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Empreendedorismo | ATITUDE EMPREENDEDORA
Sazonalidade responsável: os pilares do artesanato no Amazonas

Saiba como o Artesanato do Amazonas ensina a respeitar os ciclos da Natureza

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André Barbosa

· 01/07/2022 · Atualizado em 01/07/2022
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Graças à cultura de praticidade e instantaneidade propagada no inconsciente coletivo desde a época da primeira revolução industrial, quando observamos um produto na prateleira, a última coisa que vem à mente é o processo. Embalagens coloridas com design chamativo fazem com que perguntas importantes como “Quem fez?”, “Como foi feito?” ou “Quanto tempo levou para ficar pronto?” sejam distanciadas e substituídas por meros “Quanto custa?” e “Válido até quando?”.

O valor do artesanato vem na contramão do mindset de consumismo e traz consigo a necessidade de olharmos com mais atenção para a palavra “produto”, que também significa “resultado de uma soma”. Até que um item artesanal fique pronto, é preciso “somar” conhecimentos sobre as matérias-primas, expertise nas técnicas que, geralmente, são repassadas de geração em geração, domínio e pesquisas constantes sobre as referências da iconografia regional, dedicação e tempo para manusear cada trama com destreza, além de todo cuidado para manter o principal fornecedor vivo: o próprio meio ambiente.

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Por quantos processos você acha que uma bolsa feita de cipós trançados passa até chegar à sua versão final? Muito embora você tenha algum conhecimento acerca do tema, certamente, não vai conseguir distinguir todas as etapas que levaram a habilidade das mãos dos artesãos a transformarem o que a natureza já fez com maestria em algo ainda mais exuberante. Como exemplo, as bolsas, vasos, leques e tantos outros produtos da marca Teçume da Floresta (original do município  de Careiro Castanho), que possuem o Cipó Ambé como matéria-prima principal, levam muitos dias para ficarem prontos, desde a extração até a finalização.

Uma equipe de quatro a cinco homens remam cerca de 40 minutos por dentro dos igapós à procura desse precioso cipó, oriundo de uma planta que vive grudada no topo de árvores altas e utiliza, justamente dessa fibra para extrair os nutrientes da água. Ao chegar próximo das árvores hospedeiras, é preciso saber exatamente quais cipós poderão ser removidos com segurança, uma vez que, se puxados indiscriminadamente, podem matar o vegetal e comprometer acontinuidade de produção.
Antes mesmo de voltar para a comunidade, o cipó é descascado em área de mata, onde seus resíduos serão absorvidos pelo solo, e então seguem para outras etapas de beneficiamento como tingimento natural (realizado a partir da imersão do cipó em caldeirões cheios de substrato da fervura de jenipapo ou outros compostos orgânicos), onde passam cerca de 4 horas até chegarem ao colorido desejado, seguindo para o seu teçume, feito por mulheres de todas as idades. Somente depois disso, as peças ficam prontas para serem comercializadas em feiras nacionais, lojas especializadas e através do e-commerce nas redes sociais.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

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Inversamente proporcional ao ritmo imposto pela sociedade de consumo,
a complexidade do trabalho artesanal vem como um convite para refletirmos
sobre o mundo à nossa volta: Um produto manufaturado de forma responsável mantém nossa floresta em pé e não gera lixo, mas será que podemos dizer o mesmo de tantos outros objetos industrializados presentes no nosso dia-a-dia? Para onde vão seus resíduos? A quem eles estão gerando empregos? Existe algum investimento para preservação da fonte de matéria-prima? A sustentabilidade não pode estar somente na embalagem de papel reciclado! Ou ela é um pilar na tomada de decisão em toda a cadeia produtiva, ou é apenas uma fantasia oportunista.


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