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Em 2016, Cristiane, abriu um e-commerce para vender roupas infantis. A produção é em casa mesmo e atualmente ela vende para todo o Brasil. Vamos acompanhar como ela mesma conta a sua trajetória:

“Meu nome é Cristiane Cabral, tenho 35 anos. Sou formada em administração de empresas e trabalhei bastante tempo na área de administração. Agora eu tô na área da moda. Comecei a vender em 2016. Antes eu até fazia algumas peças, não eram relacionadas à moda bebê, mas não vendia. Eu decidi montar a loja mesmo em 2016. Eu nunca sonhei empreender. O sonho veio depois, com a criação das peças, eu vi que as pessoas gostavam do que eu fazia.

Então eu vi que tinha nicho de mercado para isso, então foi aumentando, foi um sonho que foi despertando aos pouquinhos, vamos dizer assim, né, não era assim uma coisa que eu sempre quis fazer. Mas eu fui me descobrindo em 2016, quando voltei pra Registro e trabalhava numa escola de idiomas. E aí uma amiga minha ficou grávida e pediu pra fazer a decoração do quartinho da filha dela. Até então eu trabalhava com bolsas, nécessaires, não fazia nada relacionado ao mundo infantil. Então eu aceitei o convite, fiz a decoração do quartinho, a decoração do berço, a porta maternidade, essas coisas.

E foi aí que eu me encantei pelo mundo dos bebês e comecei a trabalhar nessa área. E não fazia roupas nem fantasias nessa época, só fazia decoração de quartinho. Só mais pra frente é que eu vi necessidade de inovar, de colocar alguma coisa a mais para os meus clientes, e foi aí que eu comecei a fazer as roupinhas e as fantasias. Então, na verdade, comecei a trabalhar com roupas do dia a dia para crianças e tudo mais para bebês, de recém-nascidos até três anos de idade. Só que esse mercado é muito concorrido, então eu não tinha muita demanda, né, não tinha muita procura. E aí eu resolvi fazer uma fantasia para ver se teria saída. Eu comecei fazendo roupinhas mais simples, assim, de super-herói, de princesa, roupinhas temáticas nessa área. 

E aí eu vi que as pessoas procuravam e se interessavam. Então aí eu deixei as roupinhas de dia a dia de lado e comecei a investir nas fantasias. E aí foi indo, eu consegui aos poucos, fui ganhando experiência, né, com uma fantasia e outra, e aí eu fui ganhando um público legal, né, hoje a loja é bem-conceituada. Eu tenho bastante clientes que estão comigo mês a mês, acompanhando, fazendo fantasias de aniversário e tudo mais, e eu me encontrei nessa área, assim, né, fazendo o que eu gosto de fazer.

Eu fiz alguns cursos do Sebrae não presenciais, mas on-line, inclusive quando tava montando a loja, eu fui dar uma pesquisada e tudo mais para abrir CNPJ. Eu fiz o curso de marketing, né, para aprender sobre venda, procurei saber mais sobre abertura de loja infantil, né, que eles têm ali um tópico que fala sobre isso, como abrir uma loja infantil. Então esse foi o principal, assim, o que eu aprendi mais.

A empresa hoje é localizada na minha casa, né, o ateliê, porque fica mais fácil a locomoção e tudo mais. É só eu e mais uma colaboradora, a Cristiane, que é meu braço direito. Ela me ajuda com a costura. Na verdade, é a parte da costura, da logística, do envio, porque eu tenho mais clientes fora, né, eu envio para todo o Brasil. Tenho mais clientes fora do que aqui na região, então é a parte da costura, a parte da logística. Tem a parte administrativa e marketing, que sou eu que faço. E assim é nós duas dando conta de tudo.

O mercado é bem competitivo, né, então você tem que estar sempre inovando, buscando criar novas peças. Eu sempre gostei bastante de criar, de colocar ali um detalhe artesanal e tudo mais. Eu acho que isso encanta, você fazer e produzir a peça, colocar um detalhezinho ali que encante a mãe, então eu acho que é isso, né? É o cuidado, é você fazer com amor, colocar o seu toque de carinho ali, para quando a mãe receber, quando ela abrir a caixa... Não só a mamãe, mas a criança também, né, ela se encantar... tanto é que quando elas me mandam as fotinhos das crianças com as roupinhas... nossa!... é o que faz a empresa continuar, sabe, é esse retorno, esse feedback delas.

Quando eu comecei, quando tive uma ideia de fazer fantasias, que eu vi que as roupinhas de dia a dia não tavam dando certo, eu fiz umas quatro ou cinco mais ou menos, tirei foto, coloquei no Instagram. E tive um retorno legal, algumas mães gostaram, então entraram em contato, perguntaram, e também, assim, a gente só faz por encomenda, né, a gente não trabalha com pronta-entrega, que é uma das coisas que eu quero implementar mais para frente, né, mas por enquanto a gente só trabalha com encomenda.

Então elas entravam em contato, falavam ‘gostei dessa peça, tem como fazer tal tamanho?’, e a gente fazia... na verdade, eu acompanhei sozinha no começo, eu comecei a trabalhar sozinha e aí a gente fazia então de acordo com o que a mãe pedia. Mais pra frente, a gente começava a customizar essa peça de acordo com o que a mãe queria, né, então hoje a gente já tem uma flexibilidade em relação a isso, a mãe passa o tema pra gente, né, ‘eu quero tal tema’, ‘ah tá, eu tenho essas peças prontas, gostou de alguma?’, ‘ah eu até gostei dessa aqui, mas tem como colocar tal coisa?’. Então a gente vai montando a fantasia de acordo com o que a mãe quer.

A maior dificuldade foi em relação a estar sempre inovando e tudo mais, por causa da competição, né, é um mercado muito competitivo. Então eu sempre tinha que colocar alguma coisa mais para chamar atenção das mães. E outra coisa também é em relação ao frete, né, que, como eu trabalho mais para fora, eu trabalho mais enviando encomendas pelo Brasil todo, então o frete dificulta bastante o nosso trabalho, porque é um valor muito alto. Às vezes, vai mandar lá pro Nordeste, lá pro Norte, então é um valor muito alto e às vezes as mães acabam desistindo de comprar por causa do frete. Então, além desse mercado ser muito competitivo, a questão do frete acaba atrapalhando um pouco também.

Na minha opinião, sendo MEI, você tem essa proteção, todos os direitos trabalhistas tanto para mim quanto para minha funcionária. Então tem essa proteção, vamos dizer assim, é mais facilidade também de você conseguir investimento, né, empréstimo, essas coisas, pra você fazer a loja crescer. Para a formalização da loja, foi um processo de aprendizagem. Na verdade, formalizando a loja, vi que tinha mais benefícios, se abriram mais portas pra mim em relação até à compra de materiais mesmo, na compra no atacado, porque a gente trabalha bastante com tecido, com peças de aplicação e tudo mais. Então, pra fazer essa compra, com CNPJ é muito mais facilitado. Então, acredito que foi importante a abertura do MEI e passar também do amador para o profissional. Porque, querendo ou não, quando você tá trabalhando em casa, né, porque, igual, ateliê em casa, mas quando você tá trabalhando de uma forma amadora é como se você tivesse só uma lojinha. Mas a partir do momento que você tem um CNPJ, que você se formaliza, você consegue ter uma outra mentalidade, né? É a minha loja, eu trabalho com isso, eu vivo disso, então eu preciso realmente focar, né? Então é como se fosse um... como se você abrisse uma porta, assim, e foi totalmente diferente, a sua mentalidade muda a partir do momento que você se torna um MEI.”

Agora que já conhecemos a trajetória da Cristiane, do Ateliê Petit Fleur, o que podemos aprender com ela?

Analisando sua fala e mais precisamente suas atitudes, percebemos nela muitas ações que certamente estão contribuindo em muito para o sucesso do seu empreendimento.

Tinha o hobby de produzir bolsas e nécessaires sem pensar em vender, e se “encantou” pelo mundo dos bebês. Aí surgiu a criatividade, o poder de se reinventar, de encontrar uma saída. Inicialmente, da decoração de quarto de bebês para a criação de peças do vestuário do dia a dia de bebês. E depois, ao não ter sucesso no negócio, a mudança para produzir fantasias infantis. E é assim que o empreendedor precisa agir. Se reinventando, partindo pra novos desafios, às vezes mudando de rumo, mas sempre com os pés no chão. Veja que, para começar, teve o “empurrão” da amiga do trabalho, que a convidou para fazer a decoração do quarto de bebê. Depois ela mesma resolveu mudar por atitude própria.

Primeiro, produzindo peças infantis pra agregar algo mais ao negócio da decoração. Depois, produzindo algumas fantasias e publicando nas redes sociais. E aí veio o retorno. A partir daí, foi se inovando, oferecendo opções, conversando com as clientes, ouvindo e transformando o sonho das mães em fantasias para os filhos delas. Mas como ela mesma diz, fazendo tudo com amor, com dedicação, com carinho, demonstrando gosto pelo que está fazendo. E certamente o mesmo “encanto” que ela diz que teve ao descobrir o mundo dos bebês ela deve estar proporcionando aos seus clientes.

A formalização como MEI desde o início demonstra profissionalismo, mostra que não é só uma “brincadeirinha” de empreender. Sem a formalização como MEI, existe o entendimento por parte de muitos clientes de que o empreendedor está trabalhando de forma amadora e não é isso que traz segurança na hora que o cliente busca um produto para comprar. O cliente busca produtos com qualidade e segurança. 

Além de poder atender melhor os clientes, fornecer nota fiscal, ter facilidades e menor custo ao comprar os produtos para produzir as peças, como ela mesma cita, formalizar-se como MEI proporciona muitas outras vantagens. Você pode ter melhor acesso a crédito, garante os benefícios previdenciários para você e seu funcionário, além de exercer de forma legal a sua atividade, sem correr o risco de sofrer quaisquer problemas com uma possível fiscalização. E tudo isso com um custo muito baixo. 

A busca constante pela inovação, pelas novidades. Cristiane procura entender e, com isso, atender às necessidades de suas clientes. Quando se trabalha com produtos personalizados, mais que em qualquer outro setor, é de vital importância a inovação, a criatividade em sugerir opções para os clientes, apresentar detalhes novos. Novidades chamam atenção do cliente. Ouvir o cliente, entender o que ele quer, sugerir novidades, mostrar sua criatividade, “colocar um detalhe, um algo a mais”, como ela mesma fala, com certeza vai encantá-los e fidelizá-los.

Planejar o crescimento, saber aonde se quer chegar. Manter os pés no chão, saber a hora certa de dar um passo à frente é importante para se manter evoluindo e crescendo com solidez, sem perder a qualidade dos seus produtos ou serviços. Cristiane quer poder atender à pronta-entrega. Para isso provavelmente precisará ter um espaço maior para comportar mais estoque. E talvez precisará de mais funcionários. Então ela precisa ter muita atenção.

Se tiver mais funcionários, terá que deixar de ser MEI e migrar para ME, o que elevaria os custos. Atualmente ela faz tudo na própria casa. Se para poder oferecer pronta-entrega precisar por exemplo de outro espaço e tiver que alugar, também terá mais custos. Assim, é importante avaliar bem a hora certa de dar esse “pulo” pra não comprometer a saúde do negócio. É fundamental ter uma visão bem clara dos caminhos que deseja alcançar, mas “não dar um passo maior que a perna”. 

A busca pelo conhecimento, fazer os cursos do Sebrae, conhecer como se monta uma loja de comércio de roupas infantis e o curso de marketing certamente contribuíram muito para que Cristiane tivesse condições de alcançar o sucesso no seu empreendimento. Conhecer questões relacionadas à formação de preço é muito importante, pois todos os custos devem ser analisados.

E a formação, o conhecimento, é muito importante para qualquer empreendedor. Saber administrar como um todo o negócio. Conhecer bem não só como produzir, mas também como administrar e gerir o seu negócio, principalmente as finanças, ter um bom controle de custos e saber bem como definir o preço de venda.

O Sebrae está sempre disponível para ajudar o MEI e os micro e pequenos empreendedores em geral em todas essas etapas com consultores e cursos on-line ou presenciais, muitos deles de forma gratuita.

O empreendedor pode esclarecer dúvidas, buscar ideias e se qualificar em qualquer área que precise procurando cursos e consultores do Sebrae. É só acessar www.sebrae.com.br.

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