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Wed Jan 04 13:00:44 BRT 2023
Mercado e Vendas | PRODUTO
Artesanato em látex, riqueza que vem do Norte

O artesanato em látex é um exemplo de negócio lucrativo que une recursos regionais manipulados com técnicas antigas ou modernas a um design criativo.

· Atualizado em 04/01/2023
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Da Amazônia para o mundo: esse é o destino das bolsas, sandálias e bijuterias feitas de látex que encantam consumidoras na Austrália, na Europa e em várias regiões do Brasil. 

O látex, extraído da seringueira, é utilizado pelas comunidades indígenas desde antes do descobrimento das Américas. Com ele, os índios produziam objetos artesanais emborrachados para uso doméstico. 

Se não fosse por Charles Goodyear, o uso do látex teria ficado restrito aos índios. Em 1939, Goodyear descobriu a vulcanização, um processo que aplica enxofre e calor ao látex, aumentando a resistência e a elasticidade do material e tornando-o uma ótima matéria-prima para a indústria.  

Com isso, o interesse pela exploração do látex fez com que, do final do século 19 até meados do século 20, houvesse grande uma migração de homens para a Floresta Amazônica para trabalhar como seringueiros. 

Entre 1879 e 1912, período conhecido como o Ciclo da Borracha, a região amazônica, rica em seringueiras, viveu seus melhores anos. Cidades como Belém e Manaus cresceram em função da exportação do látex extraído dessas árvores. 

O Ciclo da Borracha acabou em função da concorrência oferecida por outros países, mas o produto se manteve como um símbolo da cultura local e uma importante fonte de renda para a população nativa e residente da região. 

Mais recentemente, com o aumento da consciência ambiental, produtos derivados da borracha vulcanizada, como os pneus, perderam prestígio por não serem biodegradáveis. Apesar disso, o látex ainda gera empregos e renda na região. 

A sustentabilidade trouxe nova vida ao látex

Hoje, em função do trabalho do pesquisador Francisco Samonek, a Amazônia vive uma espécie de segundo Ciclo da Borracha. Ele partiu de técnicas antes usadas pelos índios para desidratar o látex e o incorporou às fibras naturais, criando o encauchado, um tipo de borracha natural. Com a nova técnica, a exportação do látex tem sido substituída pela manufatura e pela venda de produtos de maior valor agregado. 

Dominando a técnica do encauchado, famílias e comunidades criaram uma verdadeira cadeia de produção que emprega seringueiros que respeitam a natureza na extração do látex, pessoas que atuam na produção da borracha e designers que criam os produtos que levam a marca Seringô. A divulgação desse trabalho despertou a atenção dos mercados da moda, por isso hoje os produtos estão espalhados pelo mundo.  

O Doutor da Borracha, formado por uma comunidade familiar que vive na cidade de Epitaciolândia, a 230 km de Rio Branco, é um desses grupos de artesãos que produz sapatos, bolsas e artigos de decoração com o látex. Os produtos do Doutor da Borracha são amplamente comercializados em vários estados do Brasil e exportados para vários países, incluindo Itália, Austrália, Inglaterra e Holanda.

No Brasil, outros empreendimentos e pesquisas para o aproveitamento de materiais naturais modernizam técnicas usadas por moradores e aumentam a qualidade, a durabilidade e a beleza desses produtos feitos à mão. 

Se você trabalha com artesanato, o Sebrae pode ajudá-lo a organizar, entender e transformar o seu negócio. No nosso site, você encontra cursos gratuitos em vídeo voltados a novas técnicas de artesanato, além de uma sequência de aprendizados sobre administração de pequenas empresas, contabilidade e divulgação do seu trabalho. 

Será que você é o novo Doutor da Borracha da sua região, ajudando a sua comunidade a ganhar o respeito do mundo a partir da venda de produtos lindos e sustentáveis?

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