IBTs, em especial foodtechs, têm papel central na erradicação da fome e promoção da agricultura sustentável.

A Agenda 2030 da ONU é composta por 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS). Firmado na Conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável que aconteceu no Rio de Janeiro, em 2012, o conjunto de objetivos tem a missão de suprimir desafios ambientais, políticos e econômicos para livrar o mundo da pobreza, proteger o planeta e assegurar que todas as pessoas tenham paz e prosperidade.
O ODS 2 preconiza a fome zero e a agricultura sustentável para acabar com a fome, melhorar a nutrição e alcançar a segurança alimentar, ou seja, garantir o acesso de todas as pessoas, em particular os pobres e pessoas em situações vulneráveis, incluindo crianças, a alimentos seguros, nutritivos e suficientes durante todo o ano.
Entre os maiores desafios para alcançar esse patamar está o fato de que a nossa dieta repercute no meio ambiente devido ao consumo de energia relacionada com os alimentos e a geração de resíduos. A indústria agroalimentar mundial consome 30% da energia total produzida e emite 22% das emissões totais de gases de efeito estufa (GEE). Ainda, um terço dos alimentos produzidos anualmente são desperdiçados, e 26% da humanidade tem obesidade ou excesso de peso.
Acabar com a fome
Várias são as estratégias possíveis para solucionar a situação de insegurança alimentar vigente em diversos locais do mundo. No Brasil, um dos maiores produtores de alimentos do mundo, o Segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19 apontou que 33,1 milhões de pessoas não têm garantido o que comer. Em 2022, o país voltou a figurar no Mapa da Fome da ONU, do qual havia saído em 2014, ao registrar mais da metade (58,7%) da população brasileira convivendo com a insegurança alimentar em algum grau: leve, moderado ou grave, e 14 milhões de novos brasileiros em situação de fome.
A agricultura sustentável promove a abundância de alimentos, privilegiando formas de plantio e cultivo que respeitam o meio ambiente e conseguem suprir as necessidades das pessoas sem comprometer os recursos naturais que serão essenciais para nutrir as gerações futuras. Ainda, gera renda e promove a qualidade de vida nas comunidades em todo globo.
As indústrias de base tecnológica (IBTs) podem contribuir significativamente para alcançar os objetivos da ODS 2, pesquisando a produção de alimentos saudáveis, reduzindo preços dos alimentos nutritivos, capacitando mão de obra para elaborar alimentos básicos e criando formas inovadoras para permitir acesso a conhecimento especializado a agricultores distantes.
As foodtech, termo que mistura as palavras em inglês food (comida) e technology (tecnologia) são empresas que utilizam inovações como internet das coisas (IoT), big data e inteligência artificial (IA) para modernizar a indústria agroalimentar, tornando-a sustentável e eficiente em todas as suas etapas, desde a elaboração dos alimentos, distribuição e retorno de resíduos (upcycling). Algumas das preocupações dessas IBTs, que muitas vezes são startups, são contornar questões como crescimento demográfico e suas repercussões na segurança alimentar, digitalização da sociedade, efeitos das mudanças climáticas, falta de recursos naturais, desperdício alimentar e impacto ecológico da produção de alimentos.
Embora ainda não tão significativas em volume, essas empresas são a vanguarda do setor alimentício. São situadas em estudos como o Global Food Tech Market Analysis & Forecast 2016-2022 com valores de mais de 250 bilhões de dólares em 2022.
Revolução alimentar
As foodtechs unem a inovação ao crescente interesse por sustentabilidade e, mesmo regeneração, e provocam uma verdadeira revolução alimentar. Algumas das tendências que se tornam mais importantes e presentes na dieta das pessoas a cada dia são:
- agricultura biotecnológica;
- plataformas de compra e venda de produtos agrários;
- bioenergia e biomateriais;
- robótica agrícola;
- alimentos ecológicos e novos sistemas de cultivo;
- proteínas vegetais;
- carne sintética, fabricada em laboratório;
- rastreabilidade alimentar com uso de blockchain;
- automatização de supermercados e restaurantes.
Alimento do futuro
As foodtech podem criar novas formas de produzir, distribuir, consumir e de otimizar a produção de alimentos e construção de um novo mercado mais inteligente, saudável, sustentável, dinâmico, ágil e eficiente.
As IBTs do ramo de alimentos podem desenvolver novas formas de aproveitar alimentos que são desperdiçados, e que possam ser distribuídos às comunidades que mais precisam. Mais ainda, são um espaço de excelência para reunir pessoas, empresas e profissionais que estejam dispostos a encarar o desafio de estabelecer novas soluções para um futuro da alimentação mais inclusiva e sustentável.
O empreendedor que enxerga para si um papel na nutrição dessa e das próximas gerações não pode ficar de fora da mudança.
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