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Empreendedorismo | COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR
Rodada de Educação Empreendedora: universidades e transformação social

Confira as principais lições compartilhadas na sétima edição da Rodada de Educação Empreendedora (REE), uma correalização Sebrae e Endeavor.

· 30/06/2017 · Atualizado em 12/08/2022
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“Universidades são espaços não apenas de educação, mas de transformação social”: essa frase de Modesto Seara Vazquez, da Universidade de Oaxaca (México), resume bem o que foi a última edição da Rodada de Educação Empreendedora. Em tempos turbulentos, em que maus exemplos de empresários enchem o horizonte de nuvens, os aprendizados dos professores e empreendedores que se reuniram na Melicidade, em São Paulo, soaram como clarões no céu carregado.

São experiências absolutamente inspiradoras, de quem sabe que a educação é o melhor caminho e que o empreendedorismo é capaz de transformar o país. São histórias também de quem persiste, apesar dos inúmeros obstáculos que encontra pelo trajeto. E, como não poderia deixar de ser, nós acompanhamos tudo bem de perto para compartilhar os melhores momentos com você.

Vamos lá!

Mudança social em um ambiente difícil

Reitor da Universidade do Estado de Oaxaca, no México, Seara Vazquez fez uma linha do tempo da instituição que comanda:

“Oaxaca é um dos estados mais atrasados do México, econômica e socialmente. É México ‘profundo’. Bem diferente de São Paulo, porque há poucas fábricas e empresas. Em 1990, inauguramos lá a Universidade. Naquele momento, tínhamos 48 alunos e 5 professores, que ministravam apenas 2 aulas”.

Mas hoje o cenário é completamente diferente: “Chegamos a 1.700 estudantes, 220 professores, 17 campi, 620 prédios, 80 carreiras diferentes, 28 institutos de pesquisa e, ainda por cima, somos a primeira do ranking em computação”.

Formar pensadores em vez de formar profissionais

Os números são mesmo impressionantes. E, de acordo com Seara Vazquez, devem-se a uma série de motivos. O mais importante é o entendimento de que a universidade não é uma instituição educativa, mas sim um instrumento cultural para transformar a sociedade.

“Nós formamos líderes, líderes sociais. Com trabalho, disciplina, seriedade, responsabilidade, valores sociais e honestidade. Não queremos que o papel da universidade seja o de formar profissionais; formar não é só informar, não é só adquirir capacidade técnica. Queremos formar pensadores.”

Seara Vazquez afirmou que o empreendedorismo também está na essência da Universidade:

“Não queríamos que as pessoas saíssem da universidade, não queríamos que fossem atrás de trabalho. Queríamos que elas pudessem criar empresas. É por isso que todo curso tinha uma disciplina de administração de empresas. Tivemos uma turma com dois alunos que começaram a exportar uma comida típica do México e que hoje têm uma empresa de alimentos internacionalizada. Levaram pra Alemanha, de lá pra Barcelona, de lá pra Houston”.

Um romance por mês

O contexto socioeconômico, porém, impôs grandes desafios: “A qualidade da educação em Oaxaca é uma das piores do México. Grande parte dos estudantes vem de comunidades”, contou Seara Vazquez. “E alguns chegam sem saber espanhol”, completou.

Seria fácil desistir do projeto, mas a resiliência prevaleceu: a Universidade estabeleceu, como atividade obrigatória, a leitura de um romance por mês e a confecção de um resumo.

Esse pensamento de recuperação permeia todo o sistema de ensino por lá: “Precisamos reconstruir o conhecimento dos alunos. Temos cursos preparatórios de dois a sete meses antes da universidade. E, uma vez lá, ensinamos as matérias básicas e depois, pouco a pouco, construímos o novo conhecimento”, afirmou o reitor.

Esse pensamento é aliado à austeridade: “Os edifícios são funcionais, mas não são de luxo. Eu moro numa casa modesta, pequena”. A desconstrução de valores arraigados também faz parte do dia a dia: “Já expulsamos alunos por maus-tratos a suas namoradas. Não queremos machistas dentro da universidade”.

Com tudo isso, a grande lição da experiência de Seara Vazquez é a de que a universidade, em conjunto com o empreendedorismo, pode ser, sim, uma poderosa ferramenta de transformação social - e não apenas de educação.

Ecossistema empreendedor: a universidade e o mercado

Em um dos painéis do REE também foram discutidas as relações entre o empreendedorismo ensinado nas universidades e aquele praticado de fato no mercado. Participaram: André Ferraz, Empreendedor Endeavor da In Loco; Ronaldo Rondinelli, Diretor Geral do Santander Universidades e Diretor Executivo da Universia no Brasil; e Ignacio Estivariz, Head of Corporate Development do Mercado Livre. A moderação ficou a cargo de Gilberto Sarfati, Professor da FGV-EAESP e gestor da GVentures.

Natural de Recife, André Ferraz montou sua empresa, a In Loco, ainda na Universidade Federal de Pernambuco, instituição em que cursou ciência da computação.

Questionado sobre a experiência, Ferraz compartilhou algumas dificuldades que certamente são as de muitos estudantes: “Nós recebemos apoio da instituição, mas era um apoio em nível muito teórico. Faltava maior conexão com o mercado, conta. “Refiro-me à possibilidade de nos conectarmos a possíveis clientes, a possíveis usuários e investidores”, explica.

A importância da disciplina de cultura empreendedora

Mas André não tem dúvidas sobre a importância de ter tido esse contato com a cultura empreendedora na universidade: “Foi a disciplina que me permitiu ter o primeiro contato com empreendedores de fato do Nordeste”.

Ele afirmou que tal fato é ainda mais crítico por conta da ausência de exemplos locais: “No Recife, não temos tantas empresas como em São Paulo. Não temos tantos exemplos. Sendo assim, a universidade é fundamental para o fomento da cultura empreendedora regional”.

O que os alunos precisam aprender

Para Randall Ussery, professor da Babson College e empreendedor, que fez um workshop no REE, a questão mais importante é a resiliência: “Os estudantes têm que entender o que é isso. Têm que aprender a persistir para realmente encontrar a inovação”.

Mas e os professores? Como podem ensinar de forma mais empreendedora? Para Ussery, os bons e velhos cases constituem um ótimo caminho:

“É preciso fazer os alunos agirem, e não só pensarem. A utilização de cases é indispensável neste momento. Cases realmente inspiradores, com os quais os estudantes possam se identificar”.

Debate mundial e networking

Ussery salientou a atualidade da discussão em pauta na REE: “Em todo o mundo temos esse debate sobre como combinar inovação e educação. É uma preocupação global”. Ele também enfatizou o papel de networking que a universidade pode ter: “No meu caso, quando era estudante, construí uma sólida rede de contatos, uma vez que praticamente todos os meus colegas tornaram-se empreendedores”.

A grande lição, aqui, foi a necessidade de abrir novos caminhos para o ensino do empreendedorismo: “Professores devem sair da zona de conforto para incentivarem os alunos em atividades mais interativas e provocativas, de modo a desenvolver competências socioemocionais de empreendedorismo”, finalizou Ussery.

Estratégias para um ensino de empreendedorismo institucionalizado

O último painel do dia foi dedicado ao debate sobre como a educação empreendedora pode ser definitivamente incorporada pelas instituições de ensino. Participaram do painel Fabio Fowler, Professor da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI); Getúlio Stefanello, Professor e Pró-Reitor Adjunto de Extensão no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS); e Yeda Swirski de Souza, Decana da Escola de Gestão e Negócios da Unisinos.

Fabio Fowler contou sobre sua experiência à frente do departamento de cultura empreendedora de sua instituição: “Comecei sozinho. Éramos eu e Deus, um lobo solitário, mesmo, lá em 1994. De lá pra cá, foi uma longa caminhada, mas temos conquistas importantes. Criamos o primeiro curso de graduação da América Latina que utiliza a educação empreendedora transversalmente”.

O importante, para Fowler, é começar e demonstrar resiliência, “porque os resultados vêm aos poucos”. De acordo com ele, “as coisas começaram a andar quando comecei a trazer professores de cálculo e de engenharia para desenvolver competências nos alunos”.

Uma experiência “do meio para os lados”

Já Yeda Swirski falou sobre a missão que recebeu do reitor da Unisinos em 2012: “Ele me pediu para identificar os projetos que eram estratégicos para a área de gestão e negócios. E, após uma série de conversas, percebemos que havia a necessidade de fortalecer o empreendedorismo na universidade”.

A professora relata, então, que já havia “um conjunto de atividades acadêmicas voltadas ao empreendedorismo”. Eram cerca de 30 professores que já se ocupavam do empreendedorismo no sentido extenso, mas havia lacunas a serem preenchidas.

Assim, coube a Swirski e sua equipe amarrar todas essas iniciativas sob a égide de uma área consolidada de educação empreendedora: “Minha experiência, assim, foi do meio para os lados”.


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