Com programação especial, instituição mostra como os pequenos negócios se tornaram imprescindíveis para o Brasil e beneficiam 86 milhões de pessoas no país
O Sebrae completa 50 anos de atuação em defesa dos pequenos negócios e do empreendedorismo, neste 5 de julho, com programação especial para celebração da data em Brasília, onde fica a sede, e nas unidades regionais em todo o país. Recentemente, a instituição foi incluída entre as 10 marcas mais fortes do Brasil, num levantamento com 1.700 nomes avaliados.
As atividades destacam a importância socioeconômica do empreendedorismo, em particular a conexão entre os pequenos negócios e o Brasil. Estudo do DataSebrae mostrou que nada menos que 86 milhões de brasileiros são beneficiados pela ação das micro e pequenas empresa e dos microempreendedores individuais (MEI). Esse número equivale a cerca de 40% da população total e é maior do que países como a Alemanha, a França, o Reino Unido e a Tailândia.
A celebração gira em torno do tema "Criar o futuro é fazer história", síntese do Projeto Sebrae 50+50, desenvolvido para mostrar o que a instituição faz no presente e o que espera para o futuro, tendo como referência suas conquistas e aprendizados do passado.
As origens em 1972
O Sebrae nasceu em 1972, como Cebrae, assim mesmo com C, sigla de Centro Brasileiro de Assistência Gerencial à Pequena e Média Empresa, numa sala modesta no centro do Rio de Janeiro, com poucos funcionários. A criação foi uma iniciativa do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (BNDE, hoje BNDES), vinculado ao então Ministério do Planejamento e Coordenação- Geral.
Participaram como fundadores o BNDE, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Associação Brasileira de Bancos de Desenvolvimento (ABDE). No estatuto aprovado, está descrita a finalidade em quatro pontos:
Participaram como fundadores o BNDE, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Associação Brasileira de Bancos de Desenvolvimento (ABDE).
No estatuto aprovado, está detalhado o tipo de assistência previsto, começando pela prestação de serviços de organização empresarial em todos os seus aspectos, em particular, o tecnológico, o econômico, o financeiro e o administrativo. Em seguida, vêm a formação, o treinamento e o aperfeiçoamento de pessoal técnico e administrativo, bem como de dirigentes. A atuação deveria se estender à realização de pesquisas, no ramo das ciências sociais e outros, relacionadas com a organização e as atividades das empresas. Finalmente, previa-se a implantação de um sistema brasileiro de assistência, o que, de fato, acabou acontecendo em pouco tempo.
Os primeiros dirigentes foram Roberto Procópio Lima Netto e João Lourenço Corrêa do Lago Filho, já falecido, para os cargos de presidente e diretor- executivo, respectivamente.
Só muito depois da fundação, em 1990, veio o Sebrae com "S", o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, que se desvinculou do governo federal e se tornou instituição autônoma.
Foi um começo modesto no tamanho, mas com realizações gigantescas, entregues pouco a pouco, conforme viria a comprovar a trajetória nos 50 anos seguintes, uma história de muito trabalho e muita garra, que levou a instituição a ser reconhecida como a principal defensora dos pequenos negócios e do empreendedorismo no Brasil.
Políticas públicas
Na década de 1970, praticamente não havia políticas públicas para as pequenas empresas, nem a quem recorrer para fazer um planejamento mínimo das atividades, enfrentar os concorrentes e crescer no mercado. Além disso, era muito limitado o acesso a crédito.
Ao longo das décadas, o papel do setor foi crescendo de relevância, paulatinamente, e hoje está plenamente integrado às cadeias produtivas das grandes e médias companhias, na indústria, no comércio, nos serviços e na agropecuária.
Nessa evolução, os pequenos negócios se tornaram imprescindíveis para o Brasil. Em perfeito alinhamento com essa evolução, construído em 50 anos de dedicação ao segmento, o Sebrae também se firmou como imprescindível para os pequenos negócios – e, por extensão, para o Brasil.
Além de beneficiar 86 milhões de brasileiros, os pequenos negócios representam 30% de todas as riquezas produzidas no país, medidas pelo Produto Interno Bruto (PIB), conforme estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Algo semelhante se verifica com os empregos de carteira assinada: 54% deles estão nos pequenos negócios, bem como 44% de todos os salários pagos nessa categoria. Em meio à pandemia da Covid-19, o setor foi responsável por 78% dos empregos formais criados em 2021.
Legislação como legado
Entre os legados de maior alcance do Sebrae ao Brasil, está o estabelecimento de uma sólida e detalhada legislação favorável ao segmento dos pequenos negócios e a criação de um abrangente conjunto de políticas públicas. Isso foi possível graças a duas parcerias estratégicas.
A primeira se deu com a Frente Parlamentar Mista da Micro e Pequena Empresa, de natureza suprapartidária e em atuação desde 1999, integrada por deputados federais e senadores de todas as vertentes políticas e regiões do país. A outra, com as administrações federais, desde a fundação da instituição em 1972.
Podem ser citadas a inclusão da defesa do setor na Constituição Federal (1988), a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (2006) e a criação do MEI (2008). Mais recentemente, durante a pandemia, houve o Pronampe, para garantias de crédito, e o Relp, para negociação de dívidas de impostos.
A relação do Sebrae com os mais diferentes órgãos do governo federal, autarquias e empresas públicas atravessa os tempos. Em 2022, por exemplo, estão em andamento parcerias com 10 ministérios: Educação (MEC), Ciência, Tecnologia e Inovações Ciência (MCTI), Economia (ME), Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Trabalho e Previdência (MTP), Turismo (MT), Desenvolvimento Regional (MDR), Minas e Energia (MME), Meio Ambiente (MMA) e Comunicações (MC), além da Secretaria-Geral da Presidência da República.
Nesse conjunto, há mais de R$ 1 bilhão investidos em 42 programas e ações. Eles promovem inovação, como o Inova Amazônia, o InovAtiva, o StartOut e o ALI Rural, bem como a competitividade, a exemplo do Brasil Mais, do Indicações Geográficas e do Selo Arte.
Entre os de maior impacto, figura o Brasil Mais, para elevar a produtividade e a competitividade. De 2020 a 2022, o Sebrae investiu nele R$ 157 milhões. Já teve 90 mil empresas atendidas, com resultados visíveis: aumento de 24,4% na produtividade e 11,4% do faturamento entre os participantes.
De maneira convergente, o Brasil pra Elas trabalha pelo desenvolvimento entre as mulheres de competências técnicas (planejamento, finanças e marketing) e socioemocionais (liderança, comunicação e networking), ao mesmo tempo em que favorece a formação de redes de empreendedoras e a capacitação profissional. Com o MEC, há um empenho em difundir a educação empreendedora nas escolas, em sintonia com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Com uma rede de grande capilaridade nacional, a instituição trabalha em três pilares: aperfeiçoamento da gestão das empresas, melhoria do ambiente de negócios e fortalecimento da cultura empreendedora no país. São centenas de programas, ações e eventos, de iniciativa do Sebrae Nacional e nas Unidades da Federação, voltados para fortalecer o empreendedorismo.
Disponibilizamos conteúdos para acesso e download, para aprender sobre Educação Empreendedora ou conhecer assuntos específicos de forma rápida e objetiva.
Abrir uma startup dá trabalho e muitos empreendedores não veem a hora de conquistar um aporte para poder expandir seus negócios. Mas, investimentos são baseados em critérios como confiança, retorno sobre o capital e o encaixe entre as estratégias do fundo e da empresa investida. Por isso, um investimento em early-stage (fase inicial) pode demorar mais do que você pensa. Cada investidor tem um timing próprio e um processo de avaliação diferente. No Brasil, existem quatro tipos mais comuns de investidores:1. Angels que atuam individualmente Também conhecidos como “investidores-anjo”, se tiverem boas referências do empreendedor e do projeto, podem levar de 2 a 8 semanas para investirem uma média de R$ 100 mil (ou até mais que isso, em alguns casos).2. Grupos de Angels Grupos de angels atuando em conjunto costumam avaliar projetos em fóruns semestrais. Aproveitando a janela de oportunidade e sendo aprovado para os fóruns na hora certa, você pode conseguir de R$ 200 mil a R$ 500 mil em até 3 meses.3. Fundos de capital semente com recursos privados (como a Astella ou Monashees): Os fundos com recursos privados geralmente definem suas próprias regras porque tem mais flexibilidade para negociar acordos junto aos seus diversos investidores. Alguns deles podem avaliar sua empresa, sumir por um tempo e reaparecer com uma proposta. Outros podem ajudá-lo a melhorar a empresa informalmente e, ao final de vários meses de interação constante, fazerem uma proposta formal de investimento para fechá-la em poucos dias. Fundos como esses tendem a fazer um primeiro aporte de R$ 200 mil a R$ 1 milhão em um período entre 3 a 6 meses para projetos realmente atrativos.4. Fundos de capital semente com capital público em sua composição (como a Confrapar e alguns fundos da FIR Capital) Nesse caso, os fundos têm regras específicas e investidores institucionais, aumentando a formalidade do processo de avaliação. Por isso, podem levar de 3 a 6 meses somente para avaliar se a empresa está apta a receber um investimento de entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões. Na média, projetos maduros recebem R$ 2 milhões em até 6 meses, contando 3 meses para avaliação e 3 meses migrando a empresa para a nova estrutura de capital. Como organizar seu contato com investidores Interagir com o tipo certo de investidor é importante porque traz conselhos relevantes e ajuda a medir a atratividade do seu projeto. Mesmo assim, essa prática deve ser muito bem gerenciada: o empreendedor não pode ficar muito tempo sem obter feedback, mas também não pode gastar tempo demais atendendo às demandas dos investidores. Também é importante ressaltar que a pior hora para conseguir investimentos é quando o dinheiro acaba, a ponto do projeto congelar ou mesmo morrer. Planeje-se para engrenar sua startup antes dessa hora chegar ou gerencie seu contato com os investidores certos para acioná-los na hora certa. Autor convidado: Yuri Gitahy, fundador da Aceleradora.