Conheça a história de Solange Brum, do Grupo Vale Brum, presidente de 57 lojas da franquia O Boticário
Quem vê uma das mulheres mais bem-sucedidas de Mato Grosso do Sul não imagina que uma caixa de sapato já foi seu cofre e os fundos de várias lojas no interior do Estado serviram de morada para ela e sua família.
Esse é o começo da trajetória de Solange Brum, do Grupo Vale Brum, hoje presidente de uma rede com 57 lojas da franquia no Estado. “Eu sou a filha mais velha, então, com 15 para 16 anos cuidava sozinha do posto de gasolina da família em Camapuã, o Posto Angico, a pedido do meu pai. Foi definitivamente onde aprendi de tudo, pois era uma demanda e responsabilidade muito grande”, recorda.
O local de trabalho árduo e tanto aprendizado também foi onde ela se aproximou do grande amor de sua vida e parceiro das empreitadas, Roneu Moreira Brum, que era amigo da família. “Ele era engenheiro do Estado e, nessa época, também passava pelo posto e abastecia para as viagens. Um dia ele me perguntou se eu queria algo de São Paulo. Foi quando eu pedi um perfume, o Styletto, do Boticário, que tinha visto na revista. Ele trouxe, eu perguntei quanto era e ele não cobrou, disse que era presente. Logo começamos a namorar e um ano depois, em 1988 exatamente, nos casamos”, recorda.
O começo
Após o casamento, Solange permaneceu na administração do posto de combustível e ao ver a casa da família na cidade fechada teve a inspiração de montar a sua loja do Boticário na sala. “Eu não tinha ido a São Paulo conhecer uma loja da marca ou conversado com algum representante. O único contato que eu tinha era os números da embalagem do perfume que ganhei do meu marido e fiquei ligando, ligando, até que consegui ser ouvida, um dia, por alguém, que era de Goiânia”, conta.
Do contato, ficou acordado que ela receberia a visita de um consultor oficial, mas ela não levou à sério e abriu sua loja de roupas com um espaço reservado para o comércio de perfumes do Boticário que o Roneu continuou a lhe trazer das viagens e que tinham ótimas saídas em Camapuã.
“Um dia, trabalhando no posto minha mãe avisou que tinha uma pessoa do Boticário para falar comigo. Meu coração disparou, nunca tinha ficado tão nervosa em toda minha vida. Era o senhor Valdivino e eu logo disse que queria ter a minha loja do Boticário, levei ele para conhecer o espaço que eu pretendia alugar em uma galeria nova da cidade. Algum tempo depois me ligaram me chamando para ir a Goiânia acertar os detalhes e me apresentaram um projeto lindo, com toda loja no padrão da marca Boticário”, relata.
Mesmo enfrentando dificuldades financeiras para fechar o negócio com a marca nacional e realizar os primeiros investimentos com a franquia, ela apostou alto e foi assim que, aos18 anos, Solange conquistava sua primeira loja de sucesso e o início da construção de sua rede.
A primeira de muitas lojas
“Eu era gerente, vendedora, estoquista, quem fazia as compras”, relembra.
Um tempo depois, o marido trouxe a ideia de montar uma segunda loja em Coxim. Passando pelo grande sufoco de expandir a franquia em MS, eles conseguiram levantar recursos e não demorou para o casal inaugurar outras unidades em Aquidauana, Miranda, Rio Verde, São Gabriel do Oeste, Corumbá e ainda atender vendas externas e eventos para divulgação da marca.
“Tivemos nossos filhos, Elenita e Nelson, e por várias vezes passamos com eles longos períodos morando no fundo dessas lojas, quando abríamos unidade nova, como em Aquidauana e Coxim, porque não tínhamos dinheiro para pagar hotel ou alugar uma casa. Tudo que sobrava a gente investia na aquisição de produtos”, detalha.
Com formação em engenharia, Roneu era analítico e, segundo Solange, soube administrar muito bem a expansão. “Trabalhávamos muito com cheques, eu fazia promoções para comprar e começar a pagar em dois meses. Então me lembro de guardar todos os cheques em uma caixa de sapato. Eu era muito metódica e organizava tudo em ordem, por data, banco, a Elenita já me ajudava nessa época”, revela.
Organização e reconhecimento
O esforço, segundo a empresária, valeu a pena e o casal finalmente começou a colher os frutos dessa trajetória.
“Começamos a nos destacar ganhando prêmios com as lojas do interior. A primeira vez que eu vi um prêmio do Boticário foi em Salvador e eu olhei aquilo, imaginando o tanto que era impossível concorrer com lojas das grandes capitais do Brasil, mas eu queria chegar lá. Em 1999, um ano depois, nós estávamos lá subindo no palco para uma premiação nacional”, recorda orgulhosa.
O prêmio da sua vida, contudo, chegou por meio da marca Boticário que, ao observar o comprometimento e excelência em gestão do casal, os convidaram a assumir a franquia de Campo Grande. Não somente por hobbie, mas por gestão, por dedicação. “Foi um susto! Nós já estávamos em Campo Grande, por causa dos estudos dos nossos filhos, e decidimos aceitar o convite. Mas era um grande recomeço. Em um ano tínhamos de organizar tudo, começar essa do zero e o plano era que em 5 anos recuperaríamos a praça”, reflete.
O foco foi tão grande que, conforme a empresária, em apenas um ano e meio o casal colocou a “casa em ordem” na Capital.
“Trabalhamos muito e recuperamos a praça em um número considerado saudável para o sistema e, ao invés de ter uma loja do Boticário, em 5 anos estávamos com 5 lojas”.
“Você conhece o Sebrae?”
Quando olha para sua jornada, Solange compara o Sebrae a uma bússola para quem é empreendedora. “Quando vim de Camapuã, eu era uma menina que sonhava e tudo que eu tinha eram conselhos, então, o Sebrae era o local que ajustava a gente, que dava o caminho certo. Desde que tive acesso sempre aproveitei tudo que ofereciam para aprender, cursos, palestras, aperfeiçoamento. Eu lamento não ter tido esse contato lá no início, mas era mais complicado naquela época, no interior. Ficava me perguntando quantas vezes erramos porque não tivemos o Sebrae!”, afirma.
E é por isso que hoje, ao ser abordada por profissionais que a procuram em busca de orientações sobre empreender ela tem uma resposta padrão. “Eu recebo ligações todo mês de pessoas perguntando como montar um negócio e a primeira coisa que eu falo é ‘você já conhece o Sebrae?’, porque não existe um caminho melhor, eles oferecem tudo que precisamos”, pontua.
Sucessão
A sucessão de todo o legado da empresa teve a importante colaboração da própria marca O Boticário, que possui um projeto com duração de dois anos voltado à formação de sucessores. Tanto Elenita quanto Nelson, os dois filhos de Solange, participaram da iniciativa, foram aprovados e avançaram ainda mais com os negócios da família.
Elenita, a filha mais velha, acompanhou os pais desde pequena, vivenciou a expansão da marca em Mato Grosso do Sul, trabalhou como vendedora, estoquista, foi gerente de loja e agregou a esses conhecimentos a metodologia coaching, da sua formação profissional. “A primeira coisa que ela fez como gestora foi transformar uma empresa familiar em um lugar empresarial. Isso provocou, claro, um choque de gerações porque afetou as áreas em que eu atuava. Eu tive de tomar uma decisão muito difícil de me afastar para que ela assumisse o espaço dela. Eu me afastei, diminui o ritmo, fui viver outros momentos da minha vida, como acordar mais tarde, tomar meu café da manhã na cama, e ela assumiu tudo brilhantemente, fez um trabalho incrível”.
Já Nelson, engenheiro como o pai, assumiu as mesmas responsabilidades da empresa.
“São os nossos sucessores, iniciaram outros investimentos, criaram uma holding e hoje estamos com 57 lojas. Após seis anos afastada eu precisei retornar de forma mais ativa. É um outro processo, um novo momento e como presidente de uma companhia que emprega 400 colaboradores eu me sinto realizada e feliz. Espero que nosso mundo fique melhor e desejo que mais famílias tenham oportunidades dentro da nossa empresa”, finaliza.
Acompanhe a série pelo Canal Sebrae/MS
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