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Inovação
Apicultura do oeste catarinense desenvolve projeto piloto no País
Iniciativa prevê melhoramento genético de rainhas, princesas e rainhas fecundadas

Para aprimorar a geração de abelhas e consequentemente a produtividade do setor na região oeste foi implantado um projeto piloto no País, voltado ao melhoramento genético de rainhas, princesas e rainhas fecundadas. A iniciativa é resultado de convênio entre Sebrae/SC, Federação das Associações de Apicultores e Meliponicultores de Santa Catarina (FAASC), Associação dos Apicultores de Santa Catarina, Epagri, Genética Apícola e iniciativa privada.

Esta ação integra o Projeto de Desenvolvimento Territorial (DET) e tem como base os municípios de Passos Maia e Água Doce. O trabalho será desenvolvido via SEBRAEtec e inclui cursos, palestras e consultorias realizados em apiários. O projeto atenderá apicultores de Xanxerê, Marema, Quilombo, União do Oeste, Jardinópolis e Pinhalzinho. Ao todo, 60 famílias de apicultores serão beneficiadas pelo projeto DET.

Pelo convênio, foi formalizada no mês de maio a empresa “Genética Apícola: rainhas geneticamente selecionadas”, no município de Xaxim (SC). Com o empreendimento será possível fazer o melhoramento genético em todas as áreas de produtividade dentro da apicultura, bem como fornecer os insumos aos apicultores, principalmente para alimentação dos animais. Os trabalhos serão coordenados pela sócia-proprietária e bióloga Kátia Eloiza Heep.

Kátia explica que a empresa trabalha com seleção de matrizes, machos e fêmeas seguindo uma linhagem genética, por meio da inseminação artificial com rigoroso padrão de seleção, visando manter a origem genética com características desejáveis para produção e sanidade.

Segundo a bióloga a seleção de matrizes é realizada por meio de alguns testes, como: comportamento higiênico que é uma característica influenciada pelo efeito genético materno da rainha, também é um mecanismo natural de resistência às doenças pela remoção da cria morta, doente ou danificada do favo; controle e contagem do Acaro Varroa, que é um controle periódico com tratamentos orgânicos e permitidos na produção de mel, consequentemente são selecionadas matrizes com baixa infestação de Varroa; e alta produtividade das rainhas matrizes.

O primeiro lote de 200 princesas (abelhas que não passaram pelo processo de fecundação) foram entregues há mais de 30 dias no oeste catarinense. A intenção, conforme Kátia é ter uma produção conforme a demanda da região. “Neste período de temperaturas mais baixas é interrompida a produção, pois há redução das atividades dos enxames e não há zangão para fecundar as rainhas”, explica. Pelo planejamento da empresa, cada rainha será comercializada por R$ 30,00, as princesas a partir de R$ 15,00 e as releiras por R$ 6,00, além disso, terá para venda de enxames para todo Brasil.

PROJETO

As abelhas são responsáveis pela produção de mel, própolis, geleia real, pólen e cera e também servem como importantes polinizadoras em pomares de frutas cultivadas comercialmente para obter maior produtividade. Além de proporcionar produtos saudáveis à população, a apicultura exerce papel significativo na preservação dos ecossistemas existentes.

O coordenador regional oeste do Sebrae/SC, Enio Albérto Parmeggiani, assinala que o  sucesso na apicultura depende cada vez mais da melhoria do processo produtivo e do entendimento pelo apicultor de que ele tem um negócio. “Para que o segmento cresça e se desenvolva, é preciso que o empresário apícola, obtenha resultado econômico com rentabilidade suficiente para evoluir na atividade. Por isso, o Projeto de Desenvolvimento Econômico Territorial através do SEBRAEtec, com apoio das Prefeituras e outros parceiros, disponibiliza acesso as novas tecnologias e prepara os pequenos negócios apículas na utilização de métodos adequados de produção e gestão. O DET, apoia também nos aspectos de boas práticas de fabricação e organização para acesso ao mercado com atuação e integração com outros elos da cadeia produtiva”.

Neste sentido, surgiu o projeto de melhoramento genético das abelhas na região oeste catarinense. A bióloga explica que as abelhas rainhas reduzem sua produção diária com o passar do tempo e precisam ser substituídas na colmeia. “Ao regressar de seu vôo nupcial, a rainha começa a colocar os ovos. No pico da postura e com ótima florada a rainha põe 1.500 a 2.000 ovos/dia, o que pode ser comparado ao mesmo peso de seu corpo. Por isso, com uma postura regular haverá uma maior população de abelhas e o enxame terá maior produtividade”, complementa.

Para executar o melhoramento genético foram selecionadas abelhas rainhas que apresentavam alta produtividade. As abelhas que servirão como referência foram separadas em uma caixa para recria. “Todo o processo foi possível graças aos parceiros, principalmente ao Sebrae/SC que incentiva a inovação tecnológica e proporcionará esse impulso na apicultura do oeste catarinense”, observa Kátia

Para o produtor da área de apicultura e presidente da Associação de Apicultores e Meliponicultores de Quilombo (AAMQ), Julcemar Francisco Toazza, o projeto será estratégico para desenvolver o setor no oeste catarinense. “O trabalho que o Sebrae/SC vem desenvolvendo com os apicultores tem dado suporte para o associativismo e para o investimento na formação e informação do apicultor”.

SUBSTITUIÇÃO DE RAINHAS

O desenvolvimento e a produtividade de uma colônia de abelhas dependem, basicamente, da idade e da qualidade da sua rainha. Conforme a bióloga Kátia, em igualdade de condições, rainhas jovens são mais prolíferas e menos enxameadoras do que as rainhas velhas. “De outra parte, os enxames variam grandemente, não somente na aparência como em todas as outras caraterísticas: temperamento, resistência às doenças, longevidade, operosidade etc. Assim, é desejável que as colônias do apiário possuam rainhas jovens e portadoras de boas características genéticas. Para isso, o apicultor necessita criar ou adquirir rainhas”, complementa.

O apicultor, conforme a bióloga, muitas vezes, deixa a cargo da natureza a substituição de suas rainhas. “Esta substituição ‘natural’ se traduz em prejuízos, pois pela enxameação há perda de abelhas e de produção. Por substituição espontânea das rainhas velhas, efetuadas pelas próprias abelhas, resulta em uma colônia improdutiva por longo tempo. Ou por coleta de enxames na natureza para repor aqueles que fracassaram, tais enxames poderiam ser bem aproveitados para ampliar o apiário”, explica.

Há três razões que justificam a necessidade do apicultor criar rainhas: renovação periódica das rainhas, pois embora se reconheça a importância da rainha, poucos cuidam de substituí-la quando sua produtividade não corresponde às necessidades da família, por isso encontram-se com frequência, colônias com rainha de pouco valor e já desgastada pela idade. Assim, preconiza-se fazer uma vez por ano a eliminação de todas as rainhas do apiário e a introdução de rainhas jovens recém-fecundadas, o que proporciona um aumento de produção que de estende de um mínimo de 36% (sem seleção) até mais de 200%. Kátia também ressaltou que a renovação minimiza os prejuízos decorrentes da perda de favos e da mão de obra necessária para a recuperação de colmeias abandonas pelas abelhas, o que também reduz os gastos relativos à repovoação de pelo menos 30% das colmeias, anualmente.

O segundo motivo refere-se ao aumento do número de colônias do apiário, pois, ao ampliar o apiário, pode-se dividir as colônias ou tirar núcleos de colônias existentes e fornecer-lhes rainha própria, filhas das melhores rainhas do apiário ou rainhas adquiridas de boa fonte. O terceiro motivo é sobre as rainhas de reserva, uma vez que é conveniente que o apicultor disponha de algumas rainhas fecundadas jovens e de boa origem para atender emergências e uso eventual. “Entre outras situações de emergência contam-se os casos de orfandade devido ao manejo ou a causas indeterminadas. Se isso ocorrer durante a florada o resultado será uma colmeia a menos na produção; se ocorrer em épocas menos favoráveis terá alta probabilidade de perder a própria colônia. Em ambo os casos a disponibilidade de uma rainha ‘pronta para uso’ salvará a situação”, argumenta Kátia.

PRODUÇÃO DE ABELHAS RAINHAS

Na produção comercial de rainhas são utilizados vários métodos. Apesar de diferentes todos são baseados no método de Doolittle. A característica principal desta técnica é a enxertia, ou seja, a transferência de larvas jovens femininas, da colmeia de origem (matriz) para outra, que se encarregará de sua alimentação e desenvolvimento (recria). Para este fim, larvas com idade de 12 a 24 horas são coletadas, das células de um favo que cinco dias antes fora colocado, vazio, na colônia da rainha escolhida para matriz. Estas larvas são, em seguida, depositadas em “cúpulas”, ou seja, células reais artificiais, confeccionadas com cera. Na sequência, as cúpulas são introduzidas na colmeia recria, na qual as larvas completam sua transformação em rainhas.

Kátia explica que uma das modalidades do método Doolittle prevê que sete dias após a transferência das larvas, as realeiras são removidas da recria iniciadora para a recria terminadora. Assim, no décimo dia são introduzidas em gaiolas, na qual finalmente emergem após 11 dias da transferência de larvas. “As gaiolas são introduzidas nos núcleos de fecundação. De sete a dez dias depois, verifica-se a postura da rainha, confirmando sua fecundação. A abelha rainha é a única fêmea fértil da colmeia, o que acontece devido a grande quantidade de geleia real que recebe durante a fase de desenvolvimento”, complementa.

Depois, o quadro porta-cúpulas é introduzido na recria iniciadora, uma colmeia com muitas abelhas nutrizes (abelhas jovens com enorme capacidade de produzir geleia real, que é o alimento das larvas e a única fonte de alimento da abelha rainha).

No próximo passo as realeiras são transferidas para recria terminadora (estufa). Kátia destaca que as realeiras já engaioladas, as princesas (rainhas virgens) nascem individualmente cada uma em sua gaiola. “As realeiras ficam protegidas dentro das gaiolas e se por acaso uma rainha nascer antes ela mata todas as outras rainhas furando com seu ferrão a lateral das realeiras”, complementa. A estufa fica a uma temperatura de 34º.

As princesas nascem e tem seu tórax pintado de acordo com o código internacional de cores. A ação tem como objetivo identificar o ano de nascimento da rainha.

Katia enaltece que há diversos métodos de introdução de rainhas em uma colmeia. Entre eles estão: a introdução em colmeia com orfanação antecipada; a introdução imediata no momento da orfanação da colmeia; a divisão de enxames com introdução de rainha; e a introdução da rainha em um núcleo com posterior reintrodução de todo o núcleo em uma colmeia, após a fecundação da rainha.

CONTATO:

sulmel@sulmel.com.br

Katia Eloiza Heep -  Biologa

 

 

 

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