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Antes mesmo do termo “empreendedorismo” existir, mulheres negras já empreendiam, uma vez que, no fim do período da escravatura e depois no início da abolição, essas mulheres precisavam sobreviver. Porém, não tinham acesso à educação e a boas qualidades de empregos. Assim, nasce a necessidade de sobrevivência desse grupo e para isso o empreendedorismo nasce.
Essas mulheres começam a vender, principalmente, quitutes nas praças para garantir o seu sustento e, por vezes, comprar alforrias. Desse modo, o empreendedorismo é implementado no Brasil, desde então só cresceu e vem se desenvolvendo.

A data nasce da necessidade de reflexão acerca dos direitos conquistados por mulheres negras e as opressões sofridas pelo grupo diante da sociedade. Por sua vez, surgiu em 1992, quando aconteceu o 1º Encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas, realizado na República Dominicana, com o objetivo de denunciar o racismo e o machismo.

Além disso, no Brasil a data também possui outra representatividade. Nesse sentido, também se comemora o Dia Nacional de Tereza de Benguela, um símbolo de força e resistência para o país, foi líder quilombola que virou rainha no século 18 do Quilombo Quariterê, no atual estado do Mato Grosso. Seu quilombo abrigava mais de 100 pessoas, com destaque para população negra e indígena, que viveram mais de duas décadas resistindo contra escravidão.

Assim, em 2014 foi sancionada a Lei Lei n° 12.987/2014, instituindo o dia como celebração da líder quilombola e Dia Nacional da Mulher Negra.

Pensando em todo significado desse dia, a equipe do Sebrae acredita na importância da visibilidade da história das mulheres negras. Conheça um pouco da vida de Laçana Costa, uma empreendedora de sucesso!

“Como o meu nome é Laçana, minha mãe sonhou, né? E aí sempre a gente ouvia dizer que, ah, vem de laço, vem de laço tanto que tem até clientes que confundem, que acham que o meu nome é Mel, mas o meu nome vem do laço, né? Por ser Laçana e tal.”

Laçana Costa, maceioense, empreendedora, 31 anos, filha de professora, mulher negra, formada em gastronomia com algumas especialidades - festas e eventos, bolos, doces, salgados, confeitaria artesanal, sobremesa – e proprietária da Laços de Mel, sua empresa. Esses são alguns dos adjetivos e recortes que compõem a empresária.

Em uma conversa com a empreendedora, perguntamos como ela se define “Sou uma mulher extremamente determinada, um pouco desorganizada às vezes, mas focada no objetivo e sempre me desafiando, sempre querendo mais. Sou uma pessoa extremamente flexível, comunicativa. A Laçana sabe o que ela quer, sabe onde ela quer chegar, a Laçana não se contenta com pouco, a Laçana cai, mas ela se levanta também...”  destaca a empresária.

Além disso, Laçana ressaltou seu amor ao empreendedorismo “Laços de mel eu digo que é um propósito de vida, o que me motiva eu me dedico, eu amo, cuido demais esse nome. Quero poder sempre agregar coisas à minha empresa, quero crescer, quero desenvolver, amo trabalhar, amo lidar com os meus clientes. Uma coisa que me identifico muito, é fazer o que eu faço hoje, é o meu trabalho, ter reconhecimento das pessoas, da família, e quero poder gerar emprego, gerar renda, me organizar.” Enfatiza Laçana Costa.

A empreendedora ainda acrescenta “É isso, tentando fazer o meu melhor sempre, sem passar por cima de ninguém, honrando os meus princípios, honrando o meu caráter, minha índole” afirma a maceioense.

         “A vontade de empreender nasceu quando escolhi fazer minha faculdade de gastronomia, escolhi onde eu realmente queria focar nas minhas habilidades  gastronômicas, onde eu vi onde eu tinha mais uma desenvoltura e onde eu me identificava, que é parte de doceria, que é parte de alimentos, que é parte de produção de doces, de festas, de eventos. Eu sinto que preciso me organizar mais, meu tempo, minha cabeça, para continuar estudando e me capacitando. ” Relatou Laçana.

           A dona da Laços de Mel também enfatiza que a força do empreendedorismo veio quando ela decidiu ter um negócio próprio e ser reconhecida, “Mas a vontade de empreender surgiu naquela vontade de dizer assim, eu posso ter uma coisa minha, porque eu já estava cansada de sempre não levar o crédito quando criava um prato novo, um reconhecimento, de não receber em forma remunerada aquilo realmente que a gente tem capacidade e mostra para ser.” explicou a empresária.

Ademais, Laçana também explicou que vem de uma família de mulheres empreendedoras: “Principalmente por eu ser uma mulher que vem de uma base familiar de mulheres fortes, cabeças geniosas, decididas, determinadas, eu acho que sou um reflexo de onde eu vim, da minha família, das mulheres da minha família, das minhas tias, da minha avó, que são grandes referências para mim, na minha família tem muita empreendedora, muita mulher preta empreendedora...” conta a gastrônoma.

Infelizmente, o racismo também perpassou e perpassa o caminho de Laçana várias vezes, ela conta que trabalhar para si foi uma decisão tomada pensando nas agressões raciais que sofreu “Muita coisa errada que eu passei sendo funcionária, sendo subordinada de homens brancos que não dava para mim, eu vou ter o meu negócio, eu vou trabalhar para mim, eu vou ser a própria dona do meu negócio, pode levar um tempo, a caminhada vai ser difícil, mas eu vou chegar lá.” Reiterou.  

“Eu disse: eu tenho capacidade! Fiz consultoria, trabalhei fora, prestei serviço, contratada, fui CLT por uns 6, 7 anos ainda, metade da minha caminhada foi trabalhando para os outros, mais da metade até os dias de hoje, trabalho para mim, até aqui nessa luta fazendo acontecer a Laços de Mel” revelou Laçana Costa

Para além disso, a empresária salienta que precisou renunciar a algumas coisas para viver seu sonho “Decidir empreender é uma escolha, é uma escolha que a gente faz, e a gente faz essa escolha consciente. São sacrifícios, é abrir mão de certas coisas, de tempo com a família, da saúde física e mental também, é ter habilidade para lidar com  pessoas nessa desenvoltura lidar com pessoas, com funcionários, com prestador de serviço, com colaborador, com cliente, é difícil, é muito difícil. ” Reforça.

A dona da Laços de Mel também evidenciou o papel que o Sebrae Alagoas teve nessa jornada “E o Sebrae faz um papel extraordinário quanto a isso nos capacitados a ensinar de diversas formas como a gente pode melhorar, profissionalizar, formalizar o nosso serviço, nosso trabalho, nosso atendimento, pra que a gente consiga caminhar da melhor forma e seguindo os passos, pra que a gente tenha sucesso no que a gente está fazendo. ” Lembrou Laçana. 

Ao final de seu relato sobre empreender, Laçana nos contou que enxerga alguns desafios, mas tem muita determinação “Paciência, com determinação, muita confiança, acho que isso é uma das características que quem decide empreender tem que ter e eu identifico isso em mim. Se há algumas dificuldades? tenho, mas eu identifico que tenho muitas habilidades” pontua a empresária.

Desafios em ser uma mulher e negra empreendedora:

"Eu, como uma mulher preta e empreendedora, eu me esforço, existem muitos caminhos, existem muitas dificuldades ao longo do caminho, por eu ser uma mulher, tudo para mulher, a gente sabe, é sempre mais difícil, a gente não é enxergado com a mesma força, capacidade e competência que os homens são enxergados, vindo de uma estrutura, de uma sociedade, de uma cadeia estrutural que a gente sabe o que acontece há muitos anos. E hoje a gente está, graças a Deus, buscando quebrar esses paradigmas, essas barreiras, esses contrapontos que existem até hoje. ” Declara a maceioense.

Laçana também conta que a raça ainda é um fator que por vezes, pode ser limitante “Então, assim, sinto muita dificuldade por ser uma mulher preta empreendedora, sinto muitas dificuldades ao longo do caminho, sinto que as coisas pra mim não são tão simples, porque eu tenho que fazer duas, cinco, cinco vezes mais, dez vezes mais, pra provar a nossa capacidade, nosso conhecimento, que a gente é boa no que a gente faz” pontua enfaticamente.

        Por sua vez, Laçana se mostra esperançosa “diante de nossa sociedade, de algumas situações, recursos também, a gente sabe que o caminhado é um pouco mais devagar às vezes. Mas, são processos, são caminhadas que a gente vai vencendo, vai batalhando, vai se esforçando. E quando a gente tem gente pra nos apoiar, tá junto, como minha família sempre foi minha base, para eu ser uma mulher preta consciente do que eu sou, de onde eu vim, onde eu quero chegar! ” Reitera. 

Qual foi o papel do Sebrae Alagoas? Você consegue enxergar sua vida sem o empreendedorismo?

“Eu sou empreendedora registrada com o MEI desde 2019, o Sebrae ele é o suporte, ele é as nossas pernas, eu acho... O Sebrae está para dar o suporte, o apoio, a capacitação, o incentivo, o conhecimento, sabe? Para que a gente execute da melhor forma possível o nosso trabalho, relações com pessoas...”

Laçana também revela que possui algumas capacitações por meio do Sebrae “Acho que tenho uns três ou quatro cursos do Sebrae... de boas práticas, de higienização, de conduta, de ir para trás, os bastidores cozinham, no caso. Então, você abre conhecimento, você abre entendimento, você abre suporte, e quando faz os movimentos, os eventos, você está sempre fazendo coisas e novidades, e atualizando, o Sebrae tem um papel extraordinário. ” Enfatiza a empreendedora.

Por fim, a Laçana relata suas ótimas experiências com os consultores do Sebrae Alagoas “Às vezes a gente diz: no conhecimento é isso, na teoria é isso, mas na prática a gente sabe que é mais complicado. Mas graças a Deus, a Sebrae tem consultores maravilhosos, muito capacitados, muito profissionais, uma competência que eu fico abismada, quanto capacidade! quanto a desenvoltura!” destaca a empresária.

“sempre levando o melhor, e isso reflete na gente, porque a gente Olha pro profissional do Sebrae e diz: poxa, profissional desse faz toda a diferença, faz o seu melhor, leva o seu melhor, leva sempre a mais, pois os consultores do Sebrae são assim, levam sempre a mais, e dão sempre aquela força e aquele apoio pra que a gente continue a caminhada para que a gente acredite, para que a gente não desista, para que a gente faça tudo da melhor forma possível siga as etapas para a gente chegar no nosso objetivo, que é crescer, crescer, desenvolver, poder gerar emprego, poder gerar riqueza.” encerra Laçana. 

“Em direção a um novo dia de intensa claridade; eu me levanto; trazendo comigo o dom de meus antepassados; eu carrego o sonho e a esperança do homem escravizado. E assim, eu me levanto; eu me levanto; eu me levanto...” os versos do poema de Maya Angelou representam bem a força da mulher negra e nos traz reflexões sobre o que é ser mulher negra e como devemos celebrar esta data cheia de significados. Desse modo, nos trazendo a certeza de que não importa os obstáculos que vamos enfrentar, mas, sempre vamos nos levantar.

Sebrae Delas:

O Sebrae sempre impulsionou mulheres, contudo, percebeu-se a necessidade em criar algo focado para mulheres empreendedoras. Assim, nasce o “Sebrae Delas”, segundo dados, são cerca de 16.920.399 milhões de mulheres empreendedoras atendidas e 3.811.892 milhões de mulheres sócias ou proprietárias ativas atendidas nos últimos 5 anos.

É um programa inovador que vem atuando e trazendo resultados impressionantes, mulheres que querem empreender podem participar, microempreendedora individual, microempresa, empresa de pequeno porte. Além disso, as empreendedoras podem ter acesso a conteúdo exclusivos e inovadores, qualificação pessoal e profissional e rede de relacionamentos. São muitas ferramentas que vão te auxiliar para o caminho do sucesso!