Saúde em conta
Com o empenho da Associação Despertando Para a Vida, da qual Maria Raquel é membro, os medicamentos naturais da Amazônia chegam à população a preços bem mais acessíveis e sem danos à saúde que muitas vezes os medicamentos químicos causam. Na cooperativa, que conhece as necessidades da população, são 46 membros distribuídos em diversas áreas de atuação. “Fizemos um grupo de liderança onde cada um fica responsável pela sua área, fazendo cursos e treinamentos. Fazemos sempre reuniões para discutir as decisões e ali são sugeridas várias alternativas para a melhoria do nosso trabalho”, explica Maria Raquel, que ainda conta que a melhor prática de gerenciamento foi dividir as tarefas em áreas e selecionar uma pessoa para tomar decisões e repassar para os demais colaboradores.
Outra tarefa da associação, abraçada por todos os seus membros, é a conscientização da população para o consumo de seus produtos, Maria Raquel acredita que para ter sucesso é imprescindível a visão, a liderança e o conhecimento de gestão, mas acima de tudo o amor por aquilo que se faz, sem o qual não se chega a lugar nenhum.
Raízes da Amazônia
Em todas as comunidades da Amazônia, desde os mais longínquos pontos pelas beiras de rio, até as áreas urbanas, é comum o uso das plantas para o tratamento das mais diversas doenças. A lista das plantas medicinais da região Norte do Brasil tem o Museu Goeldi, do Estado do Pará, e o Iepa, no Estado do Amapá. Dados recentes do Museu Goeldi indicam que cerca de 90 espécies nativas da Amazônia integram a lista de plantas prioritárias da região Norte. Andiroba, Copaíba, Canarana, Sacaca, Verônica são nomes mais do que conhecidos para quem acredita no poder de cura das plantas e as utiliza para fazer os mais diversos tipos de chás, óleos, unguentos, entre outros produtos.
Maria Raquel passou sua infância vendo sua mãe manuseando estas plantas e fazer chás que curassem a dor de barriga, a dor de cabeça, a gripe. Como gostava de plantar, era responsável pelo jardim de sua casa, para onde levava mudas de toda planta diferente que encontrava. Sua habilidade com as plantas cresceu com ela, e foi nascendo a vontade de desenvolver uma atividade que levasse em conta o seu conhecimento e o interesse pelas plantas que curam. Foi o momento que decidiu fazer parte de uma cooperativa que realizasse um trabalho baseado no poder de cura das plantas.
Iniciou uma pequena plantação em sua própria casa, onde cultivou as ervas mais procuradas. Quando a horta começou a crescer, Maria Raquel teve a necessidade de procurar um espaço maior que o quintal da sua casa para cultivar as ervas. Encontrou então a disponibilidade do Centro de Reabilitação e Tratamento Natural (CRTN), uma instituição governamental, que cedeu espaço em suas hortas para que Maria Raquel pudesse cultivar suas plantas. Em contrapartida, o CRTN podia usufruir das plantas para doação de entidades carentes. Ainda que sem recursos financeiros para investir no desenvolvimento de sua atividade, Maria Raquel despertou para o desafio de mostrar que a partir das plantas era possível produzir um medicamento mais barato.
O poder da cura
Maria Raquel cresceu vendo a mãe fazendo chás para curar as mais diversas doenças de toda a família. Vem deste tempo distante a sua paixão pelas plantas em geral, mas em especial por aquelas que têm o poder da cura. Desde menina vem construindo o conhecimento sobre os fitoterápicos, mesmo antes de saber que eles tinham este nome.
Um dia se deu conta de que lidar com as plantas medicinais era uma das coisas que mais queria fazer no seu presente e no seu futuro. Associou-se a uma cooperativa e de lá para cá vem fazendo com que muita gente se beneficie das propriedades medicinais das plantas, desenvolvendo produtos de preços acessíveis e com poder de cura incontestável.
Colaboradores
Gestor de conteúdos: Maikon Richardson; Design gráfico: Rauan Maia; Revisão de texto: Liliane Ramos, Camila Melo; Digitalização: Camila Melo.
Fonte: Histórias de Sucesso: Mulheres de Negócios do Amapá. Macapá: Sebrae/Ap,2007