Práticas ESG no agronegócio são fundamentais para agregar valor ao produto e atender às exigências do consumidor e do mercado.

Ações relacionadas a ESG (Environmental, Social, Governance) estão no foco das discussões em diversos segmentos. Não seria diferente em um dos setores mais relevantes do país: o agronegócio, que corresponde a quase 30% do PIB Nacional.
Em um cenário em que os recursos naturais estão se tornando cada vez mais escassos e ocorre uma previsão de crescimento populacional ainda maior, é necessário refletir sobre o modo de consumo e de produção. Estimativa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) prevê que, até 2050, será preciso aumentar a produção de alimentos em 70%.
Outro aspecto fundamental para a agricultura brasileira são os reflexos causados pelas mudanças climáticas no setor. De acordo com o estudo realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Visão 2030: o futuro da agricultura brasileira, as mudanças climáticas serão responsáveis por inúmeras transformações, como aumento de regiões sem água suficiente para suprir as demandas da população e aumento de pragas em culturas agrícolas, dentre outros.
Nesse sentido, as práticas ESG são fortes aliadas para uma agricultura sustentável. A sigla ESG, em português ASG, é a aplicação de medidas que respeitam requisitos ambientais, sociais e de governança.
Outros benefícios que a agenda ESG traz para o agronegócio são:
- Produtos desenvolvidos a partir de ações ESG são percebidos como de melhor qualidade no mercado e tornam-se mais competitivos;
- A transformação digital promove processos mais ágeis e custos mínimos de produção. Isso porque automatiza rotinas e reduz custos operacionais, aumentando a performance do campo;
- Aumento nas exportações, já que os produtos brasileiros ganham maior destaque no mercado internacional. Melhor qualidade atrai investidores e compradores estrangeiros.
ESG no agronegócio
No agronegócio, as práticas de ESG dizem respeito às estratégias e modelos de negócios alinhados com a responsabilidade ambiental, social e de governança corporativa. A agenda ESG já é uma realidade no campo e tende a se consolidar. Conheça algumas práticas e soluções que podem ser realizadas a partir dos três pilares da agenda ESG:
– Environmental ou ambiental
A questão ambiental passou a ser um valor no agronegócio por conta da cobrança de mercados externos. Assim, a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEEs) e uma agricultura de baixo carbono são pautas para o agronegócio brasileiro.
No Brasil, a principal ferramenta do agronegócio para combater essas questões é o Plano ABC, criado em 2010 e que prevê, em sua versão ABC+, atingir com tecnologias de produção sustentável 72,68 milhões de hectares; ampliar o tratamento de 208,4 milhões de metros cúbicos de resíduos de animais; e abater cinco milhões de cabeças de gado em terminação intensiva para o período de 2020 a 2030.
Esse objetivo envolve a economia circular, com a redução do desperdício e reutilização dos produtos, e também o uso de recursos naturais limpos e renováveis, que não causam efeitos negativos na atmosfera com os combustíveis fósseis. Além disso, é preciso ações efetivas que favoreçam a:
- Redução da poluição do ar, do solo e da água;
- Combate ao desmatamento e abertura de novas áreas agrícolas;
- Aumento da biodiversidade com a recuperação de áreas degradadas;
- Uso de energias de fontes renováveis;
- Gestão de resíduos sólidos;
- Zoneamento do risco climático da área agrícola;
- Implantação de tecnologias de integração da lavoura-pecuária e floresta, dentre outras.
- Social
A letra S refere-se às relações sociais da empresa rural com os trabalhadores do campo, comunidades e consumidores. As empresas rurais precisam medir os impactos causados na sociedade e na área de abrangência da sua atuação.
Outro ponto importante é priorizar a diversidade da equipe, com oportunidades iguais para todos, independentemente do gênero, raça ou orientação sexual. Também é fundamental o respeito às leis trabalhistas, aos direitos humanos e à proteção de dados da empresa rural.
- Governance ou governança
Importante pilar para a execução das práticas de ESG, a governança diz respeito à administração da empresa rural, priorizando o estabelecimento de regras de conduta e de gestão. Uma boa governança envolve a composição de um conselho de administração e comitês de auditoria.
Em muitos casos, as propriedades rurais crescem, mas ainda tem, na sua gestão, características familiares. A agenda ESG prioriza a integração da cadeia de valor com fornecedores, indústria e clientes, priorizando a rastreabilidade da cadeia de suprimentos, necessária para diminuir riscos e garantir a integridade socioambiental.
O uso da tecnologia e da digitalização no meio rural é fundamental para a garantia de protocolos, segurança dos dados, potencializando a produtividade e o faturamento no agronegócio. A boa governança prioriza a transparência em todos os níveis, com instituições públicas e privadas e a comunicação com as partes interessadas no negócio.
Para que o agronegócio brasileiro mantenha o protagonismo no mercado de alimentos e sua importância estratégica para o país, torna-se imperativo um posicionamento nessa nova realidade socioambiental. Não basta ficar na teoria e no discurso, é preciso adotar uma agenda ESG na prática.
Para saber mais, leia os textos a seguir:
ESG: o que é e qual é a importância? Saiba aqui!
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