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Mon Sep 04 16:10:40 BRT 2023
Empreendedorismo | EMPREENDEDOR
Corpos Plurais

Uma empreendedora perspicaz que descobriu num dos segmentos mais competitivos, o da moda, um nicho de negócio

· Atualizado em 04/09/2023
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Uma das características do século XXI que ganha cada vez mais espaço é a ascensão da diversidade. Esta palavra ganha força e evidência não só em espaços de debate acadêmico, mas, praticamente, em todas as dimensões da vida da sociedade contemporânea. Deixou de ser um conceito para ser uma expressão sócio-cultural-econômica da sociedade.

No universo corporativo o conceito de diversidade passou a permear o setor de recursos humanos, os processos de gestão, levando gestores a revisarem códigos de éticas das empresas, até mesmo a reformulação dos espaços de trabalho para se tornarem mais aptos a absorver a diversidade nas suas diferentes expressões - profissionais de todas as idades, etnias, orientações sexuais, classes sociais, gêneros, deficiências, religiões, culturas, entre outras. Estas mudanças colaboram para um mundo mais inclusivo com empresas e corpos plurais.

A diversidade na centralidade dos processos das empresas impacta positivamente no resultado financeiro da empresa, no aumento de criatividade, na imagem da empresa, no desenvolvimento de inovação, isto para citar apenas algumas das melhorias identificadas.

Foi a partir desta consciência da importância da diversidade na cultura organizacional, que a empreendedora e estilista Silvana Louro, fundadora da marca Equal, criou um negócio inovador e diferenciado. Silvana, que desde o início da sua carreira sempre esteve ligada ao setor da moda, iniciando sua carreira como modelo, conta com um vasto conhecimento sobre o setor. Isto colaborou não só para que ela conhecesse de maneira mais aprofundada as dificuldades de empreender neste setor, mas também trouxe a facilidade para identificar oportunidades de gerar inovação a partir de nichos de atuação que ainda não tinham sido devidamente explorados.

Assim, surgiu a marca Equal, de Niterói, Rio de Janeiro, definida como moda inclusiva, voltada a criação de roupas para pessoas com deficiências. No Brasil estima-se que 46 milhões de brasileiros, isto é, 24% da população apresenta algum grau de dificuldade motora, intelectual, mental, auditiva ou visual. Uma população que necessita e deve ser incluída com equidade na sociedade brasileira. O olhar atento e empático de Silvana Louro, sobre as demandas reprimidas destas pessoas com deficiência fez com que ela conseguisse encontrar um nicho ainda pouco explorado em um setor com tanta concorrência como é o de moda.

A marca se propõe a criar roupas acessíveis, adaptadas, assim como roupas convencionais, pois, de acordo com o entendimento de Silvana, a diversidade deve ser indistintamente inclusiva e, caso a marca se posicionasse no mercado produzindo somente roupas para pessoas com deficiência, a marca não cumpriria seu papel de maneira adequada. Pessoas com deficiência não querem ser tratadas como um caso separado da sociedade, mas devem estar inseridas como todas as demais em qualquer dimensão social e não serem tratadas como exceção. Esta visão perspicaz, Silvana descobriu mergulhando a fundo no universo do seu negócio.

Na confecção dos produtos a marca prioriza o uso de materiais macios, confortáveis e sustentáveis, características que estão em sintonia com as expectativas do seu público. Além disso, no processo de produção a marca valoriza e enfatiza a sustentabilidade, que se traduz por meio do reaproveitamento de materiais, economia de água e busca por fornecedores responsáveis que igualmente priorizem a sustentabilidade em todo o ciclo de produção. 

Dentre as estratégias de sucesso da marca para atingir seus resultados, a empreendedora destaca a importância do processo de pesquisa inserido como parte da rotina da empresa, a organização da informação e a produção de fichas técnicas. Assim, para o desenvolvimento de cada produto há uma metodologia definida que direciona o processo criativo.

O processo de criação de cada peça, parte do levantamento de dados, junto ao público alvo da marca, das demandas e dos aspectos que são primordiais para cada tipo de deficiência que o cliente apresenta, assim como, a marca conta com a colaboração de fisioterapeutas, contratados pela empresa, para ajudar no desenvolvimento dos produtos. Desta maneira, a marca está constantemente inovando e oferece aos seus clientes produtos que vão ao encontro dos seus desejos e necessidades.

Um dos exemplos que ilustra muito bem o sucesso desta metodologia e rigor da empresa em relação aos produtos criados, é a linha de roupas voltadas para os deficientes visuais. Silvana identificou a dificuldade deste público em saber a diferença entre, por exemplo, um botão de coco e um botão de madrepérola, ou seja, em diferenciar e identificar itens usados no setor da moda e que, servem para definir, caracterizar e compor o estilo e o modelo das roupas, um aspecto fundamental para que pessoas com deficiência visual possam escolher seu próprio estilo.

Esta limitação levou a empreendedora, num primeiro momento, a desenvolver a etiquetagem das peças em braile. Não satisfeita, Silvana, com seu espírito inovador e sempre em busca de melhorias para seus clientes, passou da etiqueta em braile para o desenvolvimento e uso de QR code tátil, que possibilita armazenar uma quantidade maior de informação sobre o produto. Assim, através do QR code o cliente tem o storytelling da marca e a descrição da peça com a respectiva definição visual do produto.

A Equal foi uma das marcas pioneiras neste nicho de mercado, sendo a responsável pela criação dos primeiros uniformes paraolímpicos no Brasil, para os atletas da Delegação Fluminense, em 2015, usarem nas Paraolimpíadas de Natal, Rio Grande do Norte. A criação dos uniformes considerou não só as necessidades de diferentes atletas e suas deficiências, como também considerou elementos relacionados à identidade cultural da equipe, com a criação de uma estampa customizada com elementos da flora fluminense.

A marca também tem um posicionamento extremamente atuante no mercado em relação às parcerias através de colaborações com outras marcas como a Adapt&, um segmento da marca Reserva voltado para pessoas com deficiência. Esta é uma estratégia eficiente e que cada vez mais tem sido utilizada pelas marcas para ampliar seus canais de divulgação e fortalecer o posicionamento no mercado com custos mais otimizados, assim como, é uma maneira eficaz de ampliar a carteira de clientes e inovar na linha de produtos com investimentos menores.

Silvana Louro tem construído uma trajetória bem sucedida como empreendedora e, sem dúvida, bastante alinhada com várias dicas de negócio destacadas pelo Sebrae. Ela identificou um caminho diferenciado para trilhar no setor da moda e conseguiu desenvolver um produto que ainda é escasso no mercado. Além disso, elaborou estratégias bem efetivas e sistematizadas de comunicação direta com seu público alvo que é parte determinante no processo criativo. A empreendedora foi a vencedora na categoria pequenos negócios do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2022.

Este caso de empreendedorismo é um ótimo exemplo de como informação, formação técnica, pesquisa e método são determinantes para o sucesso do negócio. Não basta ter uma ideia inovadora e identificar um nicho diferenciado para investir se não houver um processo de gestão e inovação estruturados. Administrar um negócio em busca de resultados promissores é se dispor a construir bases sólidas, permanentes e dinâmicas em busca de aprimoramento e inovação.

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