José Roberto Tadros
Presidente do Conselho Deliberativo Nacional do Sebrae e da Confederação Nacional do Comércio
O Sebrae alcança essa marca no dia 5 de julho de 2022. Trata-se de um momento especial, no qual queremos recordar o passado, celebrar o presente e semear o futuro.
A população brasileira ainda permanece relativamente jovem, portanto, poucos viveram o suficiente para recordar o Brasil de 50 anos atrás. No ano de 1972, estávamos fazendo as primeiras transmissões de TV em cores, estávamos construindo o primeiro computador do país na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e criando a Telebras para expandir as conexões telefônicas com fio pelo território nacional. Quanta diferença para a realidade atual, em que prevalece a conectividade digital!
Naquele período, havia uma grande preocupação com o tema do desenvolvimento. O país precisava de uma economia em crescimento, que gerasse empregos, que proporcionasse o acesso aos bens e serviços característicos de uma sociedade urbana e moderna, que oferecesse uma perspectiva promissora para os jovens, a maioria da nossa população. Vejam quanta semelhança em relação aos nossos desafios contemporâneos, mesmo depois de tanto tempo.
O Sebrae foi criado dentro desse contexto. Evidente que a instituição vem sendo aprimorada, ajustada e melhorada ao longo do tempo, porém, desde o seu início, o intento era o mesmo: oferecer apoio, suporte, incentivo e sustentação aos pequenos negócios. Havia, já naquele momento, a convicção de que era estratégico, justo e correto buscar na contribuição das grandes empresas os recursos necessários à promoção do empreendedorismo.
Importa revisitar esse tema porque, repetidamente, ouvimos vozes isoladas e um tanto desinformadas que questionam a pertinência dessa decisão que orientou nossos fundadores. Contudo, o simples caminhar aleatório por qualquer parte do território brasileiro é suficiente para aferir a importância elementar dos pequenos negócios em nossa economia. Os pequenos negócios representam a quase totalidade das empresas, mais da metade dos empregos e quase um terço da riqueza produzida no país.
Alguns, por falta de argúcia, poderiam argumentar que se trata de uma necessidade do passado, superada pelo tempo. É óbvio que experimentamos grandes mudanças nesses 50 anos. Todavia, um exame meramente superficial das transformações econômicas é suficiente para demonstrar que os fundamentos da missão atribuída ao Sebrae permanecem válidos.
Observem que a agricultura foi se tornando mecanizada, intensiva em tecnologia e engenharia genética. A indústria foi se tornando automatizada, intensiva em robótica e informática. Cresceu o fenômeno do “desemprego estrutural”. Comércio e serviços passaram a concentrar a maior parte das ocupações. Economia digital e economia criativa são as tendências dominantes da contemporaneidade.
Temos vivido um longo período de severas limitações no investimento público e privado. Nosso Produto Interno Bruto (PIB), hoje, depende, em grande parte, do consumo das famílias. Nesse cenário, cada vez mais, serão os pequenos negócios os maiores geradores de emprego e renda. Assim, o propósito do Sebrae cresce em relevância para o desenvolvimento do país e projeta um futuro de maiores desafios e responsabilidades.
Além de serem os maiores geradores de postos de trabalho, os pequenos negócios são também os que mais rapidamente se adaptam às mudanças do mercado, sendo, portanto, os principais portadores de soluções inovadoras.
Fortalecer o empreendedorismo tem se revelado a mais eficiente política pública de superação da pobreza, da exclusão social e da desigualdade econômica. Certamente, na experiência brasileira, o Sebrae é a instituição que reúne o maior conhecimento e experiência na promoção do empreendedorismo, com capacidade operacional, qualidade técnica e credibilidade inquestionáveis.
Alcançar esse marco de 50 anos não teria sido possível sem a inestimável participação de todos aqueles que entregaram sua parcela de contribuição ao longo desta trajetória. É tarefa de todos nós manter viva essa história. Recordar, aprender com a experiência vivida, para renovar nossos compromissos!
Os dirigentes, colaboradores e parceiros que fazem o Sebrae de hoje têm a singular oportunidade de celebrar, com alegria e satisfação, os resultados dessa caminhada. Carregam também, simultaneamente, a imensa responsabilidade de semear o futuro e construir um novo legado nos próximos 50 anos.
O sentimento que nos toma é uma mistura de gratidão, orgulho e compromisso. Gratidão pela herança recebida, orgulho pelo que temos sido capazes de realizar e compromisso em continuarmos sendo um esteio da força do empreendedor brasileiro.
Nunca é ocioso repetir: somos o Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa. Nosso propósito é apoiar e servir aos brasileiros e brasileiras que todos os dias movimentam nossa economia com seu trabalho, sua resiliência, sua criatividade e seus sonhos.
Somos gratos em receber da sociedade brasileira uma tão nobre missão. Temos honrado, há 50 anos, este mandato. Vamos continuar presentes, em prontidão, com dedicação e competência, sendo, para sempre, o Sebrae que o Brasil precisa.
Artigo publicado no livro "Sebrae 50 Anos: Criar o Futuro é Fazer História"
Foto: Erivelton Viana/Sebrae
Sobre o Sebrae 50+50
As atividades que marcam os 50 anos de existência giram em torno do tema “Criar o futuro é fazer história”. Denominada Projeto Sebrae 50+50, a iniciativa enfatiza os três pilares de atuação da instituição: promover a cultura empreendedora, aprimorar a gestão empresarial e desenvolver um ambiente de negócios saudável e inovador para os pequenos negócios no Brasil. Passado, presente e futuro estão em foco, mostrando a evolução desde a fundação em 1972 até os dias de hoje, com um olhar também para os novos desafios que virão para o empreendedorismo no país.
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Abrir uma startup dá trabalho e muitos empreendedores não veem a hora de conquistar um aporte para poder expandir seus negócios. Mas, investimentos são baseados em critérios como confiança, retorno sobre o capital e o encaixe entre as estratégias do fundo e da empresa investida. Por isso, um investimento em early-stage (fase inicial) pode demorar mais do que você pensa. Cada investidor tem um timing próprio e um processo de avaliação diferente. No Brasil, existem quatro tipos mais comuns de investidores:1. Angels que atuam individualmente Também conhecidos como “investidores-anjo”, se tiverem boas referências do empreendedor e do projeto, podem levar de 2 a 8 semanas para investirem uma média de R$ 100 mil (ou até mais que isso, em alguns casos).2. Grupos de Angels Grupos de angels atuando em conjunto costumam avaliar projetos em fóruns semestrais. Aproveitando a janela de oportunidade e sendo aprovado para os fóruns na hora certa, você pode conseguir de R$ 200 mil a R$ 500 mil em até 3 meses.3. Fundos de capital semente com recursos privados (como a Astella ou Monashees): Os fundos com recursos privados geralmente definem suas próprias regras porque tem mais flexibilidade para negociar acordos junto aos seus diversos investidores. Alguns deles podem avaliar sua empresa, sumir por um tempo e reaparecer com uma proposta. Outros podem ajudá-lo a melhorar a empresa informalmente e, ao final de vários meses de interação constante, fazerem uma proposta formal de investimento para fechá-la em poucos dias. Fundos como esses tendem a fazer um primeiro aporte de R$ 200 mil a R$ 1 milhão em um período entre 3 a 6 meses para projetos realmente atrativos.4. Fundos de capital semente com capital público em sua composição (como a Confrapar e alguns fundos da FIR Capital) Nesse caso, os fundos têm regras específicas e investidores institucionais, aumentando a formalidade do processo de avaliação. Por isso, podem levar de 3 a 6 meses somente para avaliar se a empresa está apta a receber um investimento de entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões. Na média, projetos maduros recebem R$ 2 milhões em até 6 meses, contando 3 meses para avaliação e 3 meses migrando a empresa para a nova estrutura de capital. Como organizar seu contato com investidores Interagir com o tipo certo de investidor é importante porque traz conselhos relevantes e ajuda a medir a atratividade do seu projeto. Mesmo assim, essa prática deve ser muito bem gerenciada: o empreendedor não pode ficar muito tempo sem obter feedback, mas também não pode gastar tempo demais atendendo às demandas dos investidores. Também é importante ressaltar que a pior hora para conseguir investimentos é quando o dinheiro acaba, a ponto do projeto congelar ou mesmo morrer. Planeje-se para engrenar sua startup antes dessa hora chegar ou gerencie seu contato com os investidores certos para acioná-los na hora certa. Autor convidado: Yuri Gitahy, fundador da Aceleradora.