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Mon Mar 20 01:45:36 BRT 2023
Inovação | MELHORIA DE SERVIÇO
Como e porque investir no enoturismo

O setor de enoturismo já vinha num bom desempenho antes da pandemia do coronavírus.

· Atualizado em 20/03/2023
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De acordo com a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), em 2019, o número de “enoturistas” vinha crescendo de 10% a 15% ao ano, com destaque para municípios do Vale do Vinhedos, Região da Serra Gaúcha, como Bento Gonçalves (RS) que recebeu mais de 1,5 milhão de turistas em 2019, sendo 500 mil somente no Vale dos Vinhedos. Com a pandemia de covid-19, em 2020, as vinícolas pararam de oferecer os passeios, e o setor ficou parado até meados de 2021, quando se percebeu uma retomada do turismo no Brasil como um todo. Em 2022, o ano começou com 85% do patamar pré-pandemia na aviação e de mais de 80% de ocupação da rede hoteleira, de acordo com o Ministério do Turismo.

Assim, seguindo essa tendência nacional de retomada das atividades turísticas, o setor do enoturismo sentiu os turistas voltarem aos vinhedos ainda no fim de 2021. Na Região da Campanha Gaúcha, que atualmente produz 31% dos vinhos finos produzidos no Brasil e que recebeu, em 2020, o selo “IP Campanha Gaúcha", a agrônoma e enóloga Gabriela Hermann Pötter, diretora da Vinícola Guatambu, afirma que no fim do ano de 2021, no que parecia ser a pós-pandemia, houve um crescimento da demanda pelo enoturismo com a procura por regiões com menos aglomeração e um turismo de menor escala. Além disso, ela revela que outra “tendência do mercado, por sorte nossa, é o turismo de contato de conexão com a natureza".

A vinícola Guatambu está localizada no município de Dom Pedrito, oeste do Rio Grande do Sul, e faz parte da Rota dos Vinhos da Campanha Gaúcha, onde estão outros 18 produtores. Assim como a vinícola Guatambu, a vinícola Batalha, localizada em Candiota/RS, há 130 km, também mede seu crescimento pelo número de turistas. Giovâni Peres, um dos sócios do empreendimento, conta que nos últimos três meses de 2021, o número de turistas com agenda marcada para os eventos, e os que estavam passando pelo Km 144 da BR 293 e paravam para conhecer a propriedade, foi o mesmo do registrado em todo o ano de 2019, cerca de 1.000 turistas.

Preparando a propriedade

Tanto a Vinícola Guatambu quanto a Vinícola Batalha investiram e seguem investindo em melhorias para fortalecer o enoturismo na região. Gabriela revela que o enoturismo começou na Guatambu em 2003, com clientes que queriam conhecer como era feito o vinho, e, então, eram apresentados a todo o processo. “Chegamos à conclusão, por observar, que as pessoas ficavam maravilhadas com aquela experiência, vimos que se a gente servisse junto uma carne nossa, as pessoas saiam satisfeitas acimas das expectativas, então, o enoturismo começou com pequenos grupos de forma informal e sem muito treinamento, somente mostrando o que era todo o domingo da nossa família em que a gente harmonizava os vinhos com nossas carnes e arroz”, declara Gabriela. 

Assim, em 2013, houve a inauguração do complexo turístico e. logo depois, das placas de energia solar, transformando a propriedade na primeira vinícola que usa somente energia limpa. Ela explica que todo o layout da fazenda, toda a decoração, o salão de eventos, a loja, tudo tem o resgate da cultura do pampa gaúcho e do estilo estância. As madeiras de demolição usadas no campo, nas cercas, foram para os móveis, e o salão de eventos tem uma vista envidraçada com paisagem para o pampa gaúcho.

A Vinícola Batalha também investiu na propriedade para receber mais e melhor os turistas que buscam a experiência. Giovâni revela que trabalhar com enoturismo já era meta da empresa desde que começou a vinicultura, em 2010, e a viticultura em 2013. Os primeiros grupos, em 2013, eram recebidos de forma improvisada, quando a apresentação acontecia no meio dos tanques, e as refeições, no local do recebimento da uva, numa área de 180 m². Atualmente, o grupo construiu uma estrutura de 600 m² da primeira etapa do que será a vinícola definitiva.

Potencial da região

Tecnicamente falando, a campanha gaúcha é a região produtora mais quente e com menor volume de chuvas do Sul do Brasil, o que faz com que as uvas tenham qualidade muito boa, refletindo nos vinhos e espumantes. Essa característica fez surgir várias pequenas propriedades e também levou para a região da campanha, por exemplo, grandes vinícolas que já atuavam na Serra Gaúcha, como é o caso da Miolo e da Salton. Outro indicador de procedência bem-sucedido são os prêmios que os vinhos dessa região vêm recebendo, tanto a Guatambu quanto a Batalha tiveram produtos reconhecidos em premiações.

Para além da qualidade técnica, os novos produtores já tinham o Vale dos Vinhedos como referência de vinícolas que se mantêm com turismo. Então, a ideia foi fazer algo parecido. Para entender como estava sendo a resposta do turista à região da campanha, em 2017, o Sebrae RS desenvolveu uma pesquisa com a Unisinos sobre o turismo na Região do Pampa e Fronteira Oeste. De acordo com Giovâni Peres, sócio da Vinícola Batalha, 80% dos entrevistados responderam que não iam para a região por falta de informação, não era por causa da distância ou por problemas de logística.

Em 2021, foi lançada a Rota Turística dos Vinhos da Campanha Gaúcha com o objetivo de desenvolver ainda mais o enoturismo na região, numa parceria entre o Sebrae e a Associação Vinhos da Campanha Gaúcha. Essa Rota, atualmente, conta com 18 propriedades, mais de 44 mil Km de área demarcada e mais de 1.500 ha de vinhedos.

Giovâni conta que além de investir diretamente nas propriedades, há um esforço para captar clientes de outros atrativos da região, como  por exemplo, a intenção de aproveitar os 400 mil turistas que visitam o município de Santana do Livramento todos os anos para fazer compras. Essa estratégia tenta criar robustez no turismo da região que, diferente da região da Serra Gaúcha, onde a cada poucos quilômetros o enoturista encontra uma vinícola, na região Sul do RS isso não acontece, e a distância entre vinícolas pode ser de mais de 100 km.

Perfil do turista

As atividades oferecidas nas vinícolas apostam em muitos passeios e degustações, e todas usam como elemento central o turismo rural e a valorização da cultura e da história local, algo muito forte na Região da Campanha do Rio Grande do Sul. Além disso, há a certeza de que o perfil do enoturista é o apaixonado por vinho, que ao provar o produto que o agrada quer conhecer onde e como é feito, além de querer um atendimento diferenciado. 

Na Vinícola Batalha, há dois tipos de perfis de turistas, o que está cruzando a BR 293 e para na propriedade para conhecer e, às vezes, compra produtos, esse é o turista e não o enoturista. E há o enoturista raiz, geralmente, com um perfil identificado de pessoas acima dos 30 anos, há também um grupo muito forte de aposentadas e aposentados, com bom poder aquisitivo, que já estão em fase de aproveitar a vida. Esses comumente fazem a Rota dos Vinhos da Campanha Gaúcha, vão passando nas propriedades e comprando produtos que são despachados pela própria vinícola. “Taí a importância do enoturismo para a vinícola, quando o turista vai para a vinícola e tem a experiência de fazer a degustação ou a harmonização com tábua de frios, temos a fidelização desse turista”, comenta Giovâni Peres, sócio da Vinícola Batalha.

Atividades oferecidas

Na Vinícola Batalha, dos grupos agendados para fazer a atividade de gastroenoturismo, muitos são marcados por agências de turismo que estão divulgando a Rota dos Vinhos da Campanha Gaúcha. Nesse caso, o grupo agenda almoço ou jantar harmonizado com vinhos ou espumantes, com churrasco de várias carnes feito com fogo de chão de lenha, e a sobremesa são doces de Pelotas, que também possui indicador de procedência próprio. Além disso, a vinícola também oferece passeios para grupos menores de até duas pessoas com harmonização de tábuas de frios com vinho ou espumante, e também está aberta de segunda a sábado para quem quiser conhecer a propriedade de forma gratuita. 

Gabriela Hermann Pötter, diretora da Vinícola Guatambu, diz estarem preparados para o recebimento de cinco mil visitantes ao ano e ressalta que o turista busca originalidade nas visitas à fazenda. Ela explica que o evento mais procurado é o Dia Épico, “quando depois do tour em que se explica sobre a elaboração dos produtos harmonizados, é servido um almoço terroir com todos os produtos que se produz aqui na Guatambu, carne (ovina e bovina), arroz e vinhos, e depois desse almoço há um show ao vivo com música gaúcha e as pessoas podem ficar no jardim apreciando a paisagem”. Nesses dias de maior visitação, o elemento rural é fortalecido e os animais da estância são colocados bem na frente do salão. 

Além disso, no dia a dia, a propriedade oferece tour com degustação com o acompanhamento de uma enóloga em que são degustados entre quatro ou cinco rótulos, e o tour termina mostrando uma atividade dos espumantes elaborados pelo método francês Champenoise, depois é servido o próprio espumante aberto no ato. Ao longo do ano, há ainda a harmonização de vinhos e piquenique nos jardins da propriedade.

Tanto a fala de Gabriela, quanto de Giovâni, ressaltam que “não é preciso inventar nada para trabalhar o atrativo do enoturismo”, pois o enoturista procura a região para extrair o que ela tem de original, de história e cultura. Um exemplo foi o lançamento de uma safra, em 2021, em homenagem ao pássaro Veste-Amarela, ameaçado de extinção, mas que foi encontrado em bandos na propriedade dos vinhedos. “Colocamos o nome do pássaro no vinho laranja, que retoma o vinho ancestral na maneira de produção e foi um sucesso, vendemos mil garrafas em uma semana. Não precisa inventar ou quebrar a cabeça, basta olhar para dentro”, finaliza.

O futuro deste setor é apontado como promissor “um movimento sem volta” que movimenta agências de turismo na oferta de pacotes para cada vez mais regiões do Brasil. Hoje, são destinos requisitados o tradicional Rio Grande do Sul (Serra e Campanha Gaúcha), mas também São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Vale do São Francisco nos estados da Bahia e Pernambuco, e Serra Catarinense.

Em Goiás, também há produtores independentes de vinhos de qualidade que planejam ampliar as atividades de suas vinícolas e, desde o segundo semestre do ano de 2021 têm sua própria rota turística de uvas, vinhos e queijos da região. A Rota do Pireneus “Queijos e Vinhos” inclui os municípios de Pirenópolis, Corumbá e Cocalzinho de Goiás e é fruto da parceria entre as prefeituras, Sebrae-GO, Goiás Turismo, Comissão de Turismo da Assembleia Legislativa de Goiás e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).

Para conhecer as duas vinícolas apresentadas nesse artigo, acesse:

Vinícola Batalha  - http://vinhosbatalha.com.br

Vinícola Guatambu - https://www.guatambuvinhos.com.br

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