Modelo de produção vem ganhando força em função do aumento da preocupação da sociedade com riscos socioambientais

Pesquisa divulgada em novembro de 2020 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que 98% dos brasileiros se dizem preocupados com as questões ambientais. O levantamento aponta ainda que 95% dos entrevistados concordam que são capazes de unir progresso econômico com conservação ambiental. Um dos segmentos que mais cresce neste sentido é o de moda, fazendo com que conceitos sustentáveis sejam aplicados em todo o processo produtivo. Diferentemente da lógica tradicional, com sistemas lineares para a confecção de roupas, calçados e acessórios, no modelo sustentável aplica-se como base um processo cíclico. O método propõe que as sobras não sejam automaticamente descartadas, e, sim, reinseridas em outras linhas produtivas.
O tema moda sustentável virou pauta, inclusive, da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 (COP26), realizada em Glasgow, na Escócia. Na oportunidade, diversos estudiosos, produtores e ambientalistas discutiram as possibilidades de novos materiais sustentáveis, como o uso de couro de cogumelo, que virou bolsa de uma nova coleção da estilista britânica Stella McCartney. Houve também a presença de marcas brasileiras, como a Malwee, que lançou um laboratório de inovação capaz de incubar produtos sustentáveis de moda, intitulado “Malwee Transforma”. A iniciativa visa, entre outros pontos, reduzir o uso de água e energia com reciclagem e upcycling. Já a Renner apresentou um painel sobre circularidade da moda, mostrando programas sobre logística reversa, reutilização de resíduos e uma gestão ecoeficiente.
Como se pode ver, a mudança de pensamento da sociedade e sua preocupação com a sustentabilidade chamam a atenção das grandes organizações, cada vez mais rígidas em suas políticas ambientais. E com os pequenos negócios não é diferente. É preciso pensar em formas de promover mais vida útil aos materiais, diminuir o descarte de resíduos e promover o desenvolvimento sustentável de um setor considerado um dos mais poluentes do mundo, representando 8% da emissão de gás carbônico em toda a atmosfera.
Impacto – Nos últimos anos, a moda sustentável vem ganhando força e apresentando crescimento em seus números. De acordo com relatório elaborado pela empresa de pesquisa Research and Markets, o crescimento mundial do segmento deve passar de US$ 6,3 bilhões, em 2019, para US$ 8,2 bilhões, em 2023. O estudo também projeta que, entre 2025 e 2030, esse número pode chegar até US$ 15,2 bilhões, mostrando que investir em sustentabilidade é fundamental não apenas para o meio ambiente, como também para o futuro da indústria da moda
Práticas – E você, empreendedor do segmento da moda, como se tornar mais sustentável? Abaixo, algumas dicas simples, mas que podem fazer muita diferença:
- Utilize menos materiais na confecção, capazes de eliminar itens poluentes;
- Descarte resíduos com ampla segurança ambiental;
- Recapture o que sai das fábricas, desde peças até embalagens;
- Busque a reutilização completa de insumos, promovendo coleta e renovação dos materiais reciclados;
- Feche parcerias com empresas, cooperativas e pequenos produtores de materiais recicláveis, barateando custos e fomentando a economia.
Produtos e serviços – Agora que você conhece processos que podem tornar seus produtos mais sustentáveis, listamos a seguir serviços que podem agregar ao faturamento do seu negócio:
- Ofereça aos clientes reparos nas peças em uso, ampliando ainda mais a durabilidade durante o consumo;
- Pense em produtos como ecobags e ecojoias, feitos de matérias-primas totalmente recicladas ou naturais e sustentáveis;
- Verifique a possibilidade de trabalhar com roupas alugadas. Ao oferecer esse tipo de serviço, a produção automaticamente é diminuída. A roupa mais sustentável é aquela que já existe e pode ser utilizada;
- Crie peças atemporais, que podem ser utilizadas em qualquer época do ano, fugindo do conceito de coleções;
- Use menos embalagens e crie formas de entrega mais sustentáveis;
- Invista em uma consultoria antes de iniciar o desenvolvimento de um novo produto, para, assim, adotar processos circulares com as melhores práticas.
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