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Não há nada mais ultrapassado, na cozinha, do que a falta de consciência e de combate ao desperdício. O perfil de um consumidor preocupado com o fluxo do alimento que chega até a sua mesa, desde as práticas de plantio e colheita até a forma como ele é servido, é cada vez mais comum. Essa tendência faz parte de um estilo de vida que visa a garantir a sobrevivência das futuras gerações, ou seja, o conceito de sustentabilidade, uma tendência em todos os setores da economia e da produção, precisa estar presente também nas empresas do setor de alimentos e bebidas.

Os consumidores mais jovens – como a geração Z, nascida entre 1995 e 2005 -, muitos deles mais engajados, são grandes influenciadores do comportamento alimentar das famílias. Eles buscam empresas que têm uma preocupação maior com o meio ambiente, como aquelas que utilizam alimentos produzidos da forma mais natural possível (alimentos orgânicos), porque evitam a contaminação do solo e dos recursos hídricos, além de fazerem bem à saúde. Por isso, o empreendedor do setor precisa compreender que, cada vez mais, o conceito de sustentabilidade está relacionado ao impacto da nossa alimentação no meio ambiente e na sociedade. Quem se dá conta disso e oferece ao consumidor o que ele está buscando sabe que pode agregar mais valor ao seu produto.

Além dos produtos naturais, outra forma de diminuir o impacto do desperdício e valorizar ações sustentáveis é a utilização de produtos regionais, o que poupa energia no cultivo, armazenamento, além de contribuir com a redução da emissão de gás carbônico proveniente do transporte dos alimentos. Essa atitude colabora, ainda, com o fortalecimento da economia local, favorecendo as comunidades produtoras de alimentos.

Outro aspecto importante de ressaltar é evitar que sejam servidos alimentos que quase não são mais vistos na natureza, ou seja, espécies que estão em extinção (vegetais e animais), por isso é fundamental que não aconteça uma exploração dos recursos além da quantidade e frequência permitidas, pois isso pode causar impactos negativos na natureza.

As atitudes de quem busca uma gastronomia consciente passam também pelo combate ao desperdício de alimentos: planejar as compras, realizar adequadamente a gestão do estoque, observar a sazonalidade dos alimentos no preparo das receitas, aproveitar integralmente os ingredientes (cascas, talos, folhas, sementes, por exemplo), afinal, hoje, toneladas de alimentos vão parar no lixo. Dados apontam que 17% dos alimentos produzidos no mundo são desperdiçados, o que equivale a mais de 900 milhões de toneladas por ano. É um número inadmissível em qualquer época, mas que se torna ainda mais assustador em tempos de insegurança alimentar.

Para completar esse ciclo da cozinha sustentável, outras atitudes são importantes, afinal, é contraditório vender uma “cozinha sustentável” para o cliente e, ao mesmo tempo, servi-lo, por exemplo, com acessórios de plástico descartável (talheres, copos, canudos). Hoje, já é possível encontrar materiais biodegradáveis no mercado.

Tenha cuidado, também, com a forma de lavar a louça, evitando o desperdício de água. Dê preferência a produtos de limpeza menos poluentes, uso de buchas naturais, jamais jogue o óleo de cozinha pela pia (ele pode se transformar em sabão) ou mesmo os restinhos de alimentos (podem ir para uma composteira e se transformar em adubo para temperos produzidos no próprio restaurante – horta) e deixe aparelhos eletrônicos que não estejam sendo utilizados desligados da tomada para poupar energia (micro-ondas, por exemplo).

Lembre-se: a preocupação social com o preparo da comida e o reaproveitamento quase total dos alimentos é um caminho sem volta e que deve aparecer com força ainda maior nos próximos anos. Procure o Sebrae e peça ajuda para implementar esse novo conceito.

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