Arte em madeira, prata e pedras semipreciosas, tapeçaria, olaria, trançado de fibras naturais e bordados compõem o artesanato do Centro-Oeste brasileiro.

Na região Centro-Oeste do Brasil, o artesanato é influenciado diretamente pela cultura indígena e pelos colonos que ocuparam a área. Composta pelo Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a região possui uma expressão cultural diversa, baseada em elementos indígenas e de migrantes paulistas, mineiros, gaúchos, bolivianos e paraguaios.
A arte, que sempre foi a expressão máxima de um povo, é capaz de indicar as regionalidades, as particularidades e os marcos socioculturais de um lugar, por isso o artesanato regional pode ser entendido como uma manifestação artística da sociedade local. Ele carrega questões sociais e de ancestralidade, combina o tradicional e o contemporâneo, transmite conhecimento entre as gerações e ainda gera renda.
O artesanato do Centro-Oeste conta com objetos produzidos a partir de matérias-primas como madeira, prata e pedras semipreciosas, além de trazer peças de tapeçaria e olaria, feitas em barro e argila. Também se destaca o trançado com capim colonião, planta de origem africana muito difundida no Planalto Central.
Ainda é possível encontrar artigos em cerâmica, tapetes confeccionados por mulheres ribeirinhas e entalhes de madeira, especificamente no Pantanal, para representar os animais locais, além de redes bordadas, viola-de-cocho, entre outros.
Arte disputada dentro e fora do Brasil
No Mato Grosso, tem destaque a arte Mehinako, da aldeia Kaupüna, onde as mulheres produzem cestos com a fibra do buriti e fios de algodão, e os homens fazem bancos de madeira em formato de animais, que são disputados por colecionadores de arte dentro e fora do Brasil. Eles usam madeiras como piranheira, sucupira e moreira, encontradas localmente.
Outro artesanato importante dessa região são as bonecas Karajá Ritxòkó, produzidas em cerâmica e declaradas patrimônio cultural imaterial do Brasil em 2012 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O bordado livre produzido pelo grupo de bordadeiras da Chapada dos Guimarães é outro destaque da região.
No Mato Grosso do Sul, também como herança da tradição indígena, a cerâmica produzida pelas mulheres Kadiwéu se diferencia por seus grafismos. Em Goiás, as tecelãs ainda trabalham com o tear manual, muito valorizado por turistas.
A miscigenação entre portugueses e negros influencia diretamente o artesanato do Centro-Oeste brasileiro e se manifesta na cerâmica em barro Tauá vermelho, sempre enfeitada por rolos em argila sobreposta, colocados com os dedos. Nos tapetes e nas redes torcidas, está o trabalho das mulheres ribeirinhas, que também produzem diferentes trançados de fibras que têm suas origens em pântanos e córregos, como a taquara.
Já a viola-de-cocho, instrumento musical, tem como matéria-prima o sarã d’água e o sarã de leite, madeiras provenientes da beira dos rios. No pilão de madeira está o trabalho talhado a machado, facão e martelo. Outros processos que merecem destaque no artesanato da região são os coloridos totens de madeira com faces de bugre, reconhecidos internacionalmente, bem como os enormes vasos fabricados em argila peneirada do Rio Verde.
A tecelagem produz colchas, mantas e cobertas confeccionadas em teares verticais e horizontais, resultando em ricos detalhes e alta qualidade. Para coroar o artesanato da região Centro-Oeste, a olaria rústica, que conta com pratos, tachos e panelas que compõem jantares e almoços do dia a dia e até mesmo enfeitam ambientes mais sofisticados, transforma momentos comuns em pura arte.
Se você ficou curioso sobre o artesanato produzido no Centro-Oeste do Brasil, assista ao vídeo sobre a mostra gratuita “Casa do Brasil Central, do Cerrado ao Pantanal”, que é um retrato do artesanato característico das regiões do Cerrado e do Pantanal. Navegue também pela coleção de arte daquela região na página do Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB).
Principais técnicas encontradas na região Centro-Oeste:
- Mato Grosso: artesanato indígena, em madeira, cerâmica, tecelagem e biojoias. A cerâmica mato-grossense, de barro cozido em forno próprio, é destinada à ornamentação ou à confecção de utensílios domésticos e carrega características próprias de desenho, formato, adereços e enfeites. As redeiras se destacam no artesanato da região, que também engloba o fabrico de canoas de pesca e remos, de gamelas e tigelas de madeira e da viola-do-cocho, que conta com tripas de animais selvagens, como quatis, macacos e gambás, nas cordas.
- Mato Grosso do Sul: o artesanato da região contempla cestarias e peças feitas em cerâmicas, argila e couro de boi e de peixe. O artesanato indígena se apresenta na região principalmente por duas etnias, a Kadiwéu e a Terena, que produzem potes, panelas, jarros, moringas, placas e animais. Na região de Bonito, o artesanato é feito da reciclagem do osso bovino, de couro e de restos de madeira. Já no Pantanal, ele é feito a partir de pedra, arenito, osso e chifre de gado, cerâmica, palha, argila, madeira, fio de buriti, caraguatá, granito, carandá, bambu, couro e baguaçu. A cerâmica desse estado expressa as riquezas naturais da flora e da fauna, bem como a rotina do homem pantaneiro.
- Goiás: o capim do brejo, bastante conhecido pela população, é usado há gerações na cobertura de casas e na confecção de objetos utilitários, como balaios e cestos. O bordado à mão, que remonta aos séculos passados, tem ganhado novas formas em vestidos, saias, batas, bolsas, aventais, almofadas, porta-trecos, carteiras, porta-travesseiros, capa de cadernos, agendas, porta-vinhos, porta-guardanapo, quadros bordados, entre outros produtos. A cerâmica retrata o cotidiano sertanejo, e o artesanato estadual ainda traz o trançado, a tecelagem e a lapidação.
- Distrito Federal: um dos artesanatos mais tradicionais de Brasília são as flores secas, um trabalho muito detalhado e delicado. As flores e plantas são coletadas, secas e pintadas pelos artesãos, que passam essa arte de pai para filho. A diversidade de cores e formatos é imensa, e as possibilidades de arranjos são as mais diversas, sendo perfeitas para decorar e presentear. O artesanato com capim colonião se tornou, de uns anos para cá, um símbolo da identidade do artesanato confeccionado no Distrito Federal.
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