Após dois anos de pandemia, os fabricantes de têxteis e vestuário esperavam poder recuperar o fôlego em 2022. Mas o contexto internacional continua desafiador com a invasão da Ucrânia e a consequente crise energética, e a flutuação preocupante dos preços das matérias primas.
As fibras sintéticas representam atualmente quase dois terços da produção global de fibras têxteis, desde a crise do algodão de 2010-11. A maioria dos preços atingiu um novo normal, em níveis acima dos pré-crise.
O contexto geopolítico global permanece incerto e, agora mais do que nunca, os compradores de têxteis enfrentam a necessidade de migrar para materiais naturais, indo de encontro a um pedido dos consumidores. A baixa produção de algodão orgânico, por exemplo, continua desafiando o aumento da demanda por esse produto mais sustentável, que em 2021 representou apenas 24% de todo o algodão produzido no mundo.
O aumento dos custos das matérias-primas também está começando a deixar rastros no mapa de sourcing internacional. Os compradores ainda viverão em 2023 o dilema entre o desejo de comprar mais perto de casa e o impulso de praticar menores custos nos países asiáticos, mesmo arriscando os problemas da logística do comércio global.
Desafiada em termos de energia, matérias-primas e abastecimento, a indústria têxtil também enfrenta o árbitro final em tempos de crise: os consumidores. O desejo por consumir menos mas melhor, caminha agora de mãos dadas com o desconsumo desencadeado pela inflação global.
Vestuário e calçados deixaram de ser prioridades para os consumidores, principalmente no cenário pós-pandemia. Uma realidade cujo impacto será sentido em toda a cadeia de abastecimento têxtil e de vestuário.
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