no Brasil. Passado, presente e futuro estão em foco, mostrando a evolução desde a fundação em 1972 até os dias de hoje, com um olhar também para os novos desafios que virão para o empreendedorismo no país.
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Abrir uma startup dá trabalho e muitos empreendedores não veem a hora de conquistar um aporte para poder expandir seus negócios. Mas, investimentos são baseados em critérios como confiança, retorno sobre o capital e o encaixe entre as estratégias do fundo e da empresa investida. Por isso, um investimento em early-stage (fase inicial) pode demorar mais do que você pensa. Cada investidor tem um timing próprio e um processo de avaliação diferente. No Brasil, existem quatro tipos mais comuns de investidores:1. Angels que atuam individualmente Também conhecidos como “investidores-anjo”, se tiverem boas referências do empreendedor e do projeto, podem levar de 2 a 8 semanas para investirem uma média de R$ 100 mil (ou até mais que isso, em alguns casos).2. Grupos de Angels Grupos de angels atuando em conjunto costumam avaliar projetos em fóruns semestrais. Aproveitando a janela de oportunidade e sendo aprovado para os fóruns na hora certa, você pode conseguir de R$ 200 mil a R$ 500 mil em até 3 meses.3. Fundos de capital semente com recursos privados (como a Astella ou Monashees): Os fundos com recursos privados geralmente definem suas próprias regras porque tem mais flexibilidade para negociar acordos junto aos seus diversos investidores. Alguns deles podem avaliar sua empresa, sumir por um tempo e reaparecer com uma proposta. Outros podem ajudá-lo a melhorar a empresa informalmente e, ao final de vários meses de interação constante, fazerem uma proposta formal de investimento para fechá-la em poucos dias. Fundos como esses tendem a fazer um primeiro aporte de R$ 200 mil a R$ 1 milhão em um período entre 3 a 6 meses para projetos realmente atrativos.4. Fundos de capital semente com capital público em sua composição (como a Confrapar e alguns fundos da FIR Capital) Nesse caso, os fundos têm regras específicas e investidores institucionais, aumentando a formalidade do processo de avaliação. Por isso, podem levar de 3 a 6 meses somente para avaliar se a empresa está apta a receber um investimento de entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões. Na média, projetos maduros recebem R$ 2 milhões em até 6 meses, contando 3 meses para avaliação e 3 meses migrando a empresa para a nova estrutura de capital. Como organizar seu contato com investidores Interagir com o tipo certo de investidor é importante porque traz conselhos relevantes e ajuda a medir a atratividade do seu projeto. Mesmo assim, essa prática deve ser muito bem gerenciada: o empreendedor não pode ficar muito tempo sem obter feedback, mas também não pode gastar tempo demais atendendo às demandas dos investidores. Também é importante ressaltar que a pior hora para conseguir investimentos é quando o dinheiro acaba, a ponto do projeto congelar ou mesmo morrer. Planeje-se para engrenar sua startup antes dessa hora chegar ou gerencie seu contato com os investidores certos para acioná-los na hora certa. Autor convidado: Yuri Gitahy, fundador da Aceleradora.