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Muitas escolas de negócios ensinam a executivos e empresários que o negócio é a maximização do lucro. Eu não acredito nisso. Eu acredito que o objetivo é ter um lucro que sustente o negócio e enriqueça os proprietários, mas não maximizado em todo e qualquer período (mês, trimestre, ano etc.).

Eu acredito que o objetivo de uma empresa é a sustentabilidade, de modo que todos os stakeholders (clientes, funcionários, proprietários, fornecedores etc.) possam contar com o negócio em longo prazo.

Vamos usar um exemplo. Você tem um negócio que funciona na web: é um fornecedor líder de comércio eletrônico para um mercado vertical que gera US$ 50 milhões em receitas anuais e tem um lucro de US$ 5 milhões por ano. Ao ver o lançamento do iPhone e Android, pensa que seus clientes vão querer se conectar ao seu negócio através de celulares. Você, então, pede ao vice-presidente de produto da sua empresa para levantar o que seria necessário para construir aplicativos móveis que permitam isso acontecer. Ele diz que terá um investimento de US$5 milhões ao longo de dois anos para concluir o projeto. Você engole seco, o valor vai reduzir seus lucros em US$ 2,5 milhões em cada um dos próximos dois anos. O que você faz?

Você faz o investimento, porque deve investir no sucesso em longo prazo da empresa, mesmo que isso não é maximize o lucro. Essa estratégia pode simplesmente levá-lo de volta aos US$5 milhões por ano de lucro que estava tendo antes. Pode não haver nenhum retorno positivo sobre o investimento. Pode ser simplesmente um investimento defensivo. Mas você ainda precisa fazer isso para garantir que existirá em longo prazo.

Clay Christensen fala sobre esse tipo de coisa o tempo todo. Os executivos de grandes empresas são convidados a calcular o retorno sobre os investimentos (ROI) que querem fazer. Se o ROI não é maior do que alguns obstáculos mínimos, a empresa não faz o investimento. Mas um concorrente menor o faz e come o almoço da grande empresa.

Portanto, quando você toma decisões de investimento em sua empresa, pense: o que será necessário para garantir que a empresa existirá em 10, 50, 100 anos? Essa é a forma de pensar, se você quiser permanecer nos negócios.

Uma das decisões mais difíceis que empreendedores e executivos precisam tomar é a de desfazer o próprio negócio.

Vamos dizer que você é um operador de cabo. Está ganhando bilhões de dólares por ano oferecendo voz, vídeo e serviços de dados protegidos por um modelo de negócio de monopólio. Mas aí vem a internet e permite que voz e vídeo sejam entregues a seus clientes através de qualquer rede IP (rede fixa, a cabo, sem fio etc.). Você sabe que isso vai atrapalhar o seu negócio em algum momento. O que você faz?

Infelizmente, a maioria dos executivos escolhe a maximização de lucros em curto prazo, que pode, muitas vezes, levar à morte do negócio no longo prazo. Felizmente, a maioria dos empreendedores opta por investir e manter a empresa funcionando. Para mim, é uma escolha fácil se o objetivo é a sobrevivência em longo prazo.

Uma das razões pelas quais os empreendedores fazem essas escolhas difíceis e executivos, não é que aqueles pensam como donos. Eles têm um instinto de sobrevivência, enquanto executivos são armas contratadas focadas em maximizar o sucesso do negócio (e sua remuneração) em um curto período de tempo. Executivos não têm nenhum incentivo para pensar sobre o que acontece em 20 ou 50 anos, eles sabem que não estarão por lá – e, por isso, a empresa não existirá também.

Então, quando você construir seu modelo de negócio e criar a cultura da sua empresa, enfatize a sustentabilidade em vez da maximização do lucro em tudo que criar e fizer. Isso não significa que você não precisa ter lucro. Os lucros são a essência da sobrevivência. Você não pode e não vai sobreviver sem lucros. Eles são tudo quando se trata de sustentabilidade. Mas só porque você precisa ter lucro não significa que você precisa maximizá-lo.

Equilibrar a necessidade de lucro com a necessidade de sustentar o negócio é a arte que você deve fazer como o líder de um negócio. Faça as duas coisas e vencerá.

Conteúdo desenvolvido em parceria com a Endeavor Brasil

Autoria: Fred Wilson, investidor desde 1986.