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Para você começar a compreender o que é upcycling, basta iniciarmos listando alguns dos seus principais benefícios: o corte de desperdícios, a adoção de práticas sustentáveis, o reaproveitamento de materiais e, consequentemente, a geração de lucro. O conceito se popularizou na indústria da moda, mas tem se espalhado por outros setores.

De modo geral, o upcycling une sustentabilidade, inovação e economia "em um só pacote". Então, considerando a relevância do tema — especialmente na atualidade —, neste post, mostraremos a sua definição e quais são as vantagens de implementá-lo no seu negócio.

Inclusive, você verá que o conceito não se resume apenas a criar produtos a partir de materiais descartados, mas, indo além, visa a aprimorar as soluções de diversos segmentos, englobando a implementação de iniciativas benéficas para o ecossistema. Continue a leitura e fique por dentro!

O que é upcycling?

Resumidamente, o upcycling é um método que transforma os resíduos gerados pelas empresas em novos materiais. Desse modo, as organizações tendem a reduzir o desperdício, produzir menos lixo e, consequentemente, ajudar ativamente na preservação do meio ambiente, como pontuamos.

Vamos a um exemplo prático do conceito? Suponhamos que uma empresa de moda e vestuário crie peças novas a partir de camisas descartadas — em razão de haver defeitos de fabricação — e de sobras da produção têxtil. Ou seja, em vez de simplesmente descartar esses itens, a loja explora a criatividade e elabora novos produtos com o material.

Como surgiu o upcycling?

Bem, o termo foi utilizado pela primeira vez em 1994, pelo ambientalista e designer de interiores Reine Pilz. Já em 1999, o conceito retornou no livro "Upsizing: the road to zero emissions: more jobs, more income and no pollution", de Gunter Pauli, que estudou o desperdício na indústria de tecidos.

Assim, ao longo dos anos, a ideia ganhou visibilidade e mais adeptos por conta da demanda por marcas que adotam práticas menos nocivas ao meio ambiente. Aliás, é importante destacar que, além dos ganhos ambientais, o upcycling aumenta o alcance de clientes que têm uma mentalidade similar — isto é, de pessoas que têm preocupações ambientais e, portanto, evitam comprar de marcas que não demonstram os mesmos valores.

A propósito, é interessante entender que o upcycling é fruto de uma grande tendência global, que é a preocupação com a sustentabilidade. Nesse sentido, o método cria maneiras novas de solucionar problemas que não recebiam atenção anteriormente, como o descarte correto de resíduos.

Qual é a diferença entre reciclagem e upcycling?

Via de regra, a reciclagem tradicional transforma o resíduo em um produto final com menos valor do que tinha anteriormente. Já o upcycling é capaz de transformar um material descartado em uma mercadoria que poder ser comercializada por um preço mais alto. É dessa noção, inclusive, que vem o "up", dando a ideia de "upgrade" — ou de aprimoramento do material reutilizado.

Não à toa, a proposta serve tanto para empresas que querem fabricar produtos próprios com a matéria descartada quanto para negócios que desejam revender o item reutilizado para outros empreendedores. A propósito, em razão dessa natureza de reaproveitamento de algo que foi descartado e de transformação em algo inteiramente novo, é comum observar as práticas do upcycling na moda. Afinal, o setor é bastante conhecido pelo descarte de materiais.

Só no Brasil, por exemplo, a indústria têxtil e de confecções gera cerca de 170 mil toneladas de materiais, mas apenas 20% desse volume é reciclado. Há, então, uma infinidade de sobras que poderiam ser transformadas em novas roupas — ou em faturamento para a empresa por meio da venda da matéria reaproveitada.

Qual é a importância do upcycling?

Agora que você já sabe o que é upcycling, como o conceito surgiu e de que forma se distingue da ideia convencional de reciclagem, mostraremos os benefícios práticos dessa proposta, tanto para as empresas que o adotam quanto para os clientes em potencial. Confira!

Redução do impacto ambiental

O lixo que uma companhia descarta, geralmente, é direcionado para aterros sanitários. Diante disso, diversos produtos são misturados — inclusive, materiais químicos perigosos.

Além disso, a presença maciça de aterros sanitários em nosso planeta implica a piora do efeito estufa, com a emissão de gases que causam um desequilíbrio no clima e, consequentemente, o aquecimento global. Aliás, os produtos químicos que são despejados nos aterros degradam o solo e geram poluição e outros problemas ambientais, havendo também o risco de terminarem nos cursos d'água, poluindo rios, lagos e oceanos.

Com o upcycling, porém, um número bem menor de ativos químicos será despejado na natureza, uma vez que as matérias-primas serão reutilizadas, o que faz com que a organização tenha menos necessidade de adquiri-los. Trata-se de um ciclo de sustentabilidade, pode-se assim dizer.

Desse modo, é possível afirmar que o upcycling ajuda a humanidade a "driblar" alguns desafios muito comuns do nosso século, como a má qualidade do ar, a quantidade expressiva de resíduos que é levada a aterros sanitários, a poluição da água e o efeito estufa.

Economia de recursos

As empresas que aplicam o upcycling nos seus processos alcançam uma economia significativa de recursos. Afinal, com o reaproveitamento de materiais que, anteriormente, iam direto para o lixo, o gasto com matérias-primas é diminuído.

Um exemplo: a indústria da moda, ao reutilizar tecidos e criar peças de vestuário novas, consegue reduzir consideravelmente os custos de produção de novos itens. Inclusive, não é só esse setor que pode se beneficiar: a empresa sueca IKEA, que fabrica móveis, também vende itens com materiais reutilizados, como sofás.

Com esse custo inferior na produção, as companhias ganham uma flexibilidade financeira maior para oferecer promoções voltadas aos seus consumidores — e até mesmo para praticar preços mais baixos. Desse modo, podemos dizer que o upcycling reúne o melhor de dois mundos: a redução dos valores associados aos custos de produção e a preservação do meio ambiente.

Apoio às microempresas e aos negócios locais

O upcycling é um estilo de atuação que os pequenos, micro e médios negócios podem adotar para manter a competitividade e fortalecer o comércio local em sociedade. Afinal, como visto, torna-se viável criar produtos novos a partir das sobras daqueles que foram fabricados antes — o que demanda um menor investimento.

Nesse contexto, a criatividade também é uma aliada para conquistar uma boa fatia no mercado. Além disso, é possível trazer mais visibilidade para o trabalho: uma loja, por exemplo, pode divulgar vídeos nas redes sociais que registrem como os produtos descartáveis se tornaram novas mercadorias.

Mesmo a partir de uma produção — ou de um ensaio de fotos — modesta, sem grandes feitos, a marca já conseguirá documentar que um material que normalmente iria para o lixo serve como matéria-prima em prol de uma inovação contínua. Por sua vez, a tendência é de que as pessoas "recompensem" essa criatividade, e as divulgações ainda podem viralizar, o que seria ótimo para e-commerces que enviam mercadorias para o país inteiro e dependem do marketing digital para se destacarem.

Atração de mais consumidores

O próprio conceito do upcycling já é o suficiente para despertar a curiosidade das pessoas, já que, em vez de gastar muito com matérias-primas e itens novos, a marca opta por reutilizar os materiais e ainda produz menos lixo. "Como isso é feito?" e "Fica bom mesmo?" são algumas das dúvidas que normalmente surgem na mente do público.

Inclusive, o conceito também é relevante para os negócios que ainda não investem em uma iniciativa relacionada à sustentabilidade e querem começar a explorar essa mentalidade. A medida é muito valiosa tanto para encontrar novos consumidores quanto para manter os antigos.

Como as empresas estão aderindo a essa tendência?

Agora, mostraremos alguns dos exemplos práticos de como o upcycling está cada vez mais integrado às empresas brasileiras e ao resto do mundo. Vamos lá?!

Na moda

A moda é o principal setor associado ao upcycling — e não é difícil descobrir o porquê. Ainda que as tendências mudem, e certos tecidos ganhem mais espaço em determinados momentos, tudo que é descartado pode ser reutilizado para atender a diferentes grupos de consumidores.

Como o conceito está bastante disseminado nesse universo, há outro efeito interessante: a proliferação de cursos destinados ao reaproveitamento de materiais de vestuário. A iniciativa ajuda a fortalecer essa cultura e o combate ao desperdício em escala global.

Na indústria

O upcycling industrial é representado, principalmente, por empresas de manufatura que reutilizam resíduos para produzir mercadorias que entram novamente no ciclo de consumo. Um excelente exemplo é a companhia TerraCycle, que está presente no Brasil desde 2010.

A organização pratica o upcycling por meio da coleta especializada de resíduos. Assim, ocorre a consequente transformação desses materiais em bolsas, cadernos, guarda-chuvas e em outros produtos sustentáveis.

No segmento mobiliário e de decoração

Aquela prática de descartar um guarda-roupa velho nas ruas pode estar com os dias contados. Afinal, é possível aumentar a vida útil do material que foi utilizado na sua produção de diferentes formas. A matéria pode se tornar, por exemplo, uma peça de decoração — como uma mesa de jantar —, desde que a madeira possa ser reaproveitada.

Do mesmo modo, restos de materiais que sobraram da indústria de tecidos podem ser reutilizados para revestir sofás e produzir tapetes. Nesse caso, aliás, temos um interessante intercâmbio entre a indústria da moda e o setor de decoração e móveis.

Na arquitetura

O uso do upcycling na indústria da moda e da decoração acabou por se expandir para áreas similares, como a arquitetura. Ou seja, já é possível encontrar imóveis feitos com madeira reutilizada após a demolição de outras obras, por exemplo.

Também é interessante mencionar o Estúdio Griffante, que é especializado em arquitetura e decoração. No dia a dia, os profissionais usam ativamente o conceito de reaproveitamento de materiais para transformar os ambientes, a exemplo da mudança de um ponto residencial para um restaurante.

A propósito, nesse caso — que foi registrado em uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo —, a empresa utilizou materiais reaproveitados da reforma feita no imóvel, que, até então, era residencial. No seu desenvolvimento, as ripas que, anteriormente, formavam um deck se transformaram em tampos de mesa.

Já as venezianas retiradas da residência se tornaram enfeites para o lounge do restaurante. A iluminação, por sua vez, foi construída com baldes enferrujados que o cliente já tinha na sua fazenda.

A arquitetura com base na reutilização de materiais descartados é um estilo mais rústico, mas muito versátil. Nós mencionamos o exemplo de um restaurante, mas também é possível pensar em uma casa de campo no meio da natureza — e ir bem além.

No segmento alimentício

Não é difícil encontrar reportagens que detalham o contingente de alimentos ainda em bom estado que são desperdiçados e acabam parando diretamente no lixo. Então, se você se pergunta se é possível aplicar o upcycling à alimentação, a resposta é "sim".

Tudo começa com a conscientização de que cortar os desperdícios é fundamental para que toda a população mundial tenha as suas necessidades atendidas. Afinal, já somos mais de oito bilhões, e esse número não deve parar de crescer.

Um exemplo bacana vem da foodtech (empresa que combina tecnologia e alimentação) Mahta, que adota essa prática. É o caso de um trabalho que utiliza a farinha produzida pela castanha-do-pará desengordurada, originária da Amazônia, para criar alimentos com uma alta densidade nutricional.

A Mahta, então, oferece um produto conhecido como Superfood, nomeado assim pela sua capacidade de suprir as necessidades e realmente "matar a fome". Trata-se de uma opção riquíssima em nutrientes, ao contrário de outros alimentos rápidos que não oferecem os mesmos benefícios, como o miojo, ainda muito popular.

Outro exemplo no Brasil vem da Rubian, que desenvolve alimentos a partir de frutas que eram geralmente jogadas no lixo, ainda que estivessem em bom estado de conservação. Na prática, são cerca de dez toneladas de alimentos que são reaproveitados pela empresa.

Como você pôde ver, o upcycling é um conceito que sai do mercado de moda e se expande para outros setores — e o meio ambiente agradece, uma vez que a proposta promove um descarte adequado e produz menos lixo. Aliás, agora que você já sabe o que é upcycling, pode adaptar algumas das práticas que citamos ao seu negócio. A iniciativa é parte de um conceito global de sustentabilidade, com o objetivo de promover ações ambientais bem mais responsáveis.

A propósito, o upcycling é só uma das formas que o seu empreendimento tem de reaproveitar materiais e vender mais. Aproveite para conhecer outras estratégias para alavancar os seus resultados!