Programa do Sebrae Rio, lançado há oito anos, vem se tornando um dos principais aliados dos empreendedores do estado.

Criado em 2015, o ProGlobal é um programa de internacionalização do Sebrae Rio que nasceu para fomentar e consolidar a inserção de produtos e serviços das micro e pequenas empresas no mercado externo. Neste programa, a empresa é orientada a realizar uma reestruturação organizacional e de mentalidade que lhe permitirá aumentar a competitividade e a produtividade, tanto externa quanto internamente.
Originalmente, o programa atendeu a cadeia de óleo e gás e, com os bons resultados, já em 2018 foi ampliado de forma a abarcar também o setor de biotecnologia. Nesse período, o número de clientes, parcerias e contratos cresceu 79% em relação a 2015, e cerca de 40% das empresas participantes tinham sido internacionalizadas, superando a meta inicial de 20%.
A partir da experiência adquirida, o Sebrae foi incluindo novos setores no ProGlobal, tais como os de alimentos e bebidas, saúde, higiene pessoal, cosméticos, moda, acessórios, joias e bijuterias, mas também os de energia e medicina nucleares, P&G, TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação), além de serviços técnicos especializados.
Na área de orgânicos, o ProGlobal tem ferramentas que dão apoio às empresas exportadoras, com orientações a respeito dos aspectos que envolvem as estratégias de comercialização em todas as fases do negócio.
Um dos beneficiados pelo programa é o empreendedor Gustavo Aronovick, sócio-fundador do Armazém Sustentável, uma pequena empresa de geleias e molhos orgânicos instalada em Brejal, bairro de Petrópolis (RJ). A empresa, além de desenvolver a economia agrícola local, está exportando seus produtos para o Canadá e Portugal.
Produtos orgânicos de origem brasileira, como as frutíferas, são muito valorizados no exterior pela sustentabilidade, diversidade e capacidade de produção orgânica, lembra o empresário. Os produtos orgânicos brasileiros têm nos mercados da Europa e dos Estados Unidos seus maiores consumidores.
Para Gustavo, o processo inicial foi desafiador, mas o Sebrae o colocou em grandes feiras e eventos e fez com que a empresa dele se desafiasse, com sucesso. Ele observa, entretanto, que há um impacto do custo anual da certificação internacional para os produtores e que este custo “também cria dificuldades no cumprimento das normas internacionais e na garantia de competitividade nas prateleiras do exterior”.
A certificação dos produtos orgânicos é uma chancela para atestar a qualidade do produto para atender às exigências de outros países, como a adoção de políticas de sustentabilidade, responsabilidade social e segurança. As questões normativas e regulatórias dos orgânicos são bastante complexas e exigentes, mas elas se baseiam no princípio da reciprocidade, aplicadas por vários países que têm atividades orgânicas e que desenvolveram sua própria legislação, como por exemplo o Brasil.
Esses regulamentos aumentam o custo de entrada dos produtos na cadeia de suprimentos dos orgânicos. No entanto, além desse ônus, aqueles que conseguem se certificar adquirem um diferencial – um bônus, no caso.
“A certificação é uma chancela para atestar a qualidade do produto e de que este pode atender às exigências de outros países”, ressalta o empresário, lembrando que a valorização da biodiversidade e da sustentabilidade é uma demanda cada vez maior no mercado externo - o que cria oportunidades para produtores de regiões ribeirinhas no Brasil.
Miriam Ferraz, coordenadora do programa ProGlobal, reforça a ideia de que o mercado internacional oferece grandes oportunidades para os orgânicos brasileiros. Mas ela acha que as empresas do setor precisam adotar um posicionamento estratégico para cada segmento de trabalho.
Ela diz que o perfil do consumidor atual é tão importante quanto as questões regulatórias no setor de exportação. “O consumidor de orgânicos está mais exigente, quer transparência em toda a cadeia, busca a rastreabilidade. Isso gera uma confiança e valor efetivo na comercialização de produtos”, atesta.
Miriam Ferraz assinala a necessidade de se definir os mercados-alvo, identificar nichos para agregar valor, levando-se em conta aspectos como a escolha dos melhores canais e a verificação do potencial de entrada de produtos no exterior. Para ela, quanto mais se diversificam os mercados, maior a expansão da produção e o ganho de escala. Isso dilui riscos e custos, como o da certificação por exemplo.
Além disso, a percepção do consumidor brasileiro de que determinada empresa está exportando cria uma imagem positiva para aquele negócio no mercado interno. Assim, a internacionalização se volta para dentro do país.
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