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Mon Jul 31 16:58:28 BRT 2023
Pessoas | SAÚDE OCUPACIONAL
Entenda como a Síndrome de Burnout afeta o dia a dia das empresas

Síndrome de Burnout: entenda o que é, alguns de seus principais sintomas e saiba como identificá-la!

· Atualizado em 31/07/2023
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Na última década, um assunto ganhou destaque dentro das empresas e tem feito não só os os departamentos de recursos humanos, como também as diretorias das organizações, pensarem em mudanças e reformulações das políticas internas: a Síndrome de Burnout.

Trata-se de um problema capaz de afetar o rendimento dos colaboradores e, em casos mais graves, provocar baixas no quadro de funcionários — que acaba comprometendo, consequentemente, o desempenho e o alcance de metas do negócio. 

Porém, você sabe do que realmente se trata essa síndrome, as causas dela, como evitá-la e tratá-la? Se a resposta foi negativa, fique tranquilo. Neste post, você vai entender tudo a respeito do assunto. Acompanhe para saber mais!

O que é a Síndrome de Burnout?

Indo direto ao ponto, a Síndrome de Burnout é um estado de fadiga física e, principalmente, mental que a pessoa vivencia no trabalho. Durante esses episódios, o profissional se sente incapaz de se concentrar, memorizar e realizar qualquer tarefa, por mais simples que ela seja.

Em paralelo a isso, há um sentimento constante de baixa criatividade, negação das próprias habilidades e competências e a necessidade de se isolar socialmente — o que acaba afetando a relação com os colegas de equipe. Devido a tudo isso, o desempenho da pessoa vai caindo drasticamente, e ela passa a dar cada vez menos importância à própria carreira.

Disfunção prevista na CID

Essa é uma disfunção prevista na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID), que é o registro oficial adotado pelos conselhos de medicina ao nível global para a identificação de fenômenos que afetam a saúde e o bem-estar das pessoas.

Portanto, ao ser diagnosticada por um médico, essa se torna uma causa oficial para faltas justificadas ao trabalho e, dependendo da seriedade dos sintomas, até mesmo, para se afastar das atividades por algum período. "Então isso significa que ela é uma doença ou, mesmo, um transtorno mental?" — você pode estar se questionando. Embora essa seja uma associação bastante comum, a resposta é negativa.

Na 11ª edição do CID, que será lançado em 2022 substituindo a atual versão, mas que já pode ser acessado virtualmente pelo portal da Organização Mundial da Saúde (OMS), fica bastante claro o que, afinal, é a Síndrome de Burnout: ela não é doença, nem transtorno mental, mas, sim, o resultado de uma exposição contínua a situações de estresse no ambiente em que a pessoa atua.

Comportamento do profissional

Em outras palavras, quando o estresse atinge um nível crônico — isto é, que é de longa duração —, o profissional desenvolve um quadro comportamental e psicológico, em que apresenta os sintomas já mencionados e vai, a longo prazo, se tornando incapaz de continuar exercendo as atividades da rotina.

Contudo, tenha atenção: esse quadro não interfere em outros aspectos da vida do indivíduo, sendo detectado e manifestando, como mencionamos lá no início, somente no trabalho dele.

Mas aqui é importante fazer uma observação: caso a pessoa que tem essa síndrome siga passando por episódios estressantes e não faça o tratamento adequado, isso pode dar margem para que ela desenvolva, de fato, transtornos mentais graves, como depressão, fobias e transtorno do pânico.

Cansaço em excesso

Normalmente, a pessoa que conta com a síndrome costuma sentir um cansaço em excesso. Mesmo depois de alguns dias de descanso, ou logo no começo do dia, a concentração acaba sendo reduzida. Isso reflete também na ansiedade e no estresse. Com o cansaço, profissionais podem ficar mais rudes e sem nenhuma motivação para exercerem suas demandas.

Lapsos de memória

Também é comum que ocorram lapsos de memória. Esquecimento de alguma demanda prioritária que estava tocando ou até mesmo sobre o que falaria em alguma reunião (pede a palavra, por exemplo, mas logo em seguida já não se lembra mais sobre o que abordaria).

Dores de cabeça frequente

Outro problema físico que pode ser decorrente do burnout são as dores de cabeça frequentes. Aliado a isso, ocorrem perdas de apetite, insônia, sentimentos de fracasso ou de insegurança e também dificuldades de concentração, conforme mencionamos.

Irritabilidade

A irritabilidade é muito comum em quem desenvolve a síndrome devido ao sentimento de negatividade constante, bem como a sensação de desesperança que acomete o profissional ou pelas baixas expectativas que tem com o trabalho próprio.

Quais são os números da Síndrome de Burnout no Brasil?

Segundo um recente estudo divulgado pela Associação Nacional de Medicina do Trabalho, também conhecida como Anamt, cerca de 30% de profissionais no Brasil sofrem com o Burnout. Além disso, o levantamento apontou que o nosso país está em segundo lugar no mundo no número de pessoas que contam com esse distúrbio, o que revela uma preocupação para as empresas.

No que diz respeito às buscas pelo tema na internet, o país ocupa a sétima posição. Os 6 primeiros colocados são países europeus, tendo o Brasil como o primeiro fora desse eixo por interesse no tópico.

O mês de maio de 2023, inclusive, foi o mês recordista de busca por esse assunto. Quando comparadas as consultas nos últimos cinco anos, o aumento foi de 4 vezes em um recorte feito entre 1 de janeiro e 22 de junho de 2018 e de 2023.

Além desses dados específicos sobre a Síndrome de Burnout, há pesquisas realizadas em território nacional que identificam uma relação cada vez mais crescente entre a vida profissional e o estresse.

Uma delas é a sondagem do Instituto de Psicologia e Controle do Stress (IPCS), que aponta que 34% da população brasileira lida diariamente com um estresse excessivo, sendo que, para 16,58% dos entrevistados, o terceiro principal motivo causador dessa situação rotineira de esgotamento mental é a sobrecarga no trabalho.

Por sua vez, o International Stress Management Association (ISMA) produziu um levantamento internacional sobre o estresse dentro das organizações e estipulou que o nosso país figura em primeiro lugar entre os países do Ocidente quando se trata do assunto.

Tanto é que, também de de acordo com esse levantamento, os casos de Síndrome de Burnout atingem cerca de 32% dos trabalhadores brasileiros (e apenas uma parcela pequena realmente recebe o diagnóstico médico e chega a se afastar ou, mesmo, desligar-se do local onde atua). Logo, se levarmos em conta a projeção atual do IBGE para a população (de 212 milhões de cidadãos), esse percentual representará mais de 67 milhões de pessoas. Trata-se de um número muito alto.

Como esse problema se desenvolve dentro das empresas?

Ao contrário do que alguns podem acreditar, a Síndrome de Burnout não tem preferência por um tipo específico de colaborador, como aqueles que realizam muitos afazeres braçais, tarefas criativas ou, então, atividades tecnológicas.

Na realidade, qualquer indivíduo, independentemente da posição dele na hierarquia da organização, pode enfrentar esse problema em algum momento da carreira. Afinal, há um padrão já identificado nas causas dessa disfunção, que inclui:

  • jornada de trabalho muito longa e cansativa;
  • realização frequente de atividades em situação ou local de risco, que demandam cuidados extras para a própria proteção;
  • acúmulo de funções complicadas para um único cargo — inclusive de áreas que o colaborador não domina;
  • necessidade de fazer horas extras ou levar trabalho para casa para dar conta da quantidade de tarefas e prazos apertados;
  • constante desvalorização por parte da equipe e, em especial, dos supervisores;
  • excesso de cobranças, críticas e julgamentos por parte dos superiores;
  • conflitos (como desentendimentos e agressões) que tumultuam e deixam o clima organizacional pesado;
  • ambiente de trabalho sem os equipamentos, materiais e acessórios necessários para as atividades do profissional, especialmente aquelas feitas de modo repetitivo e em grande volume.

Como as organizações podem ajudar os colaboradores a evitarem esse problema de saúde?

Como você viu no tópico anterior, os excessos de situações, experiências e dificuldades enfrentadas no ambiente de trabalho levam os colaboradores ao limite, tornando-se estímulos estressores responsáveis por gerar um estresse crônico na vida deles.

Por isso, se as organizações querem ajudá-los e criarem um local humanizado, empático e verdadeiramente acolhedor, capaz de proporcionar satisfação profissional, é preciso que elas repensem e reestruturem a relação que têm com os funcionários.

Como? Por meio de ações, como novas normas internas de conduta, adoção de fluxos de trabalho, flexibilização da jornada de atuação, cobrança de metas coerentes com a realidade da organização e delegação rotatória de atividades.

Além disso, também é importante a oferta dos recursos necessários para as tarefas dos colaboradores, a criação de espaços para lazer e descanso dos trabalhadores e o estabelecimento de uma cultura de feedbacks — para que a companhia tenha um retorno do que os funcionários acham do trabalho e conheça os limites pessoais deles.

Como se dá a reintegração de alguém diagnosticado com Síndrome de Burnout?

Após o processo de afastamento do cargo — que pode ser feito de forma interna e amigável entre colaborador e empresa ou por meio de ações na Justiça do Trabalho —, o profissional tem a oportunidade de fazer o tratamento adequado e, uma vez curado, retornar ao emprego. Essa reintegração deve ser acompanhada de perto, tanto pelo RH quanto pela coordenação do setor em que ele trabalha.

Isso é importante para que sejam removidos os elementos estressores identificados no ambiente de trabalho, a jornada laboral seja ajustada dentro dos limites previsto na lei e o volume de tarefas seja remanejado entre a equipe.

Além disso, não só o funcionário com a síndrome, como também os colegas dele devem ter acompanhamento regular de um psicólogo organizacional que vai desenvolver, junto desses colaboradores, atividades que tenham um foco maior para o desenvolvimento de habilidades consideradas importantes, inteligência emocional, saúde mental e qualidade de vida. Afinal, é importante lembrar: qualquer pessoa pode desenvolver esse problema. Portanto, é crucial atuar na prevenção dele.

Como é o tratamento da Síndrome de Burnout?

Depois de tudo o que já falamos sobre a Síndrome de Burnout, você deve estar se questionando sobre um ponto muito importante: qual é o tratamento para esse problema? Por isso, saiba que existem duas possibilidades, cada uma indicada para um caso diferente.

A primeira é quando a pessoa tem essa síndrome, mas ela não evolui a ponto de desencadear transtornos mentais adjacentes. Nesse caso, o tratamento é realizado com um psicólogo com quem ela terá sessões contínuas de terapia.

Ao longo desses encontros, o profissional vai conduzi-la por um processo de reavaliação das escolhas feitas na carreira e como elas impactam no bem-estar mental e na qualidade de vida. Além disso, vai ajudá-la a trabalhar o controle emocional, a lidar com o estresse no ambiente laboral e, em especial, a mudar atitudes e comportamentos que não só facilitam a progressão de disfunções iguais a essa, como também contribuem diretamente para o agravamento dos sintomas delas.

A segunda alternativa, por sua vez, é quando o indivíduo está com a Síndrome de Burnout e ela chegou a um ponto bastante crítico, levando ele a desenvolver um ou mais transtornos mentais que podem precisar de medicamentos para conter e reduzir os sintomas físicos. É o caso, por exemplo, da depressão, da distimia, do transtorno da ansiedade generalizada, da tricotilomania, do transtorno de estresse agudo etc.

Por conta disso, além das sessões semanais com o psicólogo — que seguem sendo indispensáveis —, a pessoa deverá fazer um acompanhamento psiquiátrico mensal como complemento ao tratamento. Assim, o médico vai avaliar a resposta do indivíduo aos remédios e estipular o período que ele deve seguir tomando cada um.

Como mostrado, a Síndrome de Burnout é um problema sério e que merece um esforço conjunto por parte das empresas, não só para combatê-lo, mas também para preveni-lo. Afinal, muito mais do que visar a resultados positivos para os negócios, essa é uma ação em prol do capital humano que constrói e dá voz às organizações. Portanto, cuidar dos seus colaboradores também é um investimento a longo prazo no seu empreendimento.

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