Descubra como usar a vegetação nativa na alimentação dos caprinos e ovinos nos períodos de seca.

Popular na região do Vale do São Francisco, a criação de cabras e ovelhas é umas das mais importantes tradições da região do semiárido brasileiro. Os animais, totalmente adaptados ao local, são fonte de renda e subsistência de muitas famílias. Por isso, com o apoio de diversas entidades, como o Sebrae e Embrapa, têm crescido o uso de tecnologias e práticas de manejo que sejam adequadas às condições climáticas do lugar. Uma das questões mais importantes para os produtores é a alimentação dos rebanhos, que sofrem com os períodos de seca.
“Esta é uma região onde a caprinovinocultura é muito forte, temos os maiores rebanho de ovinos e caprinos do país, e em cima desse montante está o nosso desafio, fazer com que essa atividade de fato dê certo e gere renda”, diz Rafael Sene, médico veterinário e mestre em forragicultura e pastagem.
Rafael conta que o modelo predominante é, ainda, o da criação extensiva, totalmente dependente das condições ambientais. Ele fala que, apesar da região ter apresentado bons índices de chuva atualmente, é necessário lembrar que são ciclos e que a seca pode voltar. Ele conta as desvantagens desse modelo produtivo.
“Temos uma alta mortalidade nos rebanhos, a depender da época, principalmente, por conta da pouca alimentação. Temos também questões com predadores”, relata.
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Alimentação adequada e sustentável para os caprinos e ovinos
A vegetação da caatinga é a base alimentar para a criação pecuária no semiárido brasileiro. Nesse contexto, a implantação de sistema de segurança alimentar para os rebanhos da região, considerando as particularidades dessas plantas, é fundamental para o desenvolvimento de uma caprinovinocultura sustentável.
“Produzindo forragem (alimento consumido pelo animal), a gente consegue ter uma segurança alimentar maior, ter um rebanho de melhor qualidade, diminuir a pressão de pastejo na caatinga e profissionalizar a nossa produção”, explica Sene.
O projeto adotado na região, em parceria com a Embrapa Semiárido e outras entidades como o Banco do Nordeste, durante as grandes secas dos anos de 2013, 2014 e 2015, foi a multiplicação de mudas de palma para forragem. Segundo o médico veterinário, entre 2012 a 2017 foram mais de 1.200 áreas implantadas nos estados da Bahia, Piauí e Pernambuco.
“A palma tem que ser a base de tudo, falando em agropecuário do semiárido”, reforça. Entre as vantagens da planta típica do local para o forrageio, estão a alta produtividade em áreas menores, baixa necessidade de irrigação e redução dos intervalos de corte. Outras opções como alimento complementar à palma são as proteínas e leguminosas, como a moringa, leucena e cunhã, também típicas da região do semiárido.
“Precisamos, em períodos secos, ter alimentação para o nosso rebanho, e não só depender de comprar milho, comprar soja”, alerta Sena. Segundo ele, a alimentação representa cerca de 70% dos custos de um produtor de cabras e ovelhas, e com o uso de forrageio com vegetação nativa isso diminui consideravelmente. A alimentação adequada dos animais é também fundamental na produção de leite.
Em resumo: para uma dieta adequada de caprinos e ovinos, são necessários a palma, uma leguminosa (moringa, leucena e cunhã) e o chamado volumoso (que são as fibras, composta por silagem ou palha de cana).
“Assim, é possível ao produtor oferecer alimentação adequada ao seu rebanho durante os períodos de seca”, finaliza Rafael.
Este artigo é um resumo da live produzida pelo Sebrae Pernambuco, no projeto “Quintas do Agro”. Para ver o conteúdo completo, acesse aqui. Para saber mais sobre esse e outros temas da agropecuária, visite o nosso site www.sebrae.com.br
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