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Tue Oct 25 10:37:09 BRT 2022
Empreendedorismo | EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA
A escola e sua comunidade de aprendizagem

É importante reconstruir práticas educacionais com base nas interações sociais e na verdadeira e efetiva participação da comunidade escolar.

· Atualizado em 25/10/2022
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O Projeto Comunidades de Aprendizagem é um projeto de transformação da escola e da sua comunidade através da implementação de Ações Educativas de Sucesso (AES) com o objetivo de promover uma educação de êxito para todas as crianças e jovens.

Esse modelo educacional segue teorias científicas, inclusive internacionais, que destacam dois fatores-chave para a aprendizagem na sociedade atual: as interações e a participação da comunidade.

A partir da aprendizagem dialógica, da participação educativa da comunidade e de práticas inclusivas, o objetivo do projeto é atingir uma educação de êxito para todas as crianças e jovens e gerar, ao mesmo tempo, eficiência, equidade e coesão social.

Educação empreendedora

Falar de educação empreendedora é pleonasmo. Ou a educação é empreendedora ou não é educação. Parece banal, mas não é. Por quê? Porque a educação exige transformação e torna o ser humano protagonista da sua forma de existir no mundo.

O que queremos com a educação empreendedora? Pessoas inconformadas/inquietas que queiram deixar a sua marca e que mudem a cultura do país. O grande desafio das instituições de ensino, dos órgãos públicos e de cada um de nós é não eliminar os pensamentos disruptivos, fora da caixa. Com isso em mente, cabe lembrar que o potencial empreendedor de cada um é desenvolvido ou inibido em consequência das relações estabelecidas durante a vida.

Comunidades de Aprendizagem

Quem já teve a oportunidade de ouvir o professor José Pacheco certamente conhece a frase: “Escolas não são edifícios. Escolas são as pessoas e pessoas são os seus valores”. É com essa premissa que ele e outros educadores defendem a proposta de Comunidades de Aprendizagem.

As Comunidades de Aprendizagem são reconstruções das práticas de educação pautadas nas interações sociais e na verdadeira e efetiva participação da comunidade escolar (famílias, estudantes, professores, entorno etc.). O conceito ainda está em construção, mas, para melhor compreendê-lo, a seguir são apresentados dois estudiosos dedicados a implementá-lo.

A pesquisadora Roseli de Mello, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), conheceu a experiência espanhola (Crea) das Comunidades de Aprendizagem. Na Espanha, o objetivo é atuar para mudar a situação de baixa performance de aprendizado dos estudantes.

No Brasil, com base nos seus estudos, ela apresenta o conceito no livro intitulado “Comunidades de Aprendizagem: outra escola é possível”, onde escreve que “é uma proposta dedicada à ampliação da participação das pessoas do bairro e da cidade na vida da escola, intensificando e diversificando, de maneira metódica, as interações entre diferentes agentes educativos. Ações de familiares, de pessoas de comunidades do entorno e de profissionais de educação se articulam de maneira dialógica para a garantia de máxima aprendizagem de todos os estudantes, com desenvolvimento de convivência respeitosa, tendo a diversidade como fonte de riqueza humana”.

Nessa perspectiva, as Comunidades de Aprendizagem, que têm como premissas a dialogicidade e a superação das desigualdades, apresentam alguns passos para a sua implementação:

  • Sensibilização de comunidades educativas interessadas.
  • Tomada de decisão para a ruptura do modelo anterior para a vivência real de uma Comunidade de Aprendizagem.
  • Estímulo recorrente a sonhar alto e a buscar a realização desse sonho, com o seguinte lema: “Que a aprendizagem que queremos para nossos filhos e filhas esteja ao alcance de todas as crianças”.
  • Seleção de prioridades dos sonhos para a organização da atuação das Comunidades de Aprendizagem.
  • Planejamento com os objetivos a serem alcançados e com a forma de atuação de todos os envolvidos para que se alcance o que foi planejado.

Por outro lado, o educador português José Pacheco, que integrou as equipes na construção da Escola da Ponte (Portugal), que apresenta o foco na criança, e do Projeto Âncora (Cotia/SP), que prioriza a relação da criança com o educador, afirma que as Comunidades de Aprendizagem não se configuram como projetos, mas como um meio de superar o atual modelo de educação.

Experiência no Distrito Federal

José Pacheco, que hoje reside em Brasília, conecta-se com outros educadores do Governo de Brasília para operarem de forma empreendedora na rede pública de ensino com a Comunidade de Aprendizagem do Paranoá (CAP).

A pedagoga Marina Frighetto Resende Siqueira, que atua como professora de Educação Física na Secretaria de Educação do Distrito Federal, também integra essa empreitada. Segundo ela, o projeto tem um edifício-escola e conta com grandes espaços de aprendizagem. Não existem, porém, salas de aula ou séries tradicionais. Na prática pedagógica, encontram-se os chamados dispositivos (tutoria, roteiros de estudos e projetos etc.), e a atuação é baseada na tríade autonomia, responsabilidade e solidariedade.

A atuação da CAP responde à Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9.394/96 em seus dispositivos, com especial destaque ao art. 12, capítulo VI: “Articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola” e ao art. 23: “A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar”.

Segundo a pedagoga, a CAP é a aposta na expansão da prática pedagógica para além dos muros da escola, envolvendo ativamente a comunidade e remetendo a um provérbio africano que dizia que “é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”. Com essa premissa, espaços e pessoas da comunidade são também grandes potenciais de aprendizagem. 

Projetos humanos são, sem dúvidas, projetos coletivos, e as Comunidades de Aprendizagem são exemplos de como a educação empreendedora acontece na prática. Há uma preocupação com o atual processo de massificação da educação e, em oposição a essa perspectiva, há um olhar cuidadoso para o que mobiliza a comunidade escolar e todo o seu entorno. Possibilita-se, então, que toda a comunidade leia a realidade na qual está inserida e dedique-se a realizar as transformações necessárias.

Empreender é realizar, e o Sebrae apoia e divulga iniciativas de educação empreendedora em todo o país. Caso deseje ser voluntário, entre em contato com a CAP pelo e-mail capparanoa@gmail.com. A equipe retornará com as principais demandas e, de acordo com a sua possibilidade, você poderá atuar em algum Grupo de Trabalho.

Saiba mais

Programa Nacional de Educação Empreendedora

Centro Sebrae de Referência em Educação Empreendedora (CER)


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