Eduardo Diogo
Diretor de Administração e Finanças do Sebrae
Estamos começando neste 5 de julho a jornada do Sebrae para mais meio século de dedicação ao empreendedorismo no Brasil. Essa caminhada será tão ou mais bem-sucedida do que foi até agora se a instituição souber ampliar seus esforços para uma missão fundamental no mundo contemporâneo: formar líderes capazes de conduzir com eficiência tanto os negócios de suas empresas quanto de se dedicar à construção de um Brasil melhor.
Cabe ao Sebrae, portanto, expandir suas iniciativas para qualificação de seu público-alvo, formado por mais de 20 milhões de micro e pequenas empresas e microempreendedores individuais, mantendo sempre um nível de consciência mais elevado, atuando de fato para os 215 milhões de brasileiros.
Que tipo de líderes necessitamos para o enfrentamento dos enormes desafios do país? Em primeiro lugar, é necessário o líder empreendedor, disposto a assumir riscos e investir na construção de um novo negócio, contribuindo para a geração de emprego e renda. Contudo, a noção de empreendimento deve ser mais ampla, incluindo iniciativas no terceiro setor e na política.
Cada vez mais, a nação precisa de líderes com as mãos limpas e capazes de empunhar, com firmeza, a bandeira da ética, desenhada com princípios e valores de respeito ao bem público. É imperativo incentivar o surgimento e o desenvolvimento de líderes sem a vertigem das alturas, que rejeitem o convite das horas fáceis e que encarem a liderança como oportunidade de servir, tanto em segmentos específicos como à sociedade em geral.
Nesse contexto, uma tarefa vital é preparar os nossos jovens para que possam assumir papéis de vanguarda. O desenvolvimento de novas lideranças deve ir muito além da abordagem tradicional e do que o atual sistema educacional estabelecido oferece.
Nesse sentido, destaco quatro focos adicionais de aprendizado lato sensu. O primeiro é o de uma base formacional psicológica: autoconhecimento, autoconfiança, desenvoltura, comprometimento, companheirismo, resiliência e adaptabilidade.
O segundo se refere à elevação do nível de consciência, com um olhar em construções coletivas. O terceiro trata de valores e princípios morais, temática pouco discutida nos dias de hoje. O quarto pode parecer antiquado, mas possui grande atualidade: civismo. O civismo se refere aos aspectos organizadores básicos da vida em sociedade e da dedicação ao interesse público comum. As ações cívicas devem ser estimuladas e valorizadas.
O presidente americano John F. Kennedy, em janeiro de 1961, ao tomar posse, proferiu sua famosa frase: “Não pergunte o que seu país pode fazer por você; pergunte o que você pode fazer pelo seu país”. Naquele momento, ele estava incentivando cada americano a colaborar de alguma forma para o bem público e gerando reflexões sobre como essas ações cívicas podem ser aplicadas no contexto de nossas vidas cotidianas.
O percurso desse caminhar se faz com respeito ao semelhante. Um verdadeiro líder jamais pode ser para a equipe algo que impeça o crescer e o florescer de quem está ao seu lado. Pessoas em postos de comando, que são centralizadoras na execução, autoritárias, tornam-se danosas para a geração de novos talentos. Líderes de fato procuram constantemente identificar talentos ainda a serem despertados, e lhes dão oportunidade de ascender, geram um senso de inclusão, de pertencimento a algo maior, de identidade. Criam um ambiente onde cada pessoa tenha reconhecido o seu valor.
Disseminar esses conceitos entre nossos jovens e praticá-los com afinco no dia a dia – certamente farão emergir uma geração melhor, mais apta a guiar o setor dos pequenos negócios e alçar o país a um patamar sem precedentes em nossa história. Um rumo essencial para mais 50 anos de Sebrae, sempre de mãos dadas com o nosso Brasil!
Artigo publicado no livro "Sebrae 50 Anos: Criar o Futuro é Fazer História"
Foto: Erivelton Viana/Sebrae
Sobre o Sebrae 50+50
As atividades que marcam os 50 anos de existência giram em torno do tema “Criar o futuro é fazer história”. Denominada Projeto Sebrae 50+50, a iniciativa enfatiza os três pilares de atuação da instituição: promover a cultura empreendedora, aprimorar a gestão empresarial e desenvolver um ambiente de negócios saudável e inovador para os pequen72 os negócios no Brasil. Passado, presente e futuro estão em foco, mostrando a evolução desde a fundação em 19até os dias de hoje, com um olhar também para os novos desafios que virão para o empreendedorismo no país.
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Abrir uma startup dá trabalho e muitos empreendedores não veem a hora de conquistar um aporte para poder expandir seus negócios. Mas, investimentos são baseados em critérios como confiança, retorno sobre o capital e o encaixe entre as estratégias do fundo e da empresa investida. Por isso, um investimento em early-stage (fase inicial) pode demorar mais do que você pensa. Cada investidor tem um timing próprio e um processo de avaliação diferente. No Brasil, existem quatro tipos mais comuns de investidores:1. Angels que atuam individualmente Também conhecidos como “investidores-anjo”, se tiverem boas referências do empreendedor e do projeto, podem levar de 2 a 8 semanas para investirem uma média de R$ 100 mil (ou até mais que isso, em alguns casos).2. Grupos de Angels Grupos de angels atuando em conjunto costumam avaliar projetos em fóruns semestrais. Aproveitando a janela de oportunidade e sendo aprovado para os fóruns na hora certa, você pode conseguir de R$ 200 mil a R$ 500 mil em até 3 meses.3. Fundos de capital semente com recursos privados (como a Astella ou Monashees): Os fundos com recursos privados geralmente definem suas próprias regras porque tem mais flexibilidade para negociar acordos junto aos seus diversos investidores. Alguns deles podem avaliar sua empresa, sumir por um tempo e reaparecer com uma proposta. Outros podem ajudá-lo a melhorar a empresa informalmente e, ao final de vários meses de interação constante, fazerem uma proposta formal de investimento para fechá-la em poucos dias. Fundos como esses tendem a fazer um primeiro aporte de R$ 200 mil a R$ 1 milhão em um período entre 3 a 6 meses para projetos realmente atrativos.4. Fundos de capital semente com capital público em sua composição (como a Confrapar e alguns fundos da FIR Capital) Nesse caso, os fundos têm regras específicas e investidores institucionais, aumentando a formalidade do processo de avaliação. Por isso, podem levar de 3 a 6 meses somente para avaliar se a empresa está apta a receber um investimento de entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões. Na média, projetos maduros recebem R$ 2 milhões em até 6 meses, contando 3 meses para avaliação e 3 meses migrando a empresa para a nova estrutura de capital. Como organizar seu contato com investidores Interagir com o tipo certo de investidor é importante porque traz conselhos relevantes e ajuda a medir a atratividade do seu projeto. Mesmo assim, essa prática deve ser muito bem gerenciada: o empreendedor não pode ficar muito tempo sem obter feedback, mas também não pode gastar tempo demais atendendo às demandas dos investidores. Também é importante ressaltar que a pior hora para conseguir investimentos é quando o dinheiro acaba, a ponto do projeto congelar ou mesmo morrer. Planeje-se para engrenar sua startup antes dessa hora chegar ou gerencie seu contato com os investidores certos para acioná-los na hora certa. Autor convidado: Yuri Gitahy, fundador da Aceleradora.