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Empreendedorismo | EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA
Empreender é um ato de liberdade e de sujeitos sociais

Muitas vezes o empreendedorismo surge como uma forma de uma minoria acuada subverter o status quo e obter sucesso.

· 19/12/2017 · Atualizado em 22/07/2022
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Empreender é um ato de liberdade e de sujeitos sociais

Muitas vezes o empreendedorismo surge como uma forma de uma minoria acuada subverter o status quo e obter sucesso.

"Ninguém nasce feito. Vamos nos fazendo aos poucos, na

prática social de que tomamos parte."

Paulo Freire

Empreender é um ato de coragem, mas também uma forma de quebrar paradigmas e criar tendências. Muitas vezes, um movimento isolado ganha espaço quando outras pessoas se identificam com ele e, aí, ganha força do coletivo.

É necessário que nos questionemos se a forma como os processos educativos formais têm se constituído contribuem para a formação de sujeitos sociais. O desenvolvimento proposto para a sociedade como um todo diz respeito ao desenvolvimento dos sujeitos em todas as suas esferas: pessoal, social, cultural e econômica? Os processos educativos têm criado as condições para que o subdesenvolvimento pessoal de parte do povo não seja banalizado como fracasso individual? Esses sujeitos históricos têm participado do seu próprio processo de formação?

Não obstante, afirmamos que o sujeito social que se desafia a empreender só o faz em exercício de liberdade, mesmo que por necessidade, e não por oportunidade, ele só empreende em liberdade.

A afirmação pode parecer muito firme, mas não é possível imaginar uma sociedade empreendedora subjugada e sem constituição de sujeitos sociais. Assim, pode-se afirmar que mulheres subjugadas ao machismo; jovens e adultos acuados pela LGBTfobia e negros humilhados pelo racismo possam ter atitudes empreendedoras se forem precedidas de conscientização e libertação.

Conscientização e libertação não se dão fora de buscas democráticas e de direitos. Fora da democracia o que existe é tutela, e não construções criadoras. Não é possível pensar em empreendedorismo sem criação, sem liberdade, sem possibilidades de erros.

Os espaços formais de formação, como a escola, são os espaços privilegiados de interações e de formação dos sujeitos sociais. Alain Touraine considera que a ideia de sujeito está diretamente ligada a outros sujeitos, mas sem descaracterizar a individualidade. Assim, enfatiza que ao longo da formação dos indivíduos é necessário que ele desenvolva capacidade de resistir à dominação; que se ame, como fonte de felicidade e liberdade, e que reconheça os outros como sujeitos também.

A ideia de sujeito esboçada por Touraine necessita dos espaços democráticos para que o indivíduo se forme, participando diretamente dessa formação: “A democracia define-se, antes de tudo, como um espaço institucional que protege os esforços do indivíduo ou grupo para se formarem e se fazerem reconhecer como sujeitos”. 

Uma lógica de sociedade sem direitos e sem democracia é uma lógica branca, hétero e masculina. E romper com essa lógica é associar-se e constituir-se na lógica da democracia e dos direitos humanos e sociais.

Assim, quem pretende trabalhar com o desenvolvimento de uma cultura empreendedora não pode fazê-lo sem considerar a necessidade premente de romper com dominações banalizadas na nossa sociedade, como o machismo, o racismo e a LGBTfobia.

É com pressão sistemática e o exercício cotidiano de mudança de comportamentos preconceituosos que vamos nos constituindo livres e sociais, rompendo a lógica meritocrática.

Sociedade empreendedora é sociedade que enxerga as potencialidades de seu povo e não reproduz dominações como deterministas das relações.

O mundo – das relações, do trabalho, da cultura, enfim, da existência – apresenta-se como grande instrumento pedagógico para as diversas aprendizagens quando a concepção de formação for para além do espaço escolar, isto é, para a vida, que exige: pleno domínio da leitura e da escrita, dos conhecimentos matemáticos, das tecnologias que cercam a todos, dos fenômenos sociais, do trabalho, mas, sobretudo, da cultura de cada um, do que cada um acrescenta ou pode acrescentar ao outro e à existência.

É na capacidade do homem de interagir, criar e recriar que ele constrói a história do seu tempo. Sendo assim, ao instrumentalizar gerações por meio de processos de formação criadora e de possibilidades, concebemos uma sociedade com mais sentido da vida e com perspectiva de transformação de realidades perpetuadas como naturais.

Romper com a lógica machista, LGBTfóbica e racista é um caminho para a construção de sujeitos sociais, de direitos e livres para empreender.

Como bem ressalta Janine:

“É bom lembrar sempre que, das nossas dívidas, a mais importante não é a dívida externa, não é a dívida interna, não são as dívidas bancárias, mas sim uma dívida social que tem 500 anos, uma dívida social que começa com o descobrimento, a colonização, a repressão aos índios, a escravidão e todos os processos de descarte que se fazem neste país no sentido de expelir quem não é mais útil do ponto de vista da geração de riquezas, de uma perspectiva muito imediatista.”

Renato Janine Ribeiro

Pode-se depreender dessa breve consideração sobre sujeito social e liberdade para empreender que o processo de democratização pelo qual o Brasil passou nas últimas três décadas foi capaz de criar mais possibilidades de uma cultura empreendedora na sociedade.

Entretanto, não é seguro que permaneça caso as conquistas alcançadas retrocedam, tanto nos direitos como na democratização dos espaços de formação de indivíduos, independentemente da classe, da cor da pele, da orientação sexual ou de gênero.

Empreender é um ato de libertos! 

Autora: Vânia Rego

Analista do Sebrae, Mestra em Educação pela UnB, na área de confluência Gestão e Políticas Públicas, Professora da SEEDF, Sócia Fundadora do Centro de Educação Paulo Freire de Ceilândia e Mãe pela Diversidade.


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