Direto da aldeia Inhaã-bé, nas proximidades de Manaus (AM), a empreendedora Yrá Tikuna conta sua história, ao som da natureza e dos animais.
Neste mês de março, do Dia Internacional da Mulher (dia 8), honramos e celebramos a força, a determinação e a diversidade das mulheres. Uma voz inspiradora que personifica esses valores é Yrá Tikuna. Mulher indígena, mãe de três meninas e um rapaz, e empreendedora cuja jornada é um testemunho de resiliência, sabedoria ancestral e inovação.
PERGUNTA - Conte um pouco sobre você. Onde nasceu, sua etnia, cultura e como passou a empreender?
Eu nasci na aldeia de Umariaçu, município de Tabatinga, no Amazonas. Com 10 anos de idade, viemos transferidos para Manaus porque meu pai trabalhava no Serviço de Proteção ao Índio (antiga Funai).
Naquela época havia muito preconceito, que hoje ainda existe, mas não como antes. Minhas irmãs e eu não pudemos terminar o ensino fundamental e médio. Só agora tenho a oportunidade de retornar os estudos e fazer uma faculdade.
Cheguei a morar na cidade e sentia muita falta das tradições, dos rituais e das vestimentas feitas de palha, de cascas das árvores (tururi), os sutiãs de cuia, as tangas. Eu ficava imaginando quando eu ia voltar para minha aldeia e minhas tradições.
Até que eu conheci um rapaz também indígena, mas de outro povo. Nos casamos e ele me trouxe para a aldeia que moro hoje. Aqui me lembrava muito da minha infância e então ficamos e constituímos a nossa família.
Comecei a fazer minhas artes, que praticava desde criança, e meus filhos passaram pelos mesmos rituais que passei. O objetivo era deixa-los fortes para aprender que tudo que eles quisessem conquistar exige esforço. Tem que ir atrás. Tem que buscar.
Logo no início, na aldeia, comecei a trabalhar com artesanato por encomenda mas não via muito retorno e eu resolvi montar uma associação. Pensei que como a gente sabia fazer as coisas não precisava trabalhar para ninguém mas para nós mesmos.
Além do artesanato, começamos a fazer saias, sutiãs e calções para os meninos da aldeia. E como já tínhamos o trabalho com turismo, pensei em produzir também para essas pessoas que nos visitavam na aldeia. Comecei a pintar as roupas com desenhos e grafismo que tinham algum significado e as pessoas também queriam comprar as roupas. E sempre foi meu desejo que pessoas de fora passassem a usar as minhas roupas.
Antes, para a produção das roupas, eu usava um material que não existia nessa região, o tururi, e era muito difícil viajar para conseguir. Foi então que vi o algodão cru, que dá o mesmo efeito, e passei a produzir as roupas com ele. Foi quando passei a produzir mais e com menor custo.
PERGUNTA - Você fez algum curso para se tornar estilista e produzir suas roupas?
Para falar a verdade, não tiro nem medidas. Como dizia minha avó: “a pessoa que sabe fazer, faz ao vivo”. Sempre prestei atenção nas histórias que ela contava. Ela também falava: “quando a pessoa serve para prestar, ela presta mesmo.” Sempre coloquei isso na minha cabeça.
E para falar a verdade, não sei explicar como sei fazer as roupas. É como se eu estivesse em um sonho com alguém me dizendo como fazer. É mais à noite que começo a projetar os modelos que quero fazer e de manhã começo a fazer.
Hoje trabalho sob encomenda porque tenho minhas filhas ajudando. São seis mulheres produzindo as roupas. E temos um ponto de venda em Manaus e o ateliê é aqui na aldeia mesmo.
PERGUNTA - Fale um pouco sobre as outras atividades executadas pela comunidade – uma agência de modelos, um coral, um grupo de teatro.
Quando querem alguma apresentação para mostrar nossa cultura nos convidam para o evento. Nós cantamos na nossa própria língua e a maioria das pessoas busca conhecer nossa cultura e tradição. Muitas pessoas que vivem aqui nas proximidades não conhecem as aldeias, os costumes indígenas.
Quando pensamos em montar um grupo assim é também para não perder nossa cultura, não esquecer quem somos, de onde viemos. Passamos isso para as novas gerações para que eles não esqueçam nossa língua e não tenham vergonha da nossa cultura. Não temos que ter vergonha do que a gente é, temos que ter orgulho.
Então, nos convidam para mostrar nossas roupas em eventos ou para cantar nossa língua, mostrar nossa cultura.
PERGUNTA - E a aldeia Inhaã-bé? É aberta a turistas? Conta como são as vivências por lá.
Essas vivências começaram através de um projeto que a gente escreveu aqui na aldeia e passou em um edital para mostrar que apesar de estarmos tão próximos a Manaus, nós continuamos vivendo a nossa cultura, nossa tradição, nossas artes, costumes e culinária.
Queríamos mostrar como um povo ainda resiste às mudanças dos tempos e esse projeto foi para mostrar o que ainda temos aqui na aldeia.
Quando passamos a trabalhar com turismo entendemos que poderíamos ter algum retorno ao mostrar nossa cultura. É uma troca de conhecimento e todos aceitaram participar. Tiveram curiosidade de conhecer nossa cultura.
Então, uma vez por semana temos essa vivência. Muitas pessoas que moram em Manaus não conhecem nossa aldeia. Ficam até espantados ao saber que existe comunidade indígena nessa região.
Quando o grupo vem para dormir, chega na sexta às 17h e amanhece no sábado. Temos um cronograma com pajelança que são várias práticas e rituais.
Outra novidade é que fomos aprovados em outro edital e conseguimos a construção de uma sala de cinema indígena. E por meio de um puxirum será construída coletivamente a sala. O local já passou por limpeza e agora vamos comprar os materiais para a construção.
PERGUNTA - Sobre a relação homem x mulher na aldeia, você considera que como mulher precisou enfrentar mais dificuldades para empreender?
No meio do povo indígena nós não temos essa separação. Acho que caminhamos juntos e por igual. Na minha concepção, eu não enfrentei muito isso porque os homens nos apoiam muito e não tem essa divisão. Trabalhamos juntos.
PERGUNTA - Quanto a monetização dos negócios, qual a atividade traz mais retorno e que conselho você daria para outras empreendedoras que queiram seguir um caminho semelhante?
Hoje na aldeia os maiores retornos são nos nossos cantos, apresentações e nas vestimentas. Eu dou graças a Deus que meus filhos não passaram o que eu passei pois eles nasceram e foram criados aqui na aldeia. Eles são mais evoluídos do que eu e não têm vergonha de expressar a nossa cultura.
Meu conselho para todas as pessoas é que quando se quer alguma coisa na vida é preciso “meter a cara”, não tem o que temer. Se eu fizer um colar hoje e postar em alguma rede social, amanhã já vendi. Quando a gente quer mesmo, apesar das dificuldades que enfrentamos, é só correr atrás.
O mais importante é fazer, mesmo que errado ou se não acertar de primeira, tem que fazer, praticar, pois daqui a pouco você estará bem mais evoluído.
Eu sei que as lutas são difíceis, nada cai de mão beijada. Então, não fiquem parados.
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Roadshow - Construindo negócios com a Petrobras
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Formalização do MEI [Micro Empreendedor Individual]
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Chamada para adesão ao programa Cidade Empreendedora
O SEBRAE/AM torna pública a oferta do Programa Cidade Empreendedora 2024, iniciativa que visa a transformação dos municípios conectada com a estratégia de desenvolvimento territorial do Sebrae, que visa direcionar, acelerar e sustentar o processo de desenvolvimento socioeconômico local com foco na melhoria do ambiente de negócios, no fomento ao empreendedorismo e na promoção da competitividade empresarial com ações nos eixos temáticos Gestão Municipal, Desburocratização, Compras Públicas, Inovação e Sustentabilidade, Lideranças Locais, Sala do Empreendedor, Empreendedorismo na Escola, Cooperativismo e Crédito, Marketing Territorial e Setores Econômicos, bem como a Inclusão Produtiva com atividades voltadas para fortalecer os empreendedores, os negócios e a economia local. Critérios de Participação O Programa tem abrangência limitada ao orçamento do SEBRAE/AM, sendo possível contemplar municípios para o Ciclo 2024 seguindo os seguintes critérios: 1. Estar entre os 62 municípios do Estado do Amazonas; 2. Ter aderência aos eixos temáticos trabalhados no Programa; 3. Preencher todos os itens do Formulário de inscrição e manifestação de interesse (Anexo I). Investimento Aos municípios interessados na atuação do SEBRAE/AM para implantação de políticas de desenvolvimento econômico, com foco nos pequenos negócios, será firmado um CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS com valores calculados a partir das necessidades verificadas pela gestão municipal em conjunto com o SEBRAE/AM, com investimento mínimo de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), conforme acordado entre as partes. Prazo para inscrição: 20/11 a 20/12/2023 Para as Prefeituras interessadas em se inscrever e/ou saber mais sobre a metodologia, eixos estratégicos, soluções aplicadas pelo Programa Cidade Empreendedora, entrar em contato com a Unidade de Empreendedorismo no Interior – UEI, por meio dos contatos: José Antonio Fonseca, e-mail: jose.fonseca@am.sebrae.com.br, telefone (92) 98560-0789 Marcelo José de Souza, e-mail: marcelos@am.sebrae.com.br, telefone (92) 98634-4355.
Wed Nov 22 11:20:45 BRT 2023
Sebrae atende mais de 20 mil empreendimentos no Amazonas
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-AM) contabilizou 20.487 empreendimentos atendidos em 2023 por meio do programa “Sebrae na sua Empresa”. A ação que engloba todo o estado do Amazonas, oferece de forma gratuita, recomendações de gestão empresarial, tais como soluções e ferramentas para desenvolver habilidades da gestão de negócio, além de consultorias com oferta de conteúdos técnicos específicos.Aproximadamente 60 agentes se deslocam até os municípios do Amazonas para a realização dos serviços. Todo o estado já recebeu os serviços do programa, que deve continuar atendendo até o fim de novembro. Até outubro foram alcançadas 2.989 Empresas de Pequeno Porte (EPP), 10.573 Microempresas (ME) e 6.925Microempreendedores Individuais (MEI).O relatório produzido pelo SEBRAE e divulgado em 2022 sobre “Empreendedorismo Informal no Brasil”, indica que até o ano passado havia cerca de 583.219 donos de negócio sem CNPJ no Amazonas e que apenas 63.837 tinham CNPJ. Ou seja, 22% estão formalizados. Ainda segundo o estudo, a maior parte dos empreendedores informais ou formais é da ‘Agropecuária’ ou do setor de ‘Serviços’. Com o propósito de identificar o desafio da empresa, formalizar, indicar soluções e materiais importantes para a gestão do negócio, o programa ‘Sebrae na sua Empresa’ é realizado fisicamente, de porta a porta, por um consultor credenciado pela instituição, devidamente identificado com uniforme e crachá. O atendimento é gratuito e visa auxiliar o empreendedor a agregar valor e desenvolver a empresa, por meio do acesso aos planejamentos de estratégia financeira, marketing, inovação e gestão de pessoas.O serviço também pode ser solicitado via 0800-570-0800 ou no site SebraenaSuaEmpresa. Os agentes atuarão até o final de novembro, na capital e interior.
Mon Nov 13 16:07:28 BRT 2023
Cresce em 62% o número de negócios abertos no Amazonas
O relatório técnico elaborado pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) registrou o aumento de 62,2% no número de pequenos negócios abertos no Amazonas. Os dados correspondem ao período de 2019 a 2022, contabilizando empresas de Microempreendedor Individual (MEI), Microempreendedor (ME) e Empresa de Pequeno Porte (EPP). O estudo é realizado com base no Cartão de Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) da Receita Federal do Brasil (RFB), acessada por meio do convênio entre o Sebrae Nacional e a RFB. De acordo com o estudo, em 2019 o estado registrou 14.111 negócios abertos, envolvendo MEIs, ME e EPP. Em 2022, o número chegou a 22.893. Comércio e Serviços foram os setores mais catalogados no Amazonas, conforme os dados do relatório. No segundo trimestre de 2023, o país registrou a abertura total de 954.553 novos Pequenos Negócios. O Amazonas fechou no mesmo período com 21.866, sendo maior número em destaque para os MEIs, com 17.483.O documento atribui o crescimento aos processos de transformações tecnológicas nos últimos anos, que facilitaram a abertura de empresas no país. A utilização do meio digital é um dos principais fatores nessa mudança, como é o caso do registro de Microempreendedor Individual (MEI), que é realizado integralmente pela internet. Com o objetivo de fomentar o desenvolvimento e a competitividade das micro e pequenas empresas e do microempreendedor individual, como estratégia de geração de emprego, distribuição de renda, inclusão social, redução da informalidade e fortalecimento da economia, o Sebrae Amazonas oferece conhecimentos operacionais e técnicos para que micro e pequenas empresas se fortaleçam no mercado.A proprietária do espaço ‘Meninas Fits’, Lívia Cristo, participante de um dos programas da Instituição em parceria com a Coca-Cola, o “Empreenda como uma mulher”, relata que o apoio da entidade foi fundamental para alavancar financeiramente seu negócio. “Eu já usava algumas ferramentas, mas foi através das aulas de finanças que passei a enxergar um maior potencial de cada marmita, agora é possível medir a participação individual de cada um na empresa e entender que todos são importantes.”Outra empreendedora e idealizadora do ‘Amazônico Buffet’ é Michelle Leite, cliente do suporte oferecido pelo Sebrae Amazonas, ela afirma que as modalidades das aulas e o apoio dinâmico permitiu que “o conhecimento acerca da precificação do seu produto agregasse mais valor para sua produção”, e enfatizou que “as instruções sobre as redes sociais do negócio foram esclarecedoras para começar um relacionamento com o consumidor”, disse Michelle.Com mais de 51 anos de existência, o Sebrae comemora o dia do empreendedor, neste dia 5 de outubro, trabalhando para oferecer as melhores condições e oportunidades para quem deseja investir no próprio negócio, disponibilizando cursos, palestras, programas e outros, com o intuito de fomentar o empreendedorismo no país. No estado, além do principal programa de formação de empreendedores do mundo, o ‘Empretec’, a entidade presta consultorias para que os clientes tirem suas dúvidas e saibam cumprir todas as etapas do seu negócio — cobrindo desde a abertura, oferecendo auxílio para a obtenção de crédito e microcrédito, até o planejamento e a execução da gestão financeira e a contratação de recursos humanos.Dia do Empreendedor – 5 de outubro A comemoração da data é resultado da criação do Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, com a aprovação da Lei nº 9.841, de 05 de outubro de 1999, e que atualmente é regulamentado pela Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. O objetivo da legislação vigente é fomentar o desenvolvimento e a competitividade da Micro e Pequena Empresa (MPE) e do Microempreendedor Individual (MEI).