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Fri Mar 17 13:01:30 BRT 2023
Inovação | INOVAÇÃO
Medellín: turismo inteligente revela oportunidades e aprendizados

Entenda a transformação turística da cidade de Medellín.

· 07/02/2023 · Atualizado em 17/03/2023
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Segunda maior cidade colombiana, Medellín esconde muita mais do que as belas paisagens e a vasta cultura que salta aos olhos à primeira vista.

Com base em políticas públicas e visão estratégica orientadas para receber cada vez mais e melhor os visitantes, a cidade é um exemplo a ser seguido nos quatro cantos do mundo quando o assunto é turismo inteligente.  

Com uma população de 2,569 milhões (2020), Medellín é conhecida como a "cidade da eterna primavera", devido ao seu clima ameno, recebe uma famosa Festa das Flores anual.

Os modernos metrocables (teleféricos) ligam a cidade aos bairros circundantes e oferecem vistas do Valle de Aburrá, abaixo. As esculturas de Fernando Botero decoram a Plaza Botero, no centro, enquanto o Museo de Antioquia exibe mais obras do artista colombiano. 

A cidade é capital da província montanhosa de Antioquia, e hoje uma referência internacional em práticas de inovação urbana e resiliência social, tendo conquistado a certificação internacional DTI em 2020, fruto de uma articulação realizada pelo poder público em parceria com o setor privado da cidade.

Entre outras práticas, possui um Centro de Turismo Inteligente, com usos práticos de dispositivos inteligentes para a promoção e experiência turística de seus visitantes. 

Em artigo publicado pelo Sebrae RS (https://digital.sebraers.com.br/blog/medellin-turismo-inteligente-revela-oportunidades/), a coordenadora de projetos de Turismo e Economia Criativa, Amanda Paim, aponta dez aprendizados trazidos dessa cidade que podem ser aplicados em outras localidades com o mesmo potencial.

1- Planejamento Urbano Integrado (PUI)

A cidade é dividida em 21 Comunas (distritos), sendo 16 comunas urbanas e 5 rurais. Cada Comuna possui o seu planejamento urbano de acordo com as necessidades, respeitando os princípios de: 

  • Proximidade, evitar o tempo de deslocamento para acessar os serviços públicos; 
  • Acessibilidade, para quem possui necessidades especiais; 
  • Integração e conectividade do sistema de transporte; 
  • Porosidade, de fácil acesso (entradas abertas e visíveis); 
  • Uso múltiplo e integrado dos espaços com diversos serviços públicos (educação, saúde, atendimento jurídico, etc); 
  • Atendimento acessível, serviços gratuitos e de baixo custo para todas as pessoas. 

Para cada Comuna, existem, em média, 50 projetos de apoio e de atendimento em diversas áreas (educação, saúde, atendimento especializado, amparo às mulheres e jovens, etc). Todos os planejamentos urbanos são integrados ao Plano Diretor da Cidade. 

2- Inovação como estratégia de transformação

Um dos marcos foi o projeto Ruta N, que iniciou em 2009 com a cooperação entre o poder público, a IBM e a empresa de telecomunicação local. A Ruta N está em operação até hoje, com o propósito de formar talentos e gerar empregos através da ciência, tecnologia e inovação para melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Em 2013, Medellín foi declarada a cidade mais inovadora do mundo no concurso “City of the Year”, do Wall Street Journal. 

3- Regeneração e revitalização

A gestão municipal remodelou parques e praças, plantou flores, construiu ou restaurou quadras poliesportivas e inaugurou bibliotecas no centro e nas periferias.

Os exemplos mais impactantes desta transformação são o Valle del Software (centro especializado de formação para jovens) e a C4TA (Cidade da 4ª Revolução e da Transformação da Aprendizagem), antigo presídio feminino que hoje é uma Universidade que oferece 16 programas entre tecnólogos e graduação, com ênfase em conhecimento na Indústria 4.0. 

4- Ecocity

É a primeira cidade da Colômbia com um acordo aprovado para definir as diretrizes da Política Pública de Economia Circular. Também busca se consolidar como uma Ecocity, conforme o Plano de Desenvolvimento Futuro de Medellín 2020-2023.  Alguns indicadores praticados, entre outros, são: 

  • Avaliação da qualidade do ar; 
  • Redução do uso de plástico e derivados; 
  • Sistema de captação de chuva;  
  • Recolhimento de resíduos sólidos.  

5- Sistema de transporte público integrado

Em 1995, foi inaugurado o metrô de Medellín. Esse foi um movimento importante na transformação da cidade, que antes era dominada pela criminalidade e pelo medo. As primeiras estações de metrô eram protegidas por imagens de santas, como um apelo de paz e proteção.

Depois do metrô, vieram o teleférico, os ônibus e as bicicletas, tudo integrado para permitir que o cidadão se locomovesse de forma mais rápida e mais barata. O metrô tem duas linhas, com extensão de quase 35 km.

Já os teleféricos, chamados de Metrocable, facilitam o deslocamento dos passageiros que vivem nos morros (geralmente lugares marginalizados, assim como no Brasil), permitindo descer e subir de forma muito mais rápida e fazendo conexão com as plataformas integradas. 

6-Cuidado e embelezamento

Com 50 parques e muitas ruas arborizadas, o programa de paisagismo visa a revitalização dos espaços públicos e o embelezamento da cidade.

Para viabilizar o programa, há um Horto que fornece as mudas para e as comercializa para os moradores. A manutenção dos parques, jardins e praças é de responsabilidade do Jardim Botânico do município. 

7- Turismo comunitário e criativo

A Comuna 13 fica perto da rodovia San Juan, importante via de entrada e saída de mercadorias na cidade. No passado, gangues e cartéis de drogas brigavam para controlar essa região, usada para a entrada de armas e saída de cocaína, por exemplo. 

Hoje, essa Comuna é um grande exemplo de turismo de base comunitária, porque além dos acordos de paz e das obras do governo, a população também teve um papel fundamental.

Projetos sociais foram desenvolvidos por grupos locais, que se mobilizaram para recuperar a região. Os moradores pintaram casas em tons vivos, grafiteiros se dedicaram a contar a história da comuna nos seus muros, jovens passaram a se dedicar mais a atividades como hip hop e break dance.

Aos poucos, a comunidade foi reforçando sua autoestima e mostrando sua resiliência. Nos últimos anos, vários moradores passaram a atuar como guias turísticos e como empreendedores. A Comuna 13 chega a receber mais de 60.000 visitantes por final de semana, sendo em sua maioria estrangeiros.  

8- Acessibilidade

Escadas rolantes ao ar livre. As escaleras eléctricas” de San Javier, inauguradas em 2012, substituíram 350 degraus em concreto, são cobertas e também facilitam muito a vida de quem mora por lá. Estão localizadas na Comuna 13. 

9- City card

O city card é uma ação de promoção integrada entre poder público e privado para comercialização de produtos e experiências do destino através do portal medellin.travel (https://www.medellin.travel/), com gestão e operação do Convention Berau.

Já o visit.travel (http://visit.travel/) é um portal público com geração de conteúdo e informações institucionais de responsabilidade da secretaria de turismo. Essa cooperação reforça o alinhamento do trade e traz clareza sobre os papéis do público e do privado. 

10- Inovação e tecnologia 

O centro de turismo inteligente possui beacons para captação de dados, e oferece áudios guias e realidade aumentada como parte da experiência. Possui painéis solares para geração de energia e sala sensorial para os visitantes. 

Também possui o Sistema de Inteligência Turística, que é a evolução de um observatório de turismo. O sistema analisa dados e gera informações de mercado sobre hotelaria, gastronomia, fluxo de turistas, atrativos, eventos, comportamento e resultado das ações de promoção. 

Enfim, um destino inteligente que busca melhorar toda a cidade para atender sua comunidade e receber melhor os turistas. Portanto, é um somatório integrado de boas experiências, acessibilidade, sustentabilidade, governança e gestão, tecnologia e inovação em prol do setor. 

Medellín é um ótimo exemplo do que podemos conquistar com um bom planejamento turístico, porém é importante destacar que a realidade da cidade nem sempre foi essa. Abaixo, destacamos etapas das mudanças que transformaram a cidade.

De cidade mais perigosa do mundo à mais inovadora

Nos anos 90, seus habitantes vivenciaram um ápice de violência urbana. Muito por conta dos conflitos com o narcotráfico, a média de homicídios chegava a quase 7 mil por ano. Para reverter a situação, junto com o combate armado, chegavam também os educadores.

Enquanto a segurança se restaurava nos bairros mais perigosos, o impulso de projetos tecnológicos, pedagógicos e culturais despertava uma mentalidade empreendedora.

Apenas duas décadas depois, Medellín mudou tudo graças a parcerias do governo com empresas e instituições que vêm fomentando a inovação e criando soluções para problemas clássicos da região.

Os resultados dessas ações foram tão positivos que toda a comunidade iniciou uma campanha massiva nas mídias sociais para que conquistassem o prêmio de cidade mais inovadora.

Catalisando a mudança

Todo o progresso em infraestrutura foi fundamental para o município e seus habitantes, mas para elevar as melhorias em larga escala, era preciso fomentar o empreendedorismo de alto impacto.

Essa sinergia ajudou milhares de pessoas, promovendo capacitação, conexões relevantes e outros recursos para empreendedores de áreas como negócios digitais, indústria criativa e digital e biotecnologia.

Para dar ainda mais força, o Tecnoparque, uma aceleradora de inovação que desenvolve e fortalece ideias com grande potencial de repetibilidade, começou uma parceria com a Ruta N e a Endeavor Colombia.

Atualmente, o projeto está presente em 15 cidades da Colombia, mas os idealizadores desejam crescer ainda mais nos próximos anos. A aceleradora acredita que as melhores ideias são aquelas que surgem para atender às necessidades que o ambiente cria e, com isso, suas soluções ajudariam na formação de uma sociedade melhor e mais inovadora.

Mas como ressaltar as melhores ideias? Como mantê-las frescas? O EmTech Colombia é um bom exemplo de encontro, também incentivado pela prefeitura, que gera discussões em torno das últimas tendências tecnológicas do ecossistema e destaca as referências do país. 

E para quem precisa de investimento para inovar ainda mais, há também algumas oportunidades de acesso à capital. A Innpulsa, por exemplo, é um banco destinado a scale-ups, criado em 2012, que também articula e fortalece personagens-chave para o desenvolvimento econômico da região.

Os resultados que fizeram a diferença

O impacto do ecossistema gerado foi gigantesco, sobre todos os setores. A desigualdade econômica e social diminuiu, o índice de homicídios caiu em 80% e, além disso, os empreendedores aumentaram, em 2016, o PIB do país em 2%.

Temos muito a aprender com essa incrível cidade. As iniciativas citadas aqui são só algumas, mas a grande maioria delas se reúne no Congresso Global de Empreendedorismo (GEC).

Mas, apesar do sucesso, não há dúvidas que o trabalho está só começando. Por isso existem empreendedores preocupados em dar continuidade aos esforços coletivos de tantas pessoas responsáveis pela transformação.

A cidade que tem escada rolante na montanha, hortas comunitárias sustentáveis, teleféricos intermunicipais, enormes bibliotecas informatizadas e até postes de luz de garrafa d’água, ganhou um novo nome internacional: a capital da inovação!

Apostando em soluções criativas e inovadoras

Vários empreendedores têm desenvolvido soluções criativas e inovadoras olhando para a jornada do turista conectado, oferecendo serviços que agregam valor para este novo perfil de turista.

Estas empresas inovadoras também compreenderam que os turistas buscam por: conectividade, sustentabilidade, qualidade da experiência turística e interatividade. Em outras palavras, eles procuram por destinos turísticos inteligentes. 

A evolução da tecnologia e a nova mentalidade inovadora já permitem transformações importantes para o setor, no qual haverá mais espaço para as cidades que souberem oferecer a seus visitantes experiências atrativas, inéditas e acessíveis.

É aqui que entra o conceito de Destino Turístico Inteligente (DTI). Os DTIs são estruturas turísticas diferenciadas, que facilitam a interação e a integração do visitante, antes, durante e depois da viagem. Além de incrementar a qualidade de sua experiência com o destino por meio do uso de metodologias e tecnologias inovadoras.

Como na Cidade Inteligente, a tecnologia é ferramenta para alcançar os objetivos, mas seu uso é um diferencial para a experiência. Realidade virtual e aumentada, robótica, inteligência artificial, IoT, Big Data e tecnologias de reconhecimento podem ser aplicadas para gerar conhecimento, engajamento e valor para o destino.

O Ministério do Turismo iniciou um programa de DTI, com investimento e apoio para que nossas cidades turísticas possibilitem experiências inovadoras. O primeiro grupo de destinos no programa tem Curitiba, Recife, Salvador, Palmas, Florianópolis, Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Brasília, Palmas e Campo Grande.

Por isso a importância de compartilhar experiências que tiveram sucesso como o caso de Medellín e replicar no país. 

Curitiba foi a primeira a receber a visita do instituto argentino Ciudades Del Futuro (ICF), consultoria contratada pelo Ministério para o programa. O ICF aplica a metodologia da Sociedade Mercantil Estatal para a Gestão da Inovação e as Tecnologias Turísticas (Segittur), da Espanha, pioneira no segmento.

A chancela de destinos turísticos inteligentes vai contribuir para diferenciar cada destino de outros competidores, favorecendo a melhoria do posicionamento na esfera turística nacional e internacional.

Mas, além da atuação de seus órgãos gestores, as cidades que quiserem aderir ao turismo inteligente precisarão fazer isso em sintonia com outras instituições locais, universidades, hubs de inovação e demais integrantes dos chamados ecossistemas de inovação.

E se a sua cidade não tem um ecossistema de inovação desenvolvido, já ficou para trás na corrida de destinos inteligentes. O grupo DTI de Curitiba, por exemplo, trabalha no programa usando design thinking, metodologia ágil que desenvolve soluções de forma colaborativa.

O objetivo final é conectar a todo momento os lugares, as pessoas, produtos e serviços e criar redes e ecossistemas que apoiem tanto o turista quanto o setor. Essa é uma oportunidade para a retomada da economia e para o novo consumidor que surgiu na pandemia.

A criação do DTI tem como base a estruturação e a convergência de pilares como governança, experiência, acessibilidade, segurança, inovação, promoção e marketing, mobilidade e transporte, tecnologia, criatividade e sustentabilidade. Parece bastante coisa, e é. E o tempo é curto, pois a retomada do turismo já foi iniciada!

Medellín, provavelmente, não é a primeira cidade que vem à sua mente quando falamos em empreendedorismo, turismo e inovação, mas deveria. A cidade, além de receber prêmios, vem se tornando uma referência na área, tanto que outras cidades estão procurando copiar suas boas práticas, pois vale muito a pena!

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