Novas tecnologias para a produção de energia renovável devem turbinar economias locais com a demanda de serviços em diversas fases de projetos.

O lançamento do Polo Sebrae de Energias Renováveis em agosto deve constituir um passo fundamental para integrar micro e pequenos negócios em iniciativas de inovação relacionados a energia. O polo está situado no Rio Grande do Norte, estado que lidera a produção de energia eólica no Brasil, e deve compartilhar oportunidades de negócios na produção de energia, conectar empresas para atuarem conjuntamente no setor e facilitar o acesso de micro e pequenos negócios a essas soluções.
Porém, o ciclo de custos para a implantação e operação de um sistema de energia renovável é complexo, independentemente do tipo de fonte utilizada. Entre os vários sistemas de energia renovável, temos a eólica, solar, biogás e óleo vegetal, entre outras. Um sistema renovável como um parque eólico demanda tempo de maturação e grandes investimentos e costuma ter quatro fases, a saber:
- Devex (Development Expenditure, ou Custo de Desenvolvimento): é o que engloba o projeto em si, incluindo o desenho de seu financiamento;
- Capex (Capital Expenditure ou Despesas de Capital): é o custo de implantação do projeto propriamente dito, com a construção de instalações e compra de máquinas e equipamentos;
- Opex (Operation Expenditure ou Custo de Operação): é o valor necessário para manter o projeto, depois de implantado, em operação, com despesas de materiais e mão de obra, por exemplo;
- Decex (Decommissioning Expenditure ou Despesa de Descomissionamento): é a despesa necessária para desativar uma instalação depois que ela cumpriu seu ciclo de vida.
Os custos de parques eólicos offshore são elevados, pois exigem a instalação de aerogeradores e subestações marítimas, além de sistema de transmissão até outra subestação terrestre. Por isso, para tornar-se viável economicamente, o parque offshore deve ter elevada potência. Entre as vantagens de se instalar um parque eólico em ambiente marinho estão o fato de que nesse ambiente os ventos são mais potentes e menos turbulentos, e há uma redução de impactos ambientais e sociais. Boa parte da tecnologia empregada nesses parques foi desenvolvida pelo setor de óleo e gás, que utiliza plataformas marinhas.
As dificuldades do ambiente marinho também aumentam o tempo que o projeto necessita para amadurecer, pois a construção de plataformas é bem mais complexa e cara. A etapa de desenvolvimento (Devex) do projeto de um parque eólico offshore pode levar de três a cinco anos e inclui o projeto de engenharia, estudos e licenciamento ambiental e construção de relacionamento com os bancos para garantir o financiamento. O custo dessa etapa está estimado em cerca de 3% do total do projeto.
Em seguida, vem a etapa de despesas de capital (Capex), que inclui a parte de construção propriamente dita e a compra dos equipamentos necessários para a operação, como a turbina eólica, as subestações, cabos de transmissão etc. Calcula-se que essa etapa representa 50% do custo total de um parque eólico.
A partir do momento em que o projeto começa a gerar energia, vem a fase de custos de operação e manutenção (Opex). Essa parte constitui o custo de mão de obra para a operação e a manutenção propriamente dita, que envolve uma série de cuidados para evitar que a maresia impeça os equipamentos de funcionar. Calcula-se que essa fase do projeto consuma cerca de 41% do valor do projeto levando-se em conta que a vida média de um parque eólico offshore é de 25 anos.
Ao final da vida útil de um parque eólico, é preciso remover todos os equipamentos para evitar acidentes ambientais. A estimativa é que esse processo consuma cerca de 7% dos custos do projeto, isso sem considerar a possibilidade de reutilizar ou reciclar parte dos materiais que forem removidos.
É sempre bom lembrar que a geração de energia eólica offshore é dispendiosa, mas é uma energia limpa, e o provável é que o seu custo siga a tendência de redução verificada entre os anos de 2010 e 2020, quando o valor de um projeto desses caiu pela metade. As estimativas de reduções a longo prazo preveem uma redução de custo na faixa de 38% a 53% para o ano de 2035 e de 54% a 64% para o ano de 2050.
No momento, há vários projetos de parques eólicos a serem implantados na costa brasileira, principalmente no Sul e Nordeste, onde os ventos são extremamente favoráveis. Os bons ventos também devem impulsionar negócios até de pequenos fornecedores, como empreiteiras de mão de obra até serviços de catering.
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