Sandálias, sapatos, bolsas, carteiras e até móveis fazem do artesanato em couro uma ótima opção para o empreendedor
A atividade de curtir o couro de animais para confeccionar sandálias e roupas já era praticada três mil anos antes de Cristo no Egito, na Mesopotâmia e na China. Em Pérgamo, na atual Turquia, o tratamento da pele de animais deu origem ao pergaminho, que acolheu algumas das primeiras inscrições da humanidade.
O fato é que o couro animal tem características que até hoje não foram igualadas pelos materiais sintéticos. Ele é elástico, flexível e poroso, garantindo o conforto das peças de vestuário. Sapatos de couro, por exemplo, adaptam-se ao pé durante o uso.
A atividade chegou à América do Sul com os colonizadores europeus, principalmente espanhóis, que introduziram a criação de bois, cavalos e porcos. A disponibilidade de amplas áreas fez com que a pecuária se espalhasse. Hoje, com o avanço do agronegócio, o Brasil, por exemplo, conta com o maior rebanho bovino do mundo.
As variedades
No Brasil, além do couro bovino, há uma grande variedade de oferta. Couro de porco, de cabra, ovelha e cavalo são excelentes matérias-primas para o artesanato em roupas, acessórios, sapatos e muito mais.
Mais recentemente, uma alternativa que permite fazer ótimos negócios é o couro de tilápia, o segundo peixe mais consumido no Brasil, e que antes era descartado. O couro de tilápia é flexível, mas também é três vezes mais resistente do que o couro bovino. E vem sendo utilizado com sucesso na fabricação de bolsas e acessórios.
O artesão Alexandre Iesu, originário de Carapicuíba, na Grande São Paulo, e que tem como especialidade a personalização de tênis, ajudou a popularizar o couro de tilápia ao utilizar a matéria prima em alguns de seus modelos, em parceria com a Tilapia Leather.
Técnicas regionais
As técnicas de manuseio do couro animal variam muito de acordo com a região do Brasil. No Sul do país, por exemplo, destaque para a guasqueria, fabricação de selas, sandálias e bolsas com couro cru. A técnica foi trazida pelos imigrantes espanhóis.
No Sul, mas também no interior de São Paulo, é bastante comum a combinação do artesanato em couro e metal para a personalização de facas, canivetes e outras ferramentas.
O Nordeste também é muito rico no artesanato em couro. Por conta do clima, desenvolveu-se na região uma variedade de cordeiro conhecida como “mestiço” (ou hairsheep, em inglês), cujo couro é menos gorduroso, menos elástico e bem mais resistente que o de animais semelhantes originários de outros lugares.
Isso faz com que as fibras internas sejam mais resistentes, permitindo fazer sapatos de bico fino sem estourar. A variedade hairsheep de cordeiros também é encontrada em outros países que se situam nas mesmas latitudes que o Brasil, como Nigéria, Sudão, Índia, Etiópia e Indonésia.
Um dos artesãos mais conhecidos do Nordeste é o Mestre Espedito Seleiro, de Nova Olinda, Ceará. Seu trabalho, que envolve a produção de bolsas, adereços, mas também marchetaria (combinação enrte madeira, couro e outros elementos, por exemplo, para a confecção de móveis). Hoje é conhecido internacionalmente.
Isso, por conta da parceria com os Irmãos Campana, com quem Mestre Espedito criou a Coleção Cangaço, de móveis em couro, que está presente em galerias e lojas de alto padrão do Brasil e no exterior. Conheça mais sobre o Mestre Espedito neste material do Sebrae.
A Seridó Couros, de Ipueiras, no Rio Grande do Norte, também tem forte presença no mercado, mantendo a tradição regional de confecção de sandálias de couro. Já a Ateliê Vitro Femme, de São Paulo, atua desde 2005 na fabricação de peças de couro, principalmente bolsas e carteiras.
E em Florianópolis, a artesã Laura Pereira vem conquistando espaço com a fabricação de estojos, bolsas, carteiras e sacolas.
Confira outras possibilidades de montar ou ampliar seu negócio aproveitando o artesanato em couro neste material que o Sebrae preparou especialmente para você.
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