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Mon Sep 05 12:47:03 BRT 2022
Empreendedorismo | APRENDIZAGEM
O que aprendi escalando montanhas (até agora)?

Escalar montanhas e vivenciar uma jornada empreendedora tem mais em comum do que você imagina. Nos dois casos, chegar ao topo é o que menos importa.

· 06/10/2017 · Atualizado em 05/09/2022
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Desde que estreei o programa 7CUMES, transmitido pelo Canal OFF, recebo muitos convites para falar sobre montanhismo. Muitas vezes, são pedidos de palestras com conteúdo voltado para a técnica, os equipamentos ou as características específicas do esporte. Declino todos esses convites e explico o porquê.

Minha experiência no esporte é muito pequena: até agora, acumulei oito montanhas acima de 5 mil metros, sendo quatro dentro do projeto 7CUMES. Os cursos de escalada que fiz datam de 1993, quando servi ao Exército. De resto, trilhas, andanças e longas caminhadas por aqui e ali. Tudo isso me credencia a fazer o que faço, mas não me permite falar tecnicamente sobre o assunto. Não me sinto confortável. E sabe por quê? Porque nesse esporte, se você não informa o certo, o errado acontece, e esse erro pode levar a um acidente fatal.

Guias de montanha são habilitados para tais palestras, e quanto maior a experiência do guia, melhor. Por isso, quando recebo convites para falar desse tema sob essa perspectiva, rejeito-os gentilmente, mas digo que posso contar o que o esporte fez por mim e como seus aprendizados podem transformar a vida das pessoas ou auxiliar empresas e projetos.

Individual x Coletivo

Esse é um erro comum quando o esporte é visto de fora. Com exceção dos exploradores, que se jogam nas montanhas sozinhos, completamente autônomos, o montanhismo é um esporte coletivo. Na minha primeira expedição em alta montanha, ao Monte Aconcágua, ponto culminante da América do Sul, com 6.962 metros de altitude, isso ficou claro.

No Aconcágua, entendi que uma expedição é um organismo vivo que se desloca com um objetivo comum. E, tenha isso em mente, esse objetivo não é chegar ao cume de uma montanha, mas voltar para casa para contar a história. Quando o individual é deixado de lado - e, com ele, a vaidade e o ego -, o verdadeiro coletivo surge e tudo fica mais leve. Na alta montanha, a leveza é importante porque erros levam a um acidente. Assim, o trabalho dos guias para minimizar o risco do individualismo é intenso.

O coletivo precisa sempre estar na mesma página, cumprindo as pequenas metas, os macro-objetivos e cada tarefa necessária para seguir adiante. Foi nesse cenário que surgiu uma frase que repito sempre:

“O coletivo faz sempre melhor que o individual.”

Competição x Colaboração

O montanhismo não é competição. E, na minha expedição à maior montanha do continente africano, isso ficou transparente. Para a jornada do Kilimanjaro e seus 5.895 metros de altitude, nossa expedição precisou de 18 integrantes. Católicos, ateus, agnósticos, muçulmanos, negros, brancos, brasileiros e tanzanianos trabalhando juntos, sem competição. Afinal, na competição, você quer aniquilar seus adversários - e a competição nas empresas está cada vez mais parecida com o Coliseu romano. É você contra outro. E apenas um sai vivo. Na montanha, tudo dá errado quando há competição.

Lembro da primeira vez que li “No Ar Rarefeito”, do jornalista Jon Krakauer, sobre a história da tragédia de 1996 no Everest. A competição está lá. Essa palavra não é usada pelo autor, mas você sente a presença dela em toda a narrativa. Quando você quiser participar de uma expedição comercial, vai ter que responder a um questionário fornecido pela empresa. Todas as empresas que prestam esse tipo de serviço têm um. E, em todos eles, o guia que interpreta suas respostas estará procurando por traços de colaboração. Pessoas com cultura de colaboração levam fluidez ao ambiente, promovem o bem-estar e fazem com que as fricções diminuam. Nas empresas deveria ser assim. Com as pessoas que amamos, incluindo nossos amigos, também. Afinal, faz sentido disputar o posto de mais bem-sucedido da turma?

Prioridades x Prioridade

Pontos importantes sobre prioridade: o primeiro é que esse substantivo é muito diferente de “foco” - e eu gosto de confundir prioridade e foco. O primeiro pode ser definido como “a próxima tarefa a ser feita para que seu objetivo fique cada vez mais próximo”. Cá entre nós, não deveria haver prioridade no plural, ou seja, “as próximas tarefas” não deveriam existir - o que chega a soar óbvio quando colocamos essa ideia em perspectiva. Na escalada ao Monte Elbrus, o maior da Europa, com 5.642 metros, prioridade sem “s” foi a ordem do dia. Porque o Elbrus é uma montanha “rápida”, quando o tempo permite, então você não monta acampamentos, não carrega barraca e sua ascensão parece básica. Mas, se você não conquistar o dia a dia na montanha, até a possibilidade de ataque ao cume, nada feito.

Por isso, nessa escalada, não usamos a frase “temos muitas prioridades hoje”. A prioridade era única, unitária. E a sensação de completar uma prioridade é redentora. Desde então, todos os dias quando acordo, repito comigo a palavra prioridade, sem o “s”. Qual a minha prioridade agora? Levar as meninas na escola. E agora? Treinar. E agora? Escrever este texto. E assim sigo. Isso diminui minha ansiedade e me coloca na trilha do que realmente importa. No montanhismo, não há “prioridades”. E ele me ensinou que, na vida, também não.

Simples x Fácil

O aprendizado do qual falo a seguir também vale para os conceitos de complicado e difícil. E eu adoro confundir essas coisas. Estive recentemente no Monte Denali, a maior montanha da América do Norte, com 6.194 metros de altitude, no Alasca. Ele pertence ao National Park Service e, portanto, segue o jeito estadunidense de fazer as coisas. Lá, tudo funciona. Você entra em um site para pedir a permissão de escalada e paga ali mesmo. E, no mesmo ambiente, tem acesso às regras, aos documentos e à literatura sobre o local.

Chegando na cidade mais próxima à montanha, o montanhista faz o check-in na base dos rangers (os guarda-parques de lá) e assiste a uma minipalestra, junto com os outros integrantes da expedição, sobre a escalada. A palestra faz tudo parecer simples. E é simples mesmo: os acampamentos são bem demarcados, bem como os caminhos até eles, e todo o material está organizado. Ainda assim, a escalada do Denali foi a coisa mais difícil que já fiz em toda minha vida. Foi simples? Sim. Mas foi difícil, muito difícil! Quanto mais internalizo a diferença entre esses termos, maior a minha capacidade de executar tarefas sem sofrimento ou ansiedade. A linha entre simples e fácil é tênue, e entender isso desde cedo faz muita diferença no dia a dia.

Agora, uma última reflexão. Os aprendizados acima não estão relacionados com a preparação física do esporte e não têm nenhuma relação com força muscular e capacidade motora ou cardiovascular. Todos eles estão relacionados com o psicológico. Esse fator é o que mais derruba montanhistas e o que mais causa acidentes. Basta uma decisão errada e pronto. Por isso, especialistas da montanha dizem e eu repito: esse esporte é 30% preparação física e 70% preparação mental. Considerando que o psicológico transforma a vida de pessoas, os aprendizados acima podem nos ajudar a enfrentar os desafios profissionais e pessoais que temos pela frente.

Se você quer se aprofundar no tema da autodisciplina, superação e coragem, sugerimos que conheça a ferramenta de Fluxo do Comportamento Empreendedor.

Pelo testemunho do Gustavo Ziller, fica nítida a relação da sua história com o empreendedorismo, pois o montanhismo é uma atividade cheia de desafios e recompensas. No empreendedorismo, assim como na vida, é sempre importante nos cercamos de pessoas que nos apoiam e estão dispostas a contribuir para o nosso crescimento. Assim, estabeleça relacionamentos com boas pessoas, trace um plano e não desista até alcançar os seus objetivos.

Autoria: Gustavo Ziller - 7CUMES Ventures - Empreendedor Endeavor.

Conteúdo originalmente publicado no Portal de Empreendedorismo da Endeavor.


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